IV - Anjo na terra.

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Era tudo tão lindo e impossivelmente real. Nunca, nem mesmo em meus sonhos mais loucos imaginaria que fadas, duendes e outras criaturas fantásticas existem. Gabriella mostrava tudo a nossa volta parecendo orgulhosa em me apresentar a seu mundo.

Vez ou outra me perdia olhando-a, ela se expressa tão bem, inteligente e eloquente ao máximo. Me perguntava o que essa garota de nome angelical viu no decorrer de sua longa vida. Gabriella uma guardiã... um anjo na terra que estava cedendo a mim toda sua sabedoria. Não sabia se era assim tão merecedora de tanta atenção.

- Camila?

- Hum? – Sacudi a cabeça, tinha me perdido em pensamentos era certo.

- Vamos almoçar antes de voltarmos?
- Me parece uma boa ideia. – Estava com fome e curiosa para saber que tipos de comida teria por aqui.

- Ótimo, sei onde vou te levar. – As covinhas charmosas se fizeram presentes com força total e as borboletas fizeram morada em meu estômago. A guardiã  me guiou por entre os seres que transitavam pelas barracas com elegância e destreza. Em quanto isso voltava a perder a atenção olhando para minha mão em seu braço e em como parecia certo. A verdade era que em nenhum momento até aqui cheguei a lembrar que tenho um namorado e perceber isso fez meu coração ficar dolorido e o colar em meu pescoço pesar.

- Chegamos. – Paramos em frente a um prédio de cinco andares. A plaquinha em uma língua desconhecida balançava ao sabor do vento, era como estar em um filme medieval, não ficaria surpresa se esbarrasse em um cavaleiro de armadura. Entramos em um espaço digno de um sete de filme medieval. A taverna não estava cheia, mas também não estava vazia. Estaria mentindo que não senti um pouco de medo ao ter a atenção dos que ali estavam... A maioria gritante era de homens. Gabriella foi direto para o balcão ignorando todos que vigiavam nossa passagem.

- Bom dia senhoritas. No que posso servi-las? – A mulher ruiva rechonchuda nos sorriu simpática.
- O que temos para o almoço? – A guardiã parecia familiarizada com tudo.

- Pernil de javali, pão e um ensopado suculento.

- Que tal Cam? – Fiquei aturdida por ser chamada por um apelido de forma tão carinhosa que demorei um pouco para responder.

- Para mim, parece ótimo. – Engoli novamente aquele sentimento que queria se apoderar do meu peito. Coração idiota, não pode continua reagindo dessa maneira!

- E para beber?

- Vai ser por minha conta. – Uma voz grave trovejou atrás de nós, automaticamente tremi na base, era agora que nos meteriamos em alguma confusão.

- Não precisa se incomodar. – Gabriella virou-se para encarar o homem, ao fazer o mesmo me arrependi no mesmo instante. O cara era uns bons centímetros mais alto do que minha acompanhante, era forte estilo armário. As tranças ruivas e a barba desgrenhada faziam lembrar do pai do soluço.

- Lógico que precisa, ainda mais para duas senhoritas tão distintas. É perigoso ficarem sozinhas em um lugar como esse.

- Sei me cuidar. – Gabriella deu de ombros.

- Onde estão os homens de vocês hum? – Ele a ignorou deliberadamente e colocou a mão enorme em meu ombro. Me encolhi tentando escapar, pude jurar ter ouvido Gabriella rosnar ao meu lado.

- A gente tenta ser educada, mas o que adianta? – Ela deu um safanão na mão dele a afastando de mim em seguida com um movimento rápido demais para ser acompanhado por olhos mortais, o segurou pela barba. – Escute bem, porque não iria repetir. – Propositalmente ela mostrou a espada escondida pela capa. – Dá o fora, não precisamos de favores ou qualquer quer coisa do tipo e se ainda não está convencido deixe-me falar de uma forma que compreenda. Gosto da mesma fruta que você, sacou? – O ruivo assentiu e eu estava estática diante da cena e da revelação. Ah Carvalho! Essa informação não deveria ser relevante, parem de olhar assim para mim! – Ótimo. Se manda, antes que eu chute seu traseiro. – Okay Camila, não baba e nem pensa em como isso foi fodidamente quente. – Desculpe por isso, mas sabe como é, babaquice está presente no cromossomo Y não importa qual seja a espécie. – Ela me deu uma piscadela de tremer na base. – Respondendo a pergunta interior, vamos querer duas cervejas sem álcool.

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