Eles Não Nos Conhecem Mesmo

Bus To Busan

"Eu tenho medo de tudo o que eu sou.
A minha mente é como uma terra além fronteiras.
O silêncio é a banda sonora da minha cabeça.
Por favor, leva-me! Leva-me para casa."

- Duncan Laurence - Arcade

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- Eu juro-vos! Ele dá comigo em doida! – Yeri surta numa conversa causal que está a ter com as amigas numa mesa junto à janela mais ampla do Sweet Street. A vista que tinham dali era ridícula de tão linda que era, mas nem uma serra atrás dum largo lago no centro de um parque verde, cheio de castanheiros em tons alaranjados nas folhas caducas era capaz de acalmar a jovem à beira de ter um ataque de raiva acumulada. – Vocês não têm a mínima noção daquilo que ele me faz passar.

- Tu estás a exagerar ...

- O teu namorado é que exagerou, e foi no álcool para acabar a tornar-se amigo daquele traste. – enlouquecendo, a jovem de cabelos castanho claros dispara para cima da sua melhor amiga, enxovalhando o seu namorado e as escolhas estapafúrdias que este faz nas amizades.

- Oh, vá lá, Yeri! Ele não pode ser assim tão mau. Não pode ser só defeitos. – Seulgi tenta ver o lado positivo da história, como sempre, e segura na mão da amiga, tentando transmitir-lhe alguma da sua calma. Seulgi ia no seu terceiro chá e já sentia o gengibre a bater.

- É claro que ele tem qualidades, e são qualidades bastante boas. Mas tu não tens noção do que ele me faz passar. – Yeri reclama e reclama e, a partir de uma certa hora, Wendy só finge que a ouve enquanto troca mensagens com o namorado. – Eu cada vez acho mais que ele não tem respeito nenhum por mim e que só me quer levar para a cama. E pior: ele não sabe ouvir um não!

- Vá, calma! Toma, bebe um bocadinho do chá de gengibre, vai fazer-te bem! – na sua maior paz de espírito, uma Seulgi muito zen oferece chá de gengibre à amiga, no intuito que o efeito também surta nela, ao que a Kim apenas responde:

- Dá o chá ao teu cão! Eu não quero isso para nada.

- Mas olha que eu acho que devias aceitar, Yeri, antes que essa veia latejante te salte da testa para fora. – Joy comenta, arrancando risadas da Seulgi e da Wendy. Yeri apenas revira os olhos e leva a palhinha à boca, sorvendo Moccachino do quarto copo que ela bebe.

Entretanto, um breve som preenche a atmosfera. A voz do Xiumin do EXO, pronunciando apenas a palavra Marshmallow, ecoa e isso significa uma coisa: Yeri recebeu uma mensagem. Ela pega no telemóvel e, ao ver do que se trata, larga-o sem cuidado nenhum em cima da mesa e dá inicio a um novo protesto:

- Raios ta partam, só me saem é duques e cartas furadas! Só me faltava esta encavadela para acabar bem o meu dia.

- Quem? – Joy, confusa e perdida, pergunta na maior inocência. Ela até pode imaginar de quem se trata, mas recusa-se a acreditar que Yeri se tenha referido a ele assim, mesmo que ela sinta o completo oposto.

Se bem que, com o stress todo que tem em cima e com a cafeína que já circula no seu sangue, Yeri já nem tem bem consciência do que diz ou faz.

- O primo desta esgrouviada aqui. – a Kim aponta com o polegar para a rapariga de cabelo castanho escuro que não desvia o olhar da tela do seu telemóvel por um segundo que seja.

- Oh, Yeri, até parece que o rapaz te fez algum mal. – Joy começa um sermão à sua amiga, que logo tira a boca da palhinha com um murmúrio e começa a deixar bilhetes aleatórios no seu muro das lamentações pessoal: a Joy.

- Por favor, desde que eu lhe dei com os pés que ele não me larga as saias, parece que tenho mel ou xarope de ácer ou sei lá. – bufando, ela reclama para quem queria ouvir e quem não queira, até porque no momento ela já nem se importa em quem a está a ouvir. Ela só quer ser ouvida. - Ele sufoca-me. Antes fazia-me sentir na Lua, agora é ainda mais intenso. Realmente eu já nem consigo respirar quando ele está por perto.