TODAS AS LUZES

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KATARINA CORRE PARA AJUDAR o corpo caído de Mariana, mas no completo escuro uma tarefa simples que é: levantar um corpo do chão, se torna a coisa mais complicada do mundo. Se esquivar dos móveis e tentar acalmar uma pessoa sem nem ao menos conseguir enxergar o seu rosto é uma tarefa bem desafiadora, que ela consegue cumprir com êxito.

Voltam para o corredor. Todas as lâmpadas também estão apagadas. Impossibilitadas de enxergar a direção correta elas andam com cautela, usando a parede como guia. O grande salão onde acordaram também não tem luz, ou seja, o lugar todo está em um blecaute. Elas se ajoelham e descem os degraus engatinhando, dessa forma é menos provável que caiam e quebrem alguma parte do corpo.

Davi e José encontram elas, junto à Nícolas. Eles carregam quatro lanternas que encontraram perdidas dentro de uma gaveta qualquer na cozinha e a luz que sai de uma delas é o único ponto luminoso de toda a mansão.

–Acharam alguma coisa?  – Mariana pergunta, cobrindo os olhos da intensa luminosidade que está completamente voltada para o seu rosto.

–Uma cozinha!  – após José responder ele observa a reação das outras pessoas ao redor dele.

–Mas só temos águas, barrinhas de cereal e bananas...  – Davi acrescenta. –E vocês?  – ele não quer que sua sentença gere comentários.

–Não achamos nenhuma saída. No primeiro andar basicamente só tem quartos e banheiros.  – Katarina diz.

–E você?  – Mariana se direciona a Nícolas.

–Tem uma piscina lá trás.  – ele fala apontando para o corredor atrás de si. –Estava eu e... –  ele começa a procurar Thaís pelo salão completamente escuro. Rouba uma lanterna das mãos de Davi e liga ela direcionando-a para vários lugares ao mesmo tempo. -Thaís não está aqui!

–Onde você à viu pela última vez? – José pergunta.

–Ela estava comigo lá trás, antes da gritaria começar. – responde.

–Então vamos atrás dela! – Mariana termina. 

Eles esperam uma dose de coragem invadir seus corpos e vão em direção ao corredor, mas antes deles sequer chegarem perto da entrada os feixes de luz das lanternas revelam o pequeno semblante dela andando na direção deles. Eles esperam paciente enquanto Thaís caminha sem pressa. Ela não deve mais estar chorando, eles conseguiriam ouvir, isso é uma coisa ótima.

Os arranhões são perceptíveis apenas quando ela se aproxima. Estão por todos os lugares do corpo, deve ter sido um surto. Um grande surto.

–Está tudo bem. – Thaís mal consegue falar. Seu rosto está vermelho de tanto chorar, mas não tem lágrimas molhando-o, outra coisa está... sangue.

Não é em grande quantidade, mas é perceptível já que tem arranhões por toda parte. Braços, pescoço, rosto, seu short curto deixa perceptível as marcas e o líquido nas pernas também.

–Eu vou cuidar disso. Não se preocupem! O que temos que fazer agora? – ela fala se virando para a tela no centro da parede, logo depois a frase desaparece.

Um silêncio constrangedor pesa no ar por alguns segundos. Devemos falar sobre o que aconteceu com ela, ou respeitá-la e mudar de assunto? Ninguém arrisca falar, só Mariana:

–Vamos logo atrás dessas alavancas.

–Iremos mesmo fazer tudo o que essa televisão mandar? – Nícolas repreende.

–Sim, ou você quer ficar no escuro? – Mariana pergunta com um tom cínico.

–É isso mesmo, vamos ficar aqui parados esperando. Não vamos dar a entender que obedecemos a ela! – ele continua.

Apreciados A Ascendência do Traidor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora