2010

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Voltando da escola, paro no campo perto de casa e sento naquele banco com o lugar que já era praticamente meu. Eu amo futebol, sou santista desde pequena, mas os ingressos acabam sendo muito caros. Para tentar sentir um pouco da emoção de ir ao estádio, a pelada da esquina de casa está boa.

Observo tudo calmamente, os gols, os passes... há um menino muito talentoso e, graças a ele, me sinto ainda mais perto de uma partida oficial.

Quando tudo acaba, seria ilusão pensar que eles cumprimentariam a torcida (afinal, só tinha eu lá), então, enquanto os vencedores se abraçam e comemoram, eu vou para casa.

Tomo um banho, como alguma coisa e vou estudar um pouco e tentar recuperar a matéria do professor de matemática que não dá as caras há três semanas, mas, como sempre, não consigo entender o assunto e prefiro ficar vendo TV.

Meus pais chegam tarde, mas jantamos juntos e, enquanto eles veem um filme qualquer na TV, eu volto ao quarto e durmo.

Na manhã seguinte, tudo começa de novo: escola, jogo na esquina de casa e não entender matemática.

Na semana que sucede, no entanto, não fico mais sozinha no banco. Uma menina, mais nova que eu e bem parecida com um dos jogadores, acompanha a partida.

A forma como ela comemora cada um dos 5 gols feitos por ele me faz ter quase certeza de que são parentes.

- Ele é o melhor do mundo - ela diz para mim enquanto sorri

- Ele joga muito mesmo... - sorrio de volta - é seu irmão?

- Uhum, o irmão mais chato do mundo todo, mas eu amo - ela ri

O jogo acaba e, dessa vez, não saio antes de o jogo acabar, pois fico conversando com a irmã dele - que descobri que se chama Dhiovanna (com D, H e dois N, como ela mesma fez questão de deixar claro).

- Gostou do jogo? - o artilheiro se aproxima e pega a irmã no colo

- Sim! Mas você tá suado, não encosta - a menina ri

- Tá bom - ele dá um abraço apertado nela só pra contrariar e ri também

- Gabriel! Para! - ela finge estar brava

- Te amo, chata - ele beija a testa dela

- Eu também, Gabigol - ela fala aquele apelido com a maior naturalidade do mundo, mas ele parece ficar meio com vergonha

- Você teve companhia na torcida hoje? - ele pergunta para mim

- Foi - sorrio - uma grande fã sua veio me acompanhar

- Você tá sempre por aqui, né?

- Sim, eu moro meio perto... gosto de futebol e vocês jogam bem

- Você acha? - ele sorri

- Aham, tanto que tô aqui quase todo dia - rio

- Preciso levar o monstrinho para casa - ele continua com a irmã no colo e agora passa a mão no cabelo dela - te vejo amanhã?

- Sim, eu também já tô indo...

- Quer que eu te deixe em casa? Você disse que é perto, podemos ir juntos

- Pode ser, eu aceito

Então, agora com companhia, vou andando para casa. Conversando, descubro que ele também é santista e que está na seleção de base do Santos. Teria eu virado amiga de um grande jogador?

- Então, tá entregue - ele diz quando chegamos na porta da minha casa

- Obrigada, Gabriel - sorrio

Cheerleader - Gabriel Barbosa (Gabigol)Onde histórias criam vida. Descubra agora