• Capítulo 4 •

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Acordo sentindo cheiro de comida. Minha cabeça dói um pouco, mas ergo o tronco com cuidado para olhar ao redor. Estou no meu quarto. Com a mesma roupa que usava quando desmaiei, e coberta. A porta do meu quarto está aberta e consigo ouvir alguém usando a cozinha. Um som de alguém refogando comida. Penso em alguém.

Me levanto da cama devagar. Um pé pra fora da cama, depois o outro. Vejo aquela mesma foto em cima da mesa de cabeceira. Olhar pra ela não me deixou tonta agora. Mas ainda me deixa confusa. Pego a foto e coloco no bolso da calça. E então volto a me concentrar em levantar. Apoio meu peso sobre as pernas com calma. Ainda estou com dor de cabeça. Começo a andar pra fora do quarto. Passo pelo banheiro e pelo escritório e então chego na cozinha. Assim que olha para a esquerda, o avisto.

Jimin. Refogando arroz. Ele me vê e sorri. Olha pro arroz e novamente pra mim como se decidisse para o que ele deveria dar prioridade. Aceno com a mão pra deixar pra lá, e vou andando na direção da mesa onde como.

- Eleanor...

- Não se preocupe comigo. Só não queime o arroz. Vou me sentar. - Chegando na mesa puxo uma cadeira e me sento. Fico assistindo Jimin cozinhar de costas pra mim e pego a foto no meu bolso. Volto a olhar pra ela.

Na foto estamos eu e Jimin. Não sei quem a tirou, mas não fomos nenhum de nós. Estamos os dois em uma rede, ele deitado de barriga pra cima e eu sobre o peito dele. Parecemos ambos muito felizes e na cena estamos quase trocando um beijo. O que me faz sentir estranha. Não exatamente de forma ruim, mas talvez apenas um pouco sem graça. Não o conheço, mas olhar pra essa foto antes de desmaiar fome trouxe uma sensação de choque de realidade, como se eu devesse conhecê-lo, como se ele fosse parte da minha vida. Como se essa foto fosse mais real do que a minha vida normal.

Mais do que nunca eu queria saber quem ele era. E o que ele era. Porque um humano comum ele definitivamente não era. Dos poderes, aos cabelos roxos e roupas estranhas, tudo nele era anormal. Eu precisava saber mais sobre ele.

Independente de tudo, naquela foto definitivamente éramos eu e ele.

Viro o papel para olhar a parte de trás. Havia algo escrito. Uma frase com uma bela caligrafia: "Não escolheria esquecer de você nem que meus poderes dependessem disso". Meu coração acelera ligeiramente ao ler a frase.

- Por que eu sinto que já li isso antes? Será que foi em algum livro? - Sussurro pra mim mesma.

Deixo a foto na mesa e lembro que minha tia Emma não chegou até agora e nem sequer sei que horas são. Olho para o relógio da cozinha. São 14:45. Ela está atrasada. E pelo roncar do meu estômago, eu estou com fome porque já deveria ter almoçado. Claro, estava muito ocupada preocupada sobre a presença de um certo alguém.

Olho pra frente, na direção dele. Jimin agora tinha deixado o arroz no fogo e estava fazendo frutas surgirem do além. Da mesma forma que fez com a foto, mais cedo. Devo estar ficando maluca ou ainda estou zonza como antes. Como essas coisas anormais não estão me fazendo surtar? Olho de relance para o fogão e percebo que a panela que ele estava usando também não parecia com nada que eu tinha. Provavelmente tudo o que ele estava usando, ele mesmo trouxe. O que até que me deixa satisfeita. Não me mexeu nas minhas coisas e não está usando nada meu.

Sorrio para logo depois tirar esse sorriso do rosto. Ainda é um desconhecido, Eleanor. É mais do que normal ele não estar usando e mexendo nas suas coisas. Apesar de que em situações normais ele não teria muita escolha. Não é todo dia que esbarramos com um...gênio da lâmpada, eu acho? Se é que é que é isso que o que ele é. Não deve haver mais o que ser nesse caso.

- Então... - Ergo o tom da minha voz para chamar sua atenção. Ele logo olha pra mim enquanto espreme limões em um espremedor que também não é meu. - ...o que você é exatamente? Porque nada do que você está fazendo pode ser considerado algo...humano.

Ele ri abafado e olha pra baixo. Alguns segundos de silêncio se passam.

- Nenhuma ideia? - Ele lança de volta e me encara novamente com um sorriso divertido no rosto. E eu ergo uma sobrancelha.

- Bem, no mundo real chamaríamos você de gênio da lâmpada. De acordo com Aladdin. Mas quando acontece de verdade, parece loucura usar uma informação fictícia pra julgar. - Respondo.

- Bom, você acertou. Eu sou um gênio. E moro dentro de uma lâmpada. - Ele finalmente responde.

- Queria dizer que você é maluco e te expulsar da minha casa, mas acho que já recebi provas suficientes de que não tem como você ser outra coisa. - Continuo.

- E se ainda houver qualquer dúvida, é só fazer um desejo. - Jimin diz isso ao terminar a limonada e se vira para checar o arroz.

- Vai mesmo que conceder desejos? - Pergunto.

- Todos os detalhes da sua Disney estão corretos. Desde os três desejos, até as regras. - Jimin responde, desligando o fogo.

- Então nada de matar ninguém, nada de reviver os mortos... - Digo.

- E nada de fazer pessoas se apaixonarem. São as três leis que eu devo seguir. E sempre tenha em mente que nenhum desejo pode ser desfeito. - Ele termina.

- Não que eu vá desperdiçar um desejo pedindo isso. - Brinco com a toalha de mesa enquanto falo. Vejo ele se colocando a comida no prato. O arroz e outras coisas dentro de outras panelas mais atrás. Logo ele trás o prato e um copo de limonada pra mim. - Obrigada...Jimin.

- Sempre foi e sempre será um prazer. - Ele diz, se curvando brevemente. - E não se preocupe. Os cuidados com você não contaram como desejos, certo? Você deve dizer "Eu desejo..." antes. Caso contrário, sou apenas eu utilizando minha própria magia. - Jimin diz e em seguida puxa uma cadeira para se sentar ao meu lado.

- Muito gentil da sua parte não usar meus desejos. E..."Sempre foi e sempre será um prazer"? - Menciono o que ele acabara de dizer. - É alguma frase padrão que usa com todos a quem deve desejos ou...tem algo a ver especificamente comigo? Não posso deixar de considerar depois de agir como se me conhecesse tão b...

Quando estava prestes a terminar a minha frase, ouço uma voz no corredor e a porta do apartamento destrancando. Olho para a porta e depois para Jimin. Ele se assusta com o som mas quando ambos ouvidos a voz feminina, relaxamos.

Tia Emma chegou. E com ela, uma história da família a ser contada.

...

Gente que que aconteceu comigo? To surpresa por ter postado dois no mesmo dia.

Então, talvez esse seja o último de hoje. Não vou prometer que vou postar amanhã porque vai acabar zicando. Mas enfim, voltarei pra atualizar. Obrigada por lerem! Amo vocês!!

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