Capítulo 5

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Eu ainda conseguia vê-la batendo papo com alguns moradores minutos após sua saída, consegui vê-la subir o morro em passos rápidos quando dispararam os primeiros foguetes

Consegui me ver subir o morro não só para protegê-lo, mas para garantir que ela fosse chegar em casa em segurança

Por nada específico, ela foi daora quando levou comida pra gente

Estava na boa, com o 38 na mão pouco atrás dela tentando manter o controle do tiroteio que ainda não estava acontecendo

Mas as coisas mudaram de rumo quando ela mudou

- aonde essa idiota tá indo?- me perguntei quando vi uma garota de cabelos loiros correndo pela rua, a garota a minha frente pensou o mesmo

Até porque ela foi atrás, consequentemente me levando junto

A cara eu só queria comer minha torta que tava boa pra caralho, mas como eu sei que aquele pedaço já era

Preciso salvar a moça que faz

🌪️

- você precisa se acalmar - eu disse segurando a loira pelo braço para que essa não voltasse a correr

- eu não encontro ela, não encontro a minha amiga. A gente veio juntas e ela sumiu - ela dizia em desespero, em choque, assustada com os fogos talvez

- tá tudo bem, olha pra mim - pedi - nós não podemos ficar aqui agora, então não corre

- você precisa ir agora - o mesmo cara que eu acabei de deixar com a minha torta disse me assustando

- que susto - eu disse colocando a mão no peito

- não podem ficar aqui - ele disse segurando o meu pulso e me puxando pro beco mais próximo, em outras circunstâncias eu faria um escândalo

Mas dessa vez só segurei a garota pelo braço a levando junto

Quando ele me soltou para manter a arma firme em mãos eu segurei na barra de sua camisa, só pra não correr risco de ser abandonada com uma patricinha no meio de um tiroteio

- aí meu Deus - a garota ao meu lado dizia baixinho - não me deixa morrer aqui, o meu pai nem sabe aonde eu tô e ele vai me ressuscitar pra matar novamente

Entrelacei sua mão na minha e olhei pra ela tentando parecer acolhedora

Me lembro quando ainda era uma garotinha escondia durantes tiroteios, a sensação de vuneravidade nunca muda

- fiquem perto - o garoto disse dando um passo a frente mas parou quando eu não acompanhei ainda o segurando pela camisa

- qual seu nome?- perguntei e ele me passou olhou de uma forma que me fez parecer sem noção

- Russo - disse sem muita importa

- Vanessa - me apresentei e nos dois olhamos pra garota com lágrimas pelo rosto esperando que ela se apresentasse

- Letícia - ela disse

- está bem, eu não quero morrer com nenhum de vocês dois - confesei - acha que meu desejo pode se realizar?

Não tivemos tempo de responder quando tiros foram disparados contra nós

Mulher de Vagabundo - MOnde histórias criam vida. Descubra agora