Eles Não Nos Conhecem Mesmo

Sala De Espera

"Qual é a saída? Eu acho que já não sei amar.

E, se o amor me convida, agora não consigo aceitar.

Parece que é rotina.

A minha solidão teima em voltar.

Se me dás a tua mão, eu não sei como vou reagir.

Se falas de coração, parece que estou outra vez a ouvir mais uma ilusão que não tarda muito em partir. 

Eu não era assim, mas agora tenho medo de sentir.

Pergunta ao tempo, ele sabe tudo sobre mim.

O que ele guarda, diz tudo o que eu sinto por ti."

Elisa - Medo De Sentir (és o meu orgulho, caralho! Parabéns!)

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Estavam na ambulância a caminho do hospital e Yeri jurou nunca ter passado por uma viagem de ambulância tão longa e agonizante.

Mark estava deitado numa maca à sua frente. Tinha uma máscara à sua frente e encontrava-se em tronco nu, pois a sua camisola de alças preta fora rasgada para os primeiros socorros, caso ele tivesse algum hematoma grave que fosse necessário tratar na hora.

E de facto tinha. O seu ombro estava ligado. Quando foi contra os lavatórios, fez um golpe bem feio que Sehun acabou por abrir com um pontapé furioso. Yeri olhou da ligadura para o peito dele. Estava fraco, mas ainda mexia. Mark estava a levar oxigénio através de uma máscara. A respiração dele estava fraca. Yeri não era especialista na área, mas diria que Mark estava a ter um ataque de asma.

A jovem coreana ficou extremamente chateada com o canadiano quando descobriu que ele fumava mesmo sendo asmático, mas ele contou-lhe que apenas desenvolvera asma após começar a fumar e que, quando isso tinha acontecido, ele tentou largar o tabaco, mas já estava demasiado agarrado à droga.

Yeri olhava para Mark chorosa. Vê-lo fraco a este ponto rompia-lhe o coração e ela não pôde deixar de se sentir culpada pois ele veio em seu socorro. Era uma pergunta que assombrava Yeri: como é que ele a havia encontrado ali?

"Bem, o como não era tão questionável assim..." pensava a jovem de cabelos castanho claros. Certamente que ele falou com a prima, já que Wendy era a única que sabia onde Yeri estava. A verdadeira questão era "porquê?" se Yeri jurava que Mark Lee nunca mais a quereria ver à frente na sua vida.

E as palavras dele matutavam na sua mente. "Eu estou aqui e vou estar sempre." Yeri não conseguia acreditar que, mesmo depois de tudo, mesmo depois daquela discussão e de todas as palavras horríveis e afiadas que ambos trocaram, Mark ainda sentia algo tão puro, genuíno, colossal até por ela.

Yeri tinha medo. Medo de não conseguir dar em troca nem um terço do que Mark lhe dava a ela.

Naquele momento, tudo o que Yeri lhe podia dar era a mão e fora o que fizera desde que entraram na ambulância. Mark ainda deu indícios de querer acordar, mas parecia que o seu sono se tornava cada vez mais profundo. Ele revirava os olhos por dentro das pálpebras e entreabriu-os um pouco os olhos, vendo a morena ao seu lado.

- Y-Yeri... - a voz dele soa arrastada, quase inaudível por causa da máscara. Yeri faz-lhe um leve carinho nas costas da mão com o polegar e diz apenas:

- Shh, descansa, Markie! Vai correr tudo bem. Eu juro que não vou a lado nenhum. – e, ao dizer isto, Mark sorri e volta a adormecer.

Pelo menos é o que Yeri prefere pensar... que ele só adormeceu...