Câmera Seis, A Ninfomaníaca

18 2 0
                                    


Câmera Seis, Conectada.

Sinto a leve brisa tocar meu rosto. Meu coração palpita levemente ao ouvir a música que toca, mesmo que baixo pelo rádio do carro. Minha mãe batuca no volante do carro de acordo com a batida da música. Me sinto bem com a letra, me sinto poderosa.

-- Como foi? -- Ela pergunta sorridente. Arruma os óculos  redondos com lentes alaranjadas e ajeita o boné vermelho em sua cabeça -- Sei que não é certo fazer esse tipo de pergunta mas você é minha filha e não me adaptei a idéia de te deixar sozinha com um estranho vestindo jaleco -- Ela toca carinhosamente meu queixo.

-- Foi normal -- Minto -- Ele não fez perguntas muito estranhas...

-- Certeza que não tem nada pra me dizer? -- Ela exibe um biquinho e seus olhos me encaram desconfiados durante o fechamento do farol.

-- Claro que não, mãe! -- repreendo -- O que a gente combinou? -- Pergunto me ajeitando para ver seu corpo melhor.

-- Confiança gera confiança -- diz cabisbaixo.

-- Isso! -- olho novamente pra frente -- Se digo que não rolou nada, não rolou nada. -- digo com convicção.

-- Ok, não precisa ficar brava -- Ela sorri tímida -- Hm... Tava com vontade de comer aquele MCflurry de prestígio com calda de morango, o que você acha? 

-- Acho ótimo, também estava querendo um de ovomaltine! -- avisto a lanchonete do MCdonald's um pouco longe do próximo farol.

-- Então, combinado! -- Ela estende a mão esperando um high five -- Toca aí irmão, vai me deixar no vácuo? -- reviro os olhos mas retribuo.

O carro estaciona com rapidez. Minha mãe quase bate num poste vermelho que ilumina o estacionamento da lanchonete de tamanho mediano. Minha mãe e eu saímos conversando sobre coisas aleatórias

-- É agora eu lembrei porque ela estava vendendo tão barato -- Ela diz indignada já entrando na lanchonete indo até uma das mesas -- Não era tão bom assim.

-- Doce pelo o menos? -- Pergunto e ela assente -- Um ponto positivo.

-- Brigadeiro ruim, nunca pensei que pudesse conhecer alguém que faz um brigadeiro ficar com gosto ruim. --continua indignada -- Chocolate, cara! 

-- Estragou chocolate, ela não é digna -- entro na brincadeira.

-- Ai, ai -- diz descontraída equanto folheá um cardápio -- Já sabe o que vai querer?

-- Batatinhas e um feliz -- digo mechendo com uns saches de ketchup.

-- Você deve ser a única na sua idade que ainda come MClanche feliz -- Ela sorri indo até o balcão, passa alguns minutos lá e volta sorrindo de um jeito malicioso -- Disfarça, tem um loirinho todo tatuado maravilhoso olhando pra você toda hora -- Ela cochicha fingindo olhar para a porta da cozinha.

-- Mãe -- ela assovia. Decido procurar pelo garotinho de cabelos loiros que minha mãe havia falado.

Quando o vejo, nossos olhares se cruzam e ele sorri após abaixar a cabeça. Há outros dois garotos ao seu redor, não igualmente tatuados mas exibem a mesma marca de roupas.

Riquinhos.

-- Eles são da escola norte -- digo derrubando de propósito um pouco de sal na mão e lambendo o local.

-- Do seu primo? -- Assinto -- Ah, que pena. 

Nem tanto.

-- Pedido quatro? -- a atendente vestida a caráter aparece de trás do balcão com uma bandeja com lanches.

Mikrokosmos || CamDesconectOnde histórias criam vida. Descubra agora