Capítulo 22

134 4 0
                                    

- isso é horrível - eu disse tomando um gole da garrafa que bicão carregava - eu queria muito, muito mesmo um cigarro

- nem me olha to no corre não - ele disse

- a gente racha um seu - sorri

- se o Pedro vier de implicância eu nego - ele disse colocando um cigarro entre os lábios e o acendendo, deu um longo trago e me entregou enquanto soltava devagar a fumaça que logo se misturou com a noite

Olhei para aquela coisa em minhas mãos pensando no que estou me tornando novamente, já faz tanto tempo

Mas após o primeiro trago eu me lembrei do porque gostava tanto e o porquê de sentir tanta falta

- onde a Patrícia se meteu?- eu me perguntei - aquela biscate some e eu fico chapada com você

- o que você tem contra mim Vanessa? - ele perguntou - pensei que tivéssemos superado

- não vamos falar disso - dei mais uma puxada e entregue de volta

- não quer falar sobre nós ness?- ele perguntou alterado por conta da bebida - a gente nunca conversou sobre aquilo

- cala a boca - eu disse seria - vou pra casa

Deixei a garrafa no chão e me misturei no meio da multidão

Quando me encontrei na rua escura e fria percebi o qual chato é ir para uma festa cheia de companhias e voltar sem ninguém

- você ainda me culpa? É isso Vanessa? Acha que a culpa é minha?- ele veio atrás - por isso você veio com o papo de recomeçar apagando tudo? Por isso que Pedro não me deixa aproximar e por isso ele está fazendo o mesmo com o russo?

- para de falar, fica quieto - eu disse - você não pode me julgar, não pode julgar as minhas escolhas e o meu recomeço. Você não sabe o que eu passei, o quanto eu preciso esquecer tudo isso.

- e eu não Vanessa, Eu não sou digno de sofrer?- ele disse - é melhor mesmo que você vá pra casa e que a gente finja que mal nos conhecemos para que assim você não precise perceber o qual egoísta você é

Me virei de costas voltando a seguir o meu caminho o deixando para trás e ouvi um baque de vidro se quebrando o que me assustou

Respirei fundo me segurando para não desmoronar e chorar ali mesmo ou voltar para trás e fazer ele pegar cada caco com a boca

Mulher de Vagabundo - MOnde histórias criam vida. Descubra agora