02.

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ISABELLE

— Merda!— murmurei quando tropecei no salto que havia deixado no meio da minha sala na noite passada.

Peguei meu celular e chequei o horário e assim que vi arregalei os olhos.
Puta merda, eu estou atrasada!

Corro de volta para o meu quarto e entrei no banheiro. Após tomar um banho rápido, eu me troquei o mais rápido possível, colocando uma camisa branca e uma saia preta.

Coloquei os saltos que estavam na sala e peguei minha bolsa, e saí rapidamente do meu apartamento.

×××

Assim que entrei no enorme prédio fui direcionada ao último andar, e assim que cheguei lá vi outras candidatas. Me sentei em uma parte afastada e observei o lugar. É moderno e bonito, há algumas plantas e um enorme sofá acinzentado e algumas poltronas. Tem uma mesa onde a secretária está sentada usando o computador e atendendo telefonemas.

Não sabia muito sobre o dono da empresa, apenas que o nome dele era Ethan Müller e mais algumas coisinhas. Eu implorei para Anthony—meu primo—, me contar um pouco mais sobre ele. Eu estava curiosa, e pesquisei um pouco na internet. Havia várias matérias falando que ele tinha ficado afastado da empresa por anos, deixando tudo nas mãos de outras pessoas. Não achei o motivo, e isso só me deixou ainda mais curiosa. Já tinha visto algumas fotos dele em revistas a alguns anos. Quando ele anunciou a fundação Mirella.

Eu estava em Londres, e quando comprei uma revista tinha a foto de um homem na capa. Muito bonito, inclusive.

A revista falava sobre o plano da fundação e outras coisas a quais não me lembro. E quando meu primo disse que eles estavam procurando novos arquitetos, logo me interessei. Havia me mudado definitivamente para Nova York há dois meses e ainda estava me estabilizando aqui.

Não muito tempo depois era a minha vez e quando entrei na sala do tal do Ethan, meu coração acelerou. E quando eu o vi, ele acelerou ainda mais. Ele é simplesmente mais bonito do que nas fotos. O cabelo preto, olhos azuis e a barba por fazer. Eu já o achava bonito antes, mas pessoalmente não há palavras para descrever ele.

Respirei fundo tentando me con procutrolar, e me aproximei. Ele fez um sinal para que eu me sentasse na cadeira em frente a sua mesa ainda sem olhar para mim.

Me sentei e vi que ele segurava meu currículo. Desviei meu olhar por um minuto e analisei a sala. Tem um sofá branco, e ao lado uma estante com alguns livros. Tudo em branco e cinza. A mesa dele é de vidro e está cheia de papéis e um MacBook.
Mas algo me chama atenção. Uma foto. Ele um pouco mais jovem, uma mulher ruiva muito bonita, e uma menina muito parecida com ele. Os três estão sorrindo. E ao lado há outra foto de um menino ruivo muito parecido com a mulher da outra foto.
Mas não há fotos dos quatro juntos.

— Quando acabar de espionar minhas coisas, me avisa!— escutei uma voz grossa e levantei minha cabeça rapidamente.

Ele está com um olhar sério. Tive vontade de sair correndo e nunca mais voltar.

— Me desculpe!— falei tentando não gaguejar.— Eu só estava... hmm...

— Espionando minhas coisas!

Abri a boca para negar, mas resolvi não falar mais nada. Só pioraria minha situação.
Eu obviamente estava olhando para as fotos, mas só porque fiquei curiosa. Não precisava ser tão grosso assim, né?
Será que ele é assim com os filhos? E a esposa? Porque ele usa aliança, então... Coitada da mulher da foto por ter que aturar esse homem!

Conforme a entrevista vai acontecendo, mais eu me pergunto como esse homem consegue ser tão frio e grosso? Eu tenho certeza que não vou ser contratada, e não porque não tenho potencial, e sim porque não tenho dúvidas que ele me odiou.

×××

Assim que saí da empresa, fui até o central park e me sentei em um banco. Várias crianças estavam brincando, alguns casais estavam se abraçando.
Peguei o livro que estava na minha bolsa e comecei a ler da onde havia parado da última vez.
Eu amava vir até aqui para ler ou simplesmente relaxar.
Em toda minha vida eu sempre usei a leitura como uma válvula de escape. Durante meu ensino médio eu me escondi atrás dos livros e descontei todos os meus problemas na leitura.

Fui interrompida dos meus pensamentos/leitura com algo, ou melhor, alguém puxando meu casaco.

Abaixei meu olhar e vi uma criança. Sorri para o menino, mas parei quando percebi que ele estava chorando.

— Ei, o que aconteceu?— perguntei fechando o livro.

— Eu me perdi, e não estou achando minha tia— ele disse baixinho.

Me levantei pegando minha bolsa e estendi minha mão para ele.

— Eu vou te ajudar a achar ela, ok?— ele assentiu— qual é o seu nome?

Perguntei enquanto andávamos pelo parque.

— Noah— ele disse e eu sorri pelo jeito que ele falou— será que minha tia foi embora e se esqueceu de mim?

— Não, não! Claro que não, Noah!— afirmei para ele.

Depois de alguns minutos andando pelo parque, e ele me falando como era a tia dele, finalmente ele avistou ela e correu até onde ela estava.

— Noah, finalmente te encontrei— a mulher loira abraçou o Noah e o pegou no colo— você quase me matou do coração!

— Desculpa, tia— ele riu.

A mulher revirou os olhos, mas sorriu.

— Só não conte para o seu pai, ele me mata se descobrir que eu te perdi!

— Pode deixar!— ele disse e olhou para mim— tia, essa foi a moça que me ajudou a te encontrar.

A mulher olhou para mim e sorriu aliviada.

— Muito obrigada! A propósito, me chamo Amélia— ela estendeu a mão e eu apertei.

— Sem problemas! Ele é uma graça— falei e ela concordou— e eu me chamo Isabelle!

Noah voltou a brincar com outras crianças, e Amélia me convidou para me sentar com ela.

Ficamos conversando por um bom tempo, até ela receber uma ligação e dizer que precisava ir.

— Tchau, Belle— Noah me abraçou e correu até a Amélia.

Sorri e balancei minha cabeça andando  até o meu carro.

×××

espero que gostem🍓







































THE RESTART #2Onde histórias criam vida. Descubra agora