capítulo 19

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Capítulo 19

- Gabriela, já  tem quase um mês  que o Alex viajou e vocês ainda não  se falaram? - Ana estava perplexa
- Praticamente um mês.
- Amiga, você precisa tomar uma atitude a respeito disso. Liga para ele agora.
- Não  vou fazer isso, Ana. Enlouqueceu?
- Sempre fui louca! - reafirmou o que eu já  sabia - se você  não ligar, ligo eu.
- Você  não está  ficando doida!
- Ah, é?? - Ana foi até o andar superior e voltou com o celular em mãos - vai ligar ou não?
- Aff! - reclamei - fica fora disso, por favor.
- Nem pensar, queridona! Se você  não  ligar, eu mesma irei fazer isso. E nem adianta ficar aí de cara feia. Um dia, vai me agradecer por isso.

Com a Ana não  tinha como evitar o confronto. Ela estava realmente disposta à ligar para o Alex, com ou sem a minha permissão. Já  sem alternativa, peguei meu celular e liguei. Agradeci aos Deuses por ele não  ter atendido. A saudade apertava a cada dia, porém, o medo de me arriscar novamente me deixava sem ação  alguma.

Não  demorou  muito para que ele retornasse a ligação.

- Oi, minha princesa - Alex  tinha a voz ainda mais linda e doce pelo telefone - Que saudades de você.
- Oi, meu amor. Também  estou com muita saudades. Me desculpe por não  ter ligado antes.
- Não  tem problema. Quero que fique à vontade para pensar, te dou o tempo  que for preciso.
- Obrigada por ser tão  legal  comigo - agradeci  com uma pontada de arrependimento por ter pedido um tempo.
- Estou cheio de trabalho  aqui, por isso não  voltei.
- Tudo bem. Você  sabe que dia estará de volta?
- Não  sei ao certo. Um dos funcionários foi deslocado para outro setor e deixou muita coisa pendente por aqui.
- Ah! - no fundo eu estava triste por não  vê -lo nas últimas semanas - saudades de você.
- Eu também, princesa. Por que não  vem passar umas duas semanas comigo? - convidou
- Não  sei, Alex. Acho que não  serei  uma boa companhia.
- Não fala assim, Gabi. Você  passou por momentos difíceis. Se não  fosse pela sua escolha, jamais teria saído de perto. Sinto muito a sua  falta, muito mesmo. Pensa com carinho  na proposta.
- Tudo bem!

Conversamos por quase meia hora. Quando desliguei um choro incontrolável tomou conta de mim. Eu não  poderia deixar que o passado impedisse o meu futuro. A Ana estava certa. Era preciso chutar o balde se eu realmente quisesse mudar e recomeçar novamente.

- Gabi, não  fica assim - Ana pedia - esse cara te ama. Sei do que falo. Vi de perto todo o amor que ele tem por você quando estava internada.
- Eu sei, amiga. Mas parece que uma coisa me trava toda, sabe. Eu o amo muito. Mas, tenho tanto medo de repetir os mesmos erros.
- Para, ne! Na época que casou com o Carlos,   sabia bem que ele te impedia de tudo. Ele sempre mostrou o que  era.
- Sei disso. Fui muito tola em acreditar na mudança que nunca veio.
- Por isso que sempre falei: você não  é terapeuta para tratar dos problemas psicológicos dos outros. Aquele covarde sempre foi abusivo e inseguro. Agora, para de chorar e vamos arrumar nossas malas.
- Como assim??
- Vamos viajar para Belo Horizonte e não aceito um não como resposta. Preciso espairecer e sair um pouco de Brasília.
- Você  não tem jeito mesmo, Ana.

A Ana sabia bem como me convencer, ainda mais depois que falei com o Alex. A ligação me deixou balançada em relação ao tempo que pedi.
No dia seguinte estávamos pousando no aeroporto de Belo Horizonte. Resolvemos não comentar nada com o Alex, a nossa chegada seria surpresa. Os seguranças queriam ir conosco, mas preferir levar somente um para a viagem. Em Belo Horizonte o Carlos não poderia me achar de forma alguma, e assim ficou resolvido que somente um viajaria. Mas, eles eram fieis ao  Alex, pois, assim que saímos pelo portão de embarque, o Alex estava me aguardando.
Quando o vi, o mundo parecia parar de girar ali mesmo. Tudo ao redor ficou lento, é a única coisa que ouvir foram as batidas do meu coração.

- Que saudades de você, Gabriela - Alex declarou assim que me abraçou.
- Também senti a sua falta.
- Ana, como você  está, minha querida?
- Melhor impossível depois de uma separação.
- Você  separou?
- É uma longa história.
- Realmente. Estou faminta, poderíamos almoçar aqui no aeroporto? - sugeri
- Vamos andando. Estou ficando na casa de um amigo aqui perto mesmo. Tem um restaurante maravilhoso pelas redondezas.

Seguimos em direção à saída do aeroporto. Alex não  desgrudava de mim, e toda vez que eu olhava pra ele, via o amor em seus olhos. Chegamos no restaurante em poucos minutos. Enquanto esperávamos, apreciei aquele homem maravilhoso que parecia sorrir para mim com os olhos. Ele estava lindo demais, usava uma camiseta preta que deixava as tatuagens dos braços amostra e ressaltava ainda mais o dorso bem definido por baixo do tecido. Ele havia emagrecido um pouco, mas nada que tirasse a forma dos músculos firmes e bem delineados.
Depois que almoçamos seguimos para casa que Alex estava hospeda. O local era lindo, o interior da casa fazia jus à fachada, toda decorada com quadros e artes e móveis de excelente bom gosto. Logo após a nossa chegada, Alex recebeu uma ligação e precisou sair para resolver algumas coisas.

Ana e eu passamos o restante do dia descansando e ao anoitecer Alex voltou com o amigo, dono da casa.

- Meninas, quero apresentar para vocês um grande amigo, Rubao. Esse cara aqui é como um irmão para mim - apontou.
- Satisfação mil grau em conhecê -las. Ainda bem que está aqui, Gabriela. O Alex estava sofrendo mais que cachorro abandonado - brincou
- Não vem com essa, Rubao! - Alex interrompeu
- A Gabriela estava do mesmo jeito - Ana resolveu apoiar a zoeira - Mas, agora tudo será só alegrias e estou na fila para ser a madrinha.
- Lá  vem - aquele papo estava me deixando constrangida.
- o que acham de darmos um pião na quebrada? - Rubao sugeriu - hoje é  quinta feira, e  o final de semana está  apenas começando. Com vocês aqui, pelo menos vou ter a companhia do meu truta, que só quer saber de trabalho.
- Demorou! Meu nome é estou pronta para curtir - Ana pulava de alegria com a ideia de diversão nos próximos  dias.

Eu queria me mesmo era ficar agarradinha com o Alex e matar toda a saudade que estava sentindo, e pela forma como Alex me olhava, a recíproca era nítida. Mas, resolvemos aceitar o convite do Rubao e fomos para uma boate apinhada de gente sedenta por diversão.
Alex estava lindo, vestindo uma calça jeans e uma camiseta branca por baixo de um blazer bem despojado. Usei o meu melhor vestido, vermelho sem alças, com sandálias nude de salto agulha. Durante todo o tempo ele não  parava de me olhar, aquilo me fazia ter forças para superar a tempestade que passei nos últimos  meses.
Dentro da boate o clima era de comemoração, Rubao nos levou até a área vip do local, que era pra lá de luxuosa e confortável. Eu me sentia feliz e protegida ao lado do Alex como nunca me sentir.
Não demorou muito para que Alex me chamasse para dançar. Tudo estava incrível. O calor reconfortante daqueles braços me fazia crer que o meu lugar era ali.
Eu não  queria ficar longe dele nunca mais.

- Me perdoa? - pedi assim que paramos de dançar
- Pelo o quê, princesa?
- Por ter sido tão idiota em te pedir um tempo - expliquei
- Não precisa pedir perdão, amor. Entendo que as coisas não são tão fáceis de serem esquecidas.
- Você  é incrível.
- Você  que é, princesa maravilhosa.
- Alex, você por aqui? - uma voz feminina me fez virar em direção a uma mulher loira vestida com um conjunto de blusa e saia super colado.
- Olá, Bianca! Tudo jóia? - Alex cumprimentou a mulher - Gabi, essa é  a Bianca. Uma amiga aqui de Belo Horizonte.
- Tudo bem, Bianca? - perguntei a contragosto, pois, eu não estava gostando nem um pouco da forma como ela me olhada, dos pés a cabeça e com um olhar cítrico.
- Prazer, moça! Então você que é  a tal Gabriela.

Nesse momento algo tocou dentro de mim, aquela mulher deveria ser mais que uma amiga do Alex.

-  A própria.. bem, preciso ir. - falei ao me virar e partir em direção ao ambiente que Ana e Rubao  estavam.

Na Calada - Amores ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora