Meu rosto estaria vermelho em outras ocasiões, mas não era a primeira vez que recebia este tipo de notícia do meu pai:
-Outra namorada? –Esbravejei, jogando meus braços finos para o alto, chamando a atenção do velho.
-Acalme-se Lauren – Ele pediu, engolindo seco.
-Vou me acalmar quando a minha mãe voltar por aquela porta! – Indaguei, cobrindo minha boca logo em seguida, me dando conta do que tinha acabado de falar. O corpo comprido de meu pai se afundou no sofá, com os olhos marejados.
Nós não falamos muito de minha mãe. Éramos muito felizes antes. Morávamos nós três, como uma família convencional. Usufrui cada momento em que ela esteve conosco, mas não posso mais pensar nela direito. Ela se transformou em um monstro rude. Após um longo dia de escola, a polícia estava na porta. Me assustei, correndo para dentro da mesma. Abracei meu pai com força, eu sabia que não era coisa boa. Não era mesmo. Mamãe não voltou pra casa depois de uma briga deles. O que eu não sabia era que ela não iria voltar mesmo. Eu não me lembro muito bem daquela época, mas me lembro da dor que eu senti, de não poder contar mais com ninguém. De me sentir um lixo. De sentir que não fui uma filha boa o bastante. E principalmente, de não conseguir parar de chorar.
-Lauren...-Ele tentou começar mas eu o interrompi.
-Eu sei papa, ela não vai voltar.
-Como eu dizia, minha namorada é muito legal, acho que vão se dar bem. –O homem grisalho esboçou um sorriso.
-Mas papa, é a sétima no ano, e estamos em fevereiro. –Disse avisando-o da tamanha loucura.
-Deixe-me provar que esta é diferente.
-Bobagem, ela quer seu dinheiro na conta dela. –Bufei, rolando os olhos.
-Olhe como fala comigo pequena. –Um sorriso divertido brotou em seus lábios. Quando minha mãe ainda morava conosco, ele me chamava de pequena quando fingia que brigava comigo só para agrada-la.
O resto da noite se passou em uma conversa suplicante. Papa me implorou para a tal garota vir jantar no dia seguinte em nossa casa, e depois de horas eu deixei.
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-Diz gorda. –Dinah atendeu o telefone rapidamente.
-DJ, vem em casa me buscar por favor, quero ir no cinema.
-SOS hein? Okay, já que insiste.
Tomei um longo banho, queria esquecer essa história louca que acontecia em casa o tempo todo. Eu queria poder provar que nenhuma delas presta. Mas papa fica tão feliz com essas mulheres.
Saí do banho e coloquei uma roupa qualquer de meu armário. Realmente não me importava o que iria vestir, afinal de contas, Dinah sempre vai estar se vestindo melhor. Olhei no relógio em cima da cama e percebi que estava muito perto do horário.
-Merda –Resmunguei, correndo em direção ao banheiro. Escovei meus dentes e passei a maquiagem rapidamente, calcei os sapatos e literalmente pulei para fora de casa.
Em questão de segundos, Dinah chegou com sua música alta. Ela estava maravilhosa.
-Entra branquela. - Ela brincou e eu obedeci.
O trajeto foi meio silencioso, digo meio porque Dinah cantava alto algumas músicas. Então finalmente chegamos ao shopping. Arrastei a minha grande amiga pelo local, já que a mesma se perdia em todas as lojas que tinham brilhos ou liquidações.
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Mommy?
FanfictionA dor irreversível de perder sua mãe. A angústia de seu pai esquece-la. A excitação da namorada de seu pai.