four (JK)

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'Quatro de Setembro de 1998, um dia que ficou marcado na história, naquela tarde de outono minha vida recebeu inesperadamente um ponto final. Foi o dia da minha morte, o dia do meu assassinato.'

Fui dado para o orfanato com apenas quatro anos de vida, minha mãe acabou falecendo  quando eu era apenas um menininho. Aos nove anos fui adotado pela família mais influente de Seul, na época, eles eram como reis, recebiam um enorme prestígio pela sociedade e eram donos de uma fortuna grandiosa.

A popularidade da família Jung era tanta que a todo momento haviam manchetes nos jornais e revistas esbanjando novas conquistas ou simplesmente o seu cotidiano.

Mas, o que os tornava tão influentes assim? Por que seres humanos seriam tão endeusados daquela maneira?

Apenas o fato de serem os donos da terceira maior empresa da Ásia já contribuía bastante para a repercussão que essa família poderia causar, outro fator era a elegância, a solidariedade e bondade que eles possuíam perante a mídia, oh, sim, eles eram como deuses. Para descrevê-los melhor, em termos de fama, eu usaria um velho dizer: "Deus no céu, e os Jung's na terra."

Não julguem a sociedade por tratá-los assim, pois eu já fui um deles, sim, enxerguei-os como seres divinos. Estava sempre deslumbrado com tamanha bondade, me perguntava todos os dias como conseguiam ser tão puros daquela maneira, o mundo poderia perder-se em maldade, mas eles não, pois eles não eram pessoas quaisquer, eles eram os Jung.

Oh, como eu queria ser como eles!

Receber a noticia que eu finalmente ganharia um lar encheu meu coração de esperanças, afinal, eu era apenas um garotinho em busca de amor, a única coisa que eu precisava era uma família, não importavam as riquezas, apenas o amor que poderiam sentir por mim. Eu, Jeon Jeongguk, não poderia estar mais feliz. Mais surpreso ainda fiquei quando descobri quem me adotara, sim, eram eles, os famosos Jung, os prestigiados, os santos.

Fui enganado, pensei estar no céu, mas, eu havia acabado de adentrar as portas do inferno.

Em frente as câmeras eram anjos, por trás, a máscara caía, eles me mostraram ser quem realmente eram, a imagem de seres do bem era pura farsa, na realidade, eram monstros, verdadeiros demônios, capazes de destruir qualquer um que ousasse por em risco o nome da família.

Não fui adotado por amor, fui adotado por status, eles buscavam uma melhora de imagem através da minha adoção, e conseguiram, pois se tem algo que a família Jung sabia fazer era manipular todos à sua volta. 

Para a mídia eram pais adotivos maravilhosos, eram abraços, beijos, presentes, tudo do bom e do melhor, aquilo que toda criança sempre sonhou. Mas somente eu sabia a verdade, apenas eu sei o que sofri nas mãos de seres tão desumanos, aguentei abusos e maus-tratos durante anos, não havia nada que eu pudesse fazer, eu era apenas um garoto que estava descobrindo a vida, na verdade insistia em pensar que tudo aquilo era uma fase e que logo aprenderiam a me amar. 

Não!! Eu já não queria mais ser como eles.

Aos 14 anos, conheci algo chamado maturidade, não tive ajuda ou conselhos, apenas encontrei isso em mim sozinho. Me tornei um rapaz reservado e apaixonado por livros, meus momentos felizes eram enquanto eu estava lendo, aquele era meu paraíso particular, onde eu encontraria paz, o meio em que eu me inspirava para imaginar a minha vida perfeita. Lá, eu fugia da tortura que era viver naquela mansão

No meu aniversário de 16 anos organizaram uma grande festa, extremamente luxuosa, a lista de convidados era enorme, eu desconhecia maioria das pessoas, afinal, eu não tive amigos, na verdade, se quer tinha família. Ganhei inúmeros presentes, mas, sinceramente, não tinham o menor valor sentimental, pois todos ali estavam em busca de uma única coisa.

Eu estava em meu quarto usando meu pijama azul com listras brancas quando o Sr.Jung me faz uma surpresa, já era tarde da noite, as demais pessoas já tinham se recolhido, estranhei fortemente o fato dele estar ali, em minha frente, com uma caixinha em mãos.

Ele me entrega.

E me deseja um feliz aniversário.

Na caixa haviam livros, romances clássicos da literatura, eu fiquei realmente feliz pois ninguém nunca havia me presenteado com algo assim, foi incrível. 

Estava pronto para desejar-lhe uma boa noite e agradecê-lo pelo presente, mas fui surpreendido quando percebi um olhar estranho vindo do mesmo, minhas ideias ainda não estavam tão claras, mas logo a ficha caiu quando o vi entrar no quarto, trancar a porta e mandar que eu ficasse calado.

Eu sabia o que vinha agora, queria fugir, gritar, deixar de existir, mas não consegui fazer nada disso, apenas deixei que o pior acontecesse, enquanto uma parte em mim morria, minha alma pedia socorro, eu já não aguentava mais. Não tinha como reverter o que aconteceu, mas vê-lo sair foi um alívio, as lágrimas rolavam quentes no meu rosto, naquela noite eu perdi a mim mesmo. 

Marcado da pior forma possível, aos 17 eu dependia de antidepressivos, precisava cegamente dos remédios para controlar minha ansiedade, já que não recebia apoio algum. Meu coração estava morrendo, assim como toda humanidade que havia em mim, eu apenas queria me livrar de tudo aquilo, então, atentei contra minha própria vida, recorri à tentativa de suicídio. 

Mas fui salvo. Alguém que eu jamais imaginei me impediu de tirar minha própria vida, ele foi a minha luz durante anos, Hoseok, filho biológico dos Jung. 

Ele me deu um sentido para viver, foi o meu primeiro amor, tínhamos encontros escondidos durante a noite para que ninguém desconfiasse, ele me tirou do abismo, ele e os livros.

Após minha tentativa de suicídio, mesmo aos cuidados de Hoseok, eu ainda buscava uma maneira de esquecer o que havia acontecido, mas era impossível, cada segundo vivido naquele lugar estaria para sempre na minha mente. 

Aos 18, ainda sofrendo as consequências de estar preso ao reinado dos Jung, pensei ter encontrado a solução para os meus problemas, comecei a escrever um livro secreto, não era um livro comum, era o livro da minha vida, o livro que me libertaria, nele continha todos os podres da família que eu convivi, os abusos, maus-tratos, a violência, o desprezo, estavam todos lá, registrados. Através desse livro eu planejei destruir aquelas pessoas.

A queda do império sempre esteve ali, debaixo de seus narizes.

Poderia ter sido o plano perfeito, poderia ter sido o inicio de uma nova vida. Finalmente eu estaria livre quando publicasse aquele livro. Com 19 anos escrevi o capítulo final do meu livro, naquela manhã acordei mais feliz, passei no quarto de Hoseok com um sorriso jamais visto e o beijei apaixonadamente, ele aparentava estar surpreso, na verdade todos para mim estavam um tanto estranhos, mas não me importei, afinal, logo eu encontraria a paz e destruiria aqueles que me destruíram. 

No final da tarde, em quatro de Setembro de 1998, eu estava sentado nos fundos do jardim, local em que eu normalmente me encontrava com Hoseok, onde ninguém costumava ir, o livro no qual intitulei de 'A queda do império' estava em meu colo, eu o tornaria público amanhã mesmo, já tinha todas as cartas na manga. 

Uma voz baixa, quase inaudível, soou em meus ouvidos, não tive tempo para virar-me para ver quem era, apenas senti uma pressão enorme contra meu corpo, que de supetão tombou para trás, em meus últimos momentos tive tempo apenas para ver a mancha enorme de sangue que sujava minha camisa, logo em seguida veio-me uma dormência, eu tinha a sensação de poder ouvir meus últimos batimentos cardíacos. Tão lentos

Meu ultimo suspiro foi carregado de angústia, eu apaguei.

E foi naquele momento, naquele exato momento, Jeon Jeongguk, mais conhecido como filho adotivo dos Jung, foi assassinado, com um tiro certeiro no peito.

OI OI PESSOAL!! 📖

Me perdoem por qualquer erro, nesse capítulo quis fazer algo diferenciado, como o Jungkook tendo a chance de contar sua própria história.
Espero que tenham gostado.

Beijos x)💜

The Ghost • { pjm + jjk }Onde histórias criam vida. Descubra agora