capítulo 17

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Na calada - amores proibidos

autora: Sabarana Branquinha

Capítulo 17

Cheguei em BH e fui recebido por dois grandes amigos, Rubão e Josiel. Eles foram os únicos que fecharam dez a dez comigo quando meus pais foram assassinados. Já me peguei refletindo diversas vezes em como seria o desfecho de tudo se eu não contasse com a ajuda dos dois.

- Satisfação, irmão! Ainda bem que você veio, tu faz uma falta aqui pra nós, parceiro velho – comentou Rubão efusivamente quando nos abraçamos.

- Tem uma cota que não cola aqui, meu – Josiel pergunta ao me cumprimentar – veio para ficar de vez?

- Estou só de passagem. Mas e aí como está todo mundo?

- Tudo pela ordem, irmão. Só rolou uma fita aí que me deixou meio bolado, mas está tudo pela ordem agora. Ficou sabendo do Luizão? – perguntou Josiel.

- Fiquei sim, o cara rodou de vacilo. Falei pra ele mil vezes o quanto era perigoso trair a mulher – zombei não controlando a risada ao lembrar que o Luizao foi denunciado pela esposa traída.

- Moscou mesmo, ó – emendou Rubão – Falar em esposa, a gente tá ligado que você casou e nem convidou a gente.

- Eu não me casei, mano. Estou com uma mina muita bacana, até moramos juntos alguns dias, mas rolou umas fitas aí pesadas por causa do ex marido dela – expliquei a pergunta me acomodando no banco traseiro do carro.

- Como assim, mano? – Josiel perguntou curioso – é por isso que pediu uma segurança lá no DF?

- Foi justamente por isso, parceiro. O cara não aceitou o fim da relação e a espancou quase até a morte – tive que omitir o que realmente havia acontecido, pois, o envolvimento amoroso com Gabriela sendo casada poderia passar como errado dentro da facção – fiquei várias semanas com ela no hospital.

- E o que aconteceu com o cara? – Rubão pergunta.

- O cara sumiu, bota fé? Nem no trabalho não apareceu mais. Coloquei vigia nos pontos que ele sempre frequentou e nada do cara. Parece que cavou um buraco e se escondeu.

- Que fita, mano! Tem que ficar ligeiro com esse bicho, ainda mais que ele deve está pensando que tu pisou macio com ele – observou e me olhou pelo retrovisor – Você tentou falar com ele, e explicar que não tem nada a ver, Alex?

- Não deu, Josiel. É uma longa história. O foda é que ela está assustada com tudo que passou e quer um tempo para si mesma.

- Ih, parça! – exclamou Rubão maliciosamente – quando a minha pede tempo ela quer é sair de rolê com outro.

- Que ideia torta, Rubão! A Gabriela é uma mulher séria, e sofreu muito nos últimos meses, ela tem esse direito de pensar na vida dela.

- Real, mano – reforçou Josiel – o Rubão é acostumado a enganar todo mundo que ele pega e acha que os relacionamentos são iguais ao dele.

- Saí dessa, Josiel. Não conheci uma que valesse a pena seguir pelo certo na caminhada, as mina de hoje só quer curtir, tomar uma balas e luxar com nós, poh. – justificou.

- Ah, não vamos começar essa DR agora – brinquei – o que importa e quando o amor aparece, precisamos enxerga-lo.

Eles caíram na risada com a frase de efeito que soltei. Não adiantava explicar o óbvio e sem falar que cada um vive a vida da forma que quer. E eu só queria estar nos braços da Gabriela, o toque das mãos pequenas e macias brincavam nas minhas lembranças. Os dias que passei ao seu lado foram decisivos e nada me faria mais feliz que passar o resto da minha vida ao lado daquela mulher maravilhosa.

Me instalei na casa do Rubão e passei os dias seguintes resolvendo os assuntos pendentes que deixei para resolver depois que a Gabi tivesse alta. Visitei alguns galpões que escondia a mercadoria e combinei com o Josiel de mudar algumas rotas que possivelmente estavam visadas pela polícia. Decidimos por mudar algumas estratégias e isso ocupou bastante a minha cabeça.

Não liguei para a Gabi, preferir que ela me ligasse quando se sentisse a vontade para isso. A saudade aumentava a cada dia mais, mas em compensação o trabalho estava me ajudando a aliviar. Já era quase oito da noite de um sexta-feria quando terminei de checar o local de um novo galpão e resolvi fechar o dia de trabalho por ali mesmo.

Rubão organizou um baile em um ginásio próximo ao centro da cidade, e estava me lembrando incessantemente todos os dias que queria a minha presença. Cheguei em casa e fui direto tomar um banho e me arrumar e as dez em ponto estacionei próximo a entrada do evento, estava lotado de gente por todo o lugar e uma fila enorme esperava para entrar. Ao me aproximar escutei o som batendo alto e potente, entrei pela entrada dos funcionários com a credencial que Rubão me entregou dias antes. Lá dentro, pessoas dançavam ao som de Dj, havia um bar enorme no lado esquerdo do salão, por onde entrei e do outro lado pistas de danças e algumas mesas que já estavam lotadas ocupavam o espaço bem dividido e planejado no salão.

Caminhei a procura de um dos parças e não conseguir encontrar ninguém. Desistir e fui até o bar beber algo, logo me acomodei em um banquinho e bebi várias doses. A abertura do show estava começando, foi quando vi o Rubão no palco dando boas vindas a galera. Me levantei para ir até lá e esbarrei em uma mulher que passava distraída pelo bar.

- Porra! Você sujou o meu vestido, cara! Por que não olha por onde anda – parou de falar abruptamente ao se virar – Alex, que surpresa!

- Bianca?? – perguntei também surpreso – Foi mal. Me desculpa mesmo por sujar o seu vestido.

Bianca era uma amiga que conheci na época que morei na cidade. Sempre foi muito divertida e festeira, perdemos o contato assim que ela mudou de cidade.

- Ah, não se preocupe com isso. O que faz aqui em BH? Tem muito tempo que não te vejo.

- Estou aqui a negócios. Pois é, também não te vejo há muito tempo.

- Passei um tempo no Rio e voltei para BH mês passado – explicou – E você continua lindo de viver, hein?!

- Obrigado, Bia! Você também está muito bem, com todo o respeito é claro.

- Bobinho! – brincou com o elogio – Veio sozinho?

- Estou com uns amigos, mas ainda não conseguir encontrar com nenhum.

- Agora está comigo! Vim com uma amiga, mas ela foi embora logo, não estava sentindo-se bem.

- Que pena! Desse jeito sou obrigado a te fazer companhia. Estava indo até o palco falar com o Rubão quando nos trombamos. Vamos?

- Já é – respondeu Bianca animadíssima.

Na Calada - Amores ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora