Johnny não era um cara excepcional, com 1,80 de altura, corpo esbelto, barba bem feita, olhos negros, cabelo liso e castanho e, um tom de pele dourado, era empregado de uma pequena empresa em crescimento que, em alguns anos, seria líder de mercado no ramo da siderurgia. Era casado com uma bela moça, cabelos longos e ruivos, olhos azuis, boca carnuda, pele branca, seios pequenos e quadris largos, gostava de usar vestidos rodados e floridos e, mesmo com seus 1,60 de altura, era uma mulher de personalidade forte e não era Johnny quem bateria de frente com a sua adorável Samantha.
Vivam dias pacíficos, enquanto ele trabalhava, ela estava terminando sua graduação em história e planejava lecionar em algum colégio em breve. Tudo teria corrido bem e eles teriam uma vida feliz, com seus dois filhos e seu cachorro, na sua casa própria, veriam seus filhos crescerem e terem filhos, e eles seriam avós e, por fim, morreriam juntos tendo aproveitado uma vida pacata.
Mas o destino não quis assim. Johnny fora demitido. Era um ótimo funcionário e, por conta disso, era alvo da inveja de muitos de seus “colegas de trabalho” que armaram para ele, o que o fez ser demitido por justa causa. Sem emprego ele não poderia pagar o último semestre de Sam na faculdade e, esta teve que trancar o curso para ir atrás de algum serviço junto a John para que eles pudessem se manter. Mas aqueles eram tempos difíceis e não estava fácil arranjar um emprego. O aluguel estava pesado e toda a poupança que os dois juntaram até então já estava nas últimas.
John afogou-se na depressão e nas bebidas. Virou um homem amargurado, rabugento, bem diferente daquele com o qual Sam casara. Ela fazia docinhos em casa para vender na rua e, todo dia, dizia para John “Tudo vai dar certo, darling”. Mas, mesmo ouvindo aquelas palavras de sua bela mulher, ele via em seus olhos o cansaço e a tristeza, o que amargurava ainda mais aquele homem.
Em uma de suas bebedeiras, John acabou brigando. Chegou em casa machucado, sangrando, amaldiçoando aquele homem que o bateu, e aqueles infelizes que armaram pra ele no trabalho e amaldiçoando a própria Samantha por ser alguém tão positivo em uma situação de merda daquelas.
- Calma darling, tudo vai ficar bem – dizia Sam entre lágrimas, enquanto limpava os ferimentos de seu marido – Não é culpa sua, não é......
Johnny não aguentava aquilo. Sua bela esposa triste por sua causa, naquela situação de merda? Mas, o que estava por vir era algo ainda pior. John pensou em uma forma de tirá-los daquela situação. Naquela mesma noite, enquanto Sam dormia, pegou uma faca e cortou a garganta de sua amada. Enquanto Sam agonizava na sua frente, John dizia que só assim eles se livrariam daquela situação de bosta. Ao chegar o momento de dar cabo a sua própria vida, ele fraquejou. Não conseguiu. E se culpou pela maior besteira que fizera, mas já era tarde para voltar atrás. Um homem completamente destruído.
Deixou a porta de sua casa aberta e ficou com a arma do crime na mão. Cochilou próximo ao corpo de sua amada. Algum curioso que ali entrou, fez a denúncia e John foi condenado e cumpriu seus 16 anos de prisão. Na cadeia, fora estuprado, espancado e mutilado, quase morto, mas não revidou, por se achar merecedor de todas as desgraças que com ele aconteciam naquele lugar. Durante seu período preso, percebeu que não amava Sam. Não, não a amava. Se a amasse jamais a mataria.
Quando posto em liberdade, passou a mendigar, juntava alguns tostões, gastava em bebida e voltava para rua, juntar mais algumas moedas e voltar para o ciclo vicioso que o definhava mais e mais.
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Nas Sombras Da Cidade
Short StoryNas sombras da cidade, acontecem tantas barbaridades. Nas sombras da cidade, se escondem o bem e o mal. Nas sombras da cidade, convivem o real e o sobrenatural. Os humanos, no fim, são os monstros mais assustadores que se esgueiram, nas sombras da...