15. Origem dos guardiões

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Depois daquela demonstração de habilidade em batalha, fiquei com muita vontade de aprender com os guardiões da vila, como Tauba disse que dava pra fazer.

Depois de eles se recuperarem da luta contra os Orcs, fui consultar eles sobre a ideia de me treinarem. Jantar disse que eu poderia fazer esses treinamentos só depois de terminar minhas tarefas do dia. Os outros também concordaram em me ensinar, exceto Graça. Ela disse algo sobre ser uma arte marcial muito perigosa e que só poderia me ensinar depois que eu provasse meu valor em batalha, isso era passado de geração em geração no antigo clã dela.

Então, nos dias seguintes, cumpria minhas tarefas do dia e depois revezava cada dia com um instrutor diferente.

Augusto me ensinava a fortalecer o meu corpo, que é o primeiro passo para todo o resto (não preciso nem comentar sobre o quão dolorido meu corpo ficava). Era preciso fazer uma série de agachamentos, flexões, corrida, nado, escalada e mais um monte de outros. Como ele era um ferreiro renomado, também achou importante me ensinar sobre os tipos de minérios, como identificar cada um, e como identificar uma boa arma. Ele me colocava as vezes para lutar com Úrsula, sem armas, para treinarmos imobilização e a sair delas também. No começo eu tomava um pau em todas as lutas, mas depois de 5 dias consegui finalizar ela pela primeira vez. Depois disso as lutas ficavam divididas meio a meio com ela ganhando metade delas e eu ganhando metade também. Até que dez dias depois a minha taxa de vitória superou a dela, ela ganhava duas a cada dez lutas.

Janeth me ensinou primeiro como era feito um arco, qual tipo de madeira era melhor pra montar o arco, alguns detalhes na construção das flechas para dar mais velocidade a cada uma. Demorei quase um dia inteiro pra conseguir montar meu primeiro arco. Depois disso ela me ensinou a atirar em alvos. Atirei primeiro em alvos parados, em dois dias consegui acertar 9 a cada 10 disparos. Depois fomos para alvos em movimento, mais dois dias pra atingir a meta e em seguida fomos caçar juntos. Ela me explicou que era preciso usar todos os sentidos quando se está caçando, é preciso ver os rastros dos animais em meio às folhagens e pequenos galhos quebrados, também ensinou que o ouvido as vezes é melhor que os olhos e, por fim, que é preciso saber a posição do sol e a direção do vento para conseguir pegar o animal desprevenido.

(Janeth) Nunca se esqueça que caçar é diferente de batalhar com arco e flecha.

Ela deixou essa frase bem forte na minha cabeça pra eu não esquecer e levar a sério quando estivesse em uma batalha. Um arqueiro tem grande poder de ataque, mas é muito fraco na defesa, ele é quem protege o grupo e precisa estar sempre em um local seguro. Por último, ela me ensinou a escolher um local seguro com uma boa visão e a me camuflar com o que tivesse a disposição.

(Albert) Janeth, naquele dia que enfrentamos os Orcs, você usou veneno?

Eu já sabia que ela tinha usado, ouvi o líder orc dizer. Mas não poderia revelar que eu entendia a língua dos orcs, acredito que isso não era comum nesse mundo: um humano falando o idioma Orc.

Janeth estreitou os olhos e colocou a mão no queixo enquanto me fitava e refletia sobre o que iria dizer. Parecia que ela estava vendo um flashback na sua cabeça. Eu queria aprender sobre venenos também, isso poderia ser útil um dia.

(Janeth) Albert, você já se perguntou o porquê dessa vila existir?

Neguei com a cabeça. Na verdade eu nunca havia parado pra pensar nisso. Quando cheguei achei estranho que humanos e meio-humanos poderiam viver juntos como iguais. Nas histórias do meu antigo mundo sempre havia conflito entre raças diferentes, o que não era muito diferente da vida real.

(Janeth) Nesse mundo não é comum esse tipo de comunidade. Claro que existem outras vilas mas nenhuma e como a nossa, com muitos guardar e um grupo de guerreiros bem treinado.

Ela continuou contando a história de forma que nem vi o tempo passar.
Parece que os guardiões da vila faziam parte de um grupo de elite que servia ao antigo rei. Eles eram o grupo pessoal do rei especializado em combate. E por ser um grupo secreto, era necessário que todos tivessem uma habilidade secundária para usar como disfarce e não atrair atenção indesejada.

Augusto tinha como habilidade secundária a ferraria, Graça tinha a costura, Janeth era cozinheira. Apenas Jantar não tinha uma habilidade secundária, isso porque ele era também o general do exército e braço direito do rei.

Fiquei pensando naquele homem baixinho, com bigode enrolado nas pontas e armadura completa, liderando um exército de todo um reino, e acabei perdendo algumas coisas que Janeth falava. Quando percebi, voltei rápido a prestar atenção.

O rei era uma pessoa muito íntegra, determinada e de bom coração, acabou conquistando todo o reino, não simplesmente por ser um rei, mas por ser o melhor rei. Isso se refletia também nas relações com as outras nações do nosso continente. Ele era um aliado formidável e um inimigo de peso inigualável.

(Albert) Se ele é um rei tão bom, por que não estão com ele?

(Janeth) Ele está morto, menino.

Seus olhos se encheram de lágrimas antes de continuar.

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