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ETHAN

Quando eu era criança meu pai costumava dizer que a vida era cruel.

Eu não acreditava, mas à alguns anos eu tive a prova viva que sim, a vida é cruel para caralho.

Encarei a foto que eu segurava e soltei um suspiro.
Hoje, dia 12 de novembro, faz 5 anos desde a morte da Mirella. E hoje Noah também completa 5 anos.

Eu me sinto mal em comemorar o aniversário dele, porque quando ele nasceu eu perdi o amor da minha vida.

Não que tenha sido culpa dele. Eu sei que não foi, tudo foi culpa daquele maldito do Thomas.

Ele foi o culpado pela morte dela!
Se não fosse ele, depois do nascimento de Noah, nós talvez conseguissemos tratar a doença dela e ela ficaria bem.

Massageei minhas têmporas e observei a foto com mais cuidado.

Nela, Mirella estava abraçada com Alicia na nossa cama, enquanto ambas dormiam. A barriga dela estava um pouco grande e ela estava absolutamente perfeita naquela foto.

Às vezes me pego pensando como teria sido se eu não tivesse me distraído, se eu tivesse prestado atenção nele.

São tantos "e se...", mas infelizmente a realidade é cruel.

Estou cheio de problemas e assuntos mal resolvidos, faz uma semana que Alicia começou a ignorar todos a sua volta, até mesmo Noah.

Liza já tentou falar com ela, Amélia e Aubrey também. Mas ela não quer conversar com ninguém.

Noah sempre foi mais tímido e quieto, e apenas quando está com Alicia ele se solta. Mas como está sendo ignorado pela irmã, ele está ainda mais calado que o normal.

E é horrível chegar em casa e encontrar tudo silencioso. Alicia sempre no quarto trancada e Noah no jardim ou em seu quarto.

E não é surpresa para mim encontrar a sala vazia e tudo silencioso. Bem, quase silencioso.

Escuto um barulho e logo percebo que é Noah. Ele está chorando.

O encontrei encolhido entre os dois sofás. Me aproximei dele e me agachei para ficar a sua altura.

— Ei, amigo! o quê aconteceu?

Ele fungou.

— Alicia gritou comigo— ele sussurrou— eu só queria entrar na sala de música, mas ela apareceu e começou a gritar.

Ele me olhou com seus olhos idênticos aos da mãe que agora estão cheios de lágrimas e vermelho.

Ele se aproximou mais e eu o peguei.

— Está tudo bem, ok? irei falar com ela, e sempre que quiser entrar lá pode me chamar, certo?— ele assentiu e deitou a cabeça em meu ombro.

— Eu quero ir lá agora— sua voz foi baixinha e eu apenas comecei a caminhar até as escadas.

Ao chegar no segundo andar, abri a porta e fui tomado por várias lembranças, mas logo balancei a cabeça tentanto afastá-las.

THE RESTART #2Onde histórias criam vida. Descubra agora