Um pouco de açúcar por favor...

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Era uma hora qualquer, e a jovem moça caminhou até a entrada do Brookling Coffee’s, carregando consigo sua bolsa de tamanho mediano, enquanto estava ao som de uma banda indie chamada Just Imagine que saía de seus fones de ouvido. Ao adentrar o local, a sua presença é anunciada devido ao tilintar leve e um tanto irritante de um pequeno sino com a porta de entrada. O sino estava quebrado, o que justificava seu som um tanto quanto estridente. Sentou-se ao fundo da cafeteria e tirou de sua bolsa seu notebook, que era muito desejado pelos jovens daquela atualidade. Colocou seus óculos de leitura e se pôs a escrever, em um tipo de aplicativo parecido com o Word. Bem, ao menos tentou, já que toda palavra posta em meio aquele embranquecido de uma imitação de papel parecia estar errada, colocada de forma errônea — ou até mesmo pejorativa —, fazendo com que a mesma sempre apagasse o que escrevia, frustrada, sem saber como começar seu texto.

— Bom dia Ann! Vai querer o mesmo de sempre? — pergunta uma garçonete ao reconhecer a freguesa que sempre frequentava tal lugar.

Sua pele negra combinava com seus olhos castanhos e cabelos cacheados — recentemente pintados de azul — que se derramavam pelos seus ombros, lembrando uma atraente cascata. Seu uniforme de trabalho acentuava mais ainda o seu corpo violão.

A jovem escritora sentiu a preocupação ser levemente aliviada com a sua chegada. Ela sorriu quando escutou seu apelido — tal qual se derivava de seu nome, Angel. Não gostava quando a moça à sua frente lhe tratava com formalidades, afinal, fora do trabalho eram amigas, não queria que nada mudasse as coisas.   

— Sim Flor, e dessa vez acompanhada com uma torta de morango, por favor! — disse a jovem, usando um dos apelidos carinhosos que inventou para a amiga, tal apelido que brinca com seu real nome: Lydia, que lhe lembrava flores com nomes parecidos. Voltou a se concentrar à tela do notebook. 

Quando já estava concentrada o bastante, e finalmente tinha encontrado uma forma de começar seu texto, o sino estridente toca novamente, tirando toda sua concentração. Já irritada por nunca conseguir começar o texto, revira os olhos e, como mania desde mais nova, olha para a origem do barulho. Percebe que o autor da perturbação era um jovem de camisa e calça social, de cabelos loiros, com uma feição de cansaço e que portava em uma das mãos uma pasta preta. Ele andava até o balcão marrom com passos tímidos, porém aparentava já conhecer tal caminho que traçava. A jovem não negaria o fato de que o achou no mínimo... interessante. Riu com seu pensamento, afinal, era um pensamento de uma adolescente que se apaixona à primeira vista.

De volta à tela de seu notebook, se assusta com a expressão maliciosa de Lydia. Fazia tempo que a amiga de cabelos azulados presenciava um fenômeno desses — Angel encarando tanto um rapaz.

— Vejo que a senhorita está interessada no nosso novo freguês! — disse a jovem garçonete com um sorriso malicioso.

— Quem disse isso?! Eu só o encarei, afinal toda vez que alguém entra, aquela espécie de sino toca. E você sabe que eu tenho a mania de olhar para os lugares que fazem barulho! — disse a jovem, tentando negar o inegável, afinal, estava na cara que a mesma havia encarado o moço que entrara no local.

— Ah é?! Então por que continuou olhando para ele mesmo depois do sino tocar?! — perguntou a garçonete, percebendo que pegou sua amiga de surpresa ao encarar sua feição de espanto, pois a jovem não sabia que estava tão na cara.

— Ok, não nego que ele é interessante, mas não quer dizer nada. E outra, como ele é considerado freguês se eu nunca vi ele aqui?!

— Claro que nunca viu! Fica vidrada nessa tela, nada mais a sua volta existe, somente você, o computador e o capuccino. Ele começou a frequentar a cafeteria há três semanas. — disse tudo com um ar de óbvio. 

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