👼 Someday - The Strokes
-Madison... -Ele disse com a voz baixa, ele estava chorando.
-O que aconteceu agora? -Eu ainda estava meio que dormindo.
-É ele de novo, mas agora é pra valer, eu não sei o que fazer.
-Hm, que tal ligar pra polícia, quem sabe?
-Eu não sei cara, eu não sei se consigo fazer isso, quer dizer, ele é meu pai, sabe? Não sei se aguento... -Ouvi um barulho muito alto no fundo e depois um grito de sua irmã que se assustou com o estrondo, Matt ficou mais desesperado ainda- Por favor me ajuda!
-Chego aí em 10 minutos.
Acordei minha mãe e meu irmão, desci e liguei o carro enquanto eles desciam, minha mãe sentou do meu lado e meu irmão atrás, no caminho da casa de Matt, que não era muito longe, eu expliquei o que aconteceu. Eu dirigi desesperada, passando nos faróis vermelhos sem me importar, rezando pra não ser multada, combinei com os dois que eu entraria e se eu não saísse em 10 minutos eles poderiam chamar a polícia. Chegamos na casa dos Hudson, a porta estava destrancada, eu entrei e Melissa, mãe de Matt, estava no chão, machucada, sangrando, Derek, seu marido, estava com uma arma apontada pra ela e não tinha um sinal de Matt e seus irmãos lá dentro.
-Derek, o que você está fazendo? O que você fez?!
-Essa vagabunda tá me traindo, porra!
-Eu já disse, eu não to, Derek, eu juro! -Melissa disse, chorando desesperada, ainda no chão da sala de estar.
-Cala a boca ou leva outra, puta!
-Derek, olha só, eu acho que é melhor você se acalmar -Dava pra sentir o cheiro de bebida que ele exalava de longe- e conversar com a sua esposa e não machucá-la.
-O que você ta dizendo? Você não sabe o que é melhor pra mim e pra minha família, você é só uma adolescente, deve ter seus próprios problemas pra cuidar, vai transar com o seu namorado e deixa minha família em paz!
-Eu posso ser só uma adolescente mas com certeza tenho mais consiência e responsabilidade que você, então senta na porra do sofá que eu vou te trazer uma água, você tem que se acalmar!
Ele se sentou calmamente mas não largou o revólver, fui até a cozinha e havia pratos, copos quebrados, no chão e na pia tinha garrafas de diversas bebidas, ele exagerou dessa vez. Peguei um dos copos que restaram, enchi de água e levei até o homem que estava no sofá, imóvel.
-Beba isso, vai ajudar. Vou levar Melissa lá pra cima e cuidar dela. Fique aqui até eu voltar.
Subi as escadas com Melissa apoiada em meus ombros, fomos até seu quarto, uma suíte, lavei a área da coxa em que Derek havia ferido e fiz um curativo. Tenho que admitr que ficou uma merda e teríamos que ir pro hospital.
-Eles devem estar no dentro do closet...
-Ok. Fique deitada aqui, vou trazer eles. -Ela me abraçou com as poucas forças que tinha.
-Muito obrigada, Maddie, você é meu anjo.
Eu sorri, saí do quarto e andei até o quarto de hospedes. Abri o closet e lá estavam Matt e seus dois irmãos em seus braços. Ele se levantou rapidamente e me abraçou, eu contei o que aconteceu e fomos até o quarto de Melissa, Vicky, Nate e Matt abraçaram a mãe enquanto e choravam. Derek apareceu na porta, aplaudindo e sorrindo ironicamente.
-E mais uma vez a vadiazinha salvou a noite e a família está reunida. Parabéns Madison, você é uma heroína. -"Eu deveria ter o amarrado, droga!", eu pensei -Mas dessa vez você não vai se safar. Tire sua roupa, sua puta de merda!
-O quê?! Que merdas você tem na cabeça?
-Faça isso ou eu mesmo faço, não discuta comigo. -Ele disse, apontando sua arma pra Matt, eu olhei pra ele, duas lágrimas desmoronaram de seu olho direito e ele fez um "não" com a cabeça. Olhei pro relógio do quarto, tinham se passado 24 minutos desde que eu entrei na casa.
-Vamos logo putinha, cansei de esperar! -Lágrimas escorreram nas minhas bochechas mesmo eu estando sem medo.
-Por quê? -Eu disse, quase sussurrando. Tomei toda a coragem dentro de mim e levantei um pouco da minha camiseta do pijama que eu usava quando ouvimos alguém subindo as escadas.
-Polícia! -Naquele momento tudo parou e ficou lento, eu sorri, alíviada, Derek olhou pra mim com raiva nos olhos, o resto da família estava chorando na cama, não sabia se eles estavam aliviados assim como eu ou com raiva de mim por ter chamado a polícia mas com certeza estavam apavorados. Os policiais entraram no quarto, Derek largou a arma, eles o algemaram e o levaram pra fora da casa enquanto ele gritava "Sua filha da puta! Por que você fez isso? Você vai ver, você vai me pagar!", meu corpo estava tenso, tenso demais até pra chorar e quando ele entrou no carro e os policias o levaram pra delegacia, o sentimento de culpa tomou conta de mim, eu tinha tirado o pai de três filhos e o marido de uma boa mulher, eu tinha tirado sua liberdade, por mais ruim que ele fosse, ele era uma pessoa, com uma vida, que tinha batalhado pelo o que tinha, mesmo estando estragando tudo aos poucos. Corri pra encontrar Matt que estava na porta da casa falando com os policiais, desabei em seus braços e soltei minhas lágrimas que escorriam rapidamente, uma atrás da outra fazendo sua camiseta ficar encharcada.
-Me descul...me desculpa! -Eu falava entre meus soluços sem ter certeza de que ele estava entendendo o que eu estava falando. Eu ameacei a cair no chão mas Matt me segurou firme. Tanto ele mesmo quanto seus braços eram fortes mas naquele momento tudo era fraco e frágil. Caí de novo mas dessa vez fomos ao chão, juntos. -Por favor Matthew, me desculpa, me desculpa! -Eu já estava berrando, ignorando todos os outros moradores da rua que ou estavam dormindo/tentando dormir ou que estavam na rua para ver o que estava acontecendo.
-Shh..shhh, não é sua culpa se ele é um safado, covarde e louco. Não se culpe! Ele já tava fazendo isso a muito tempo e você sabe disso. Dessa vez ele foi longe demais, ele mereceu.
Ficamos daquele jeito, abraçados, sentados na calçada, chorando de alívio, ele acariciando meus cabelos, eu com minha cabeça em seu peito, podia ouvir seus batimentos cardíacos que antes estavam a milhão e foram se acalmando aos poucos. Nossas mães estavam conversando dentro da casa, decidiram que meu irmão iria levar Melissa ao hospital e minha mãe ia cuidar das coisas na delegacia. Eu e Matt fomos com a minha mãe e seus irmãos com o meu. Passamos o resto da noite indo da delegacia pro hospital e vice-versa até que paramos no hospital de vez. Os dois irmãos de Matt eram mais novos que ele e acabaram dormindo no banco do hospital, todos nós estávamos com muito sono.
-Aqui. -Dei as chaves do meu carro pra Matt- Leve eles pro carro, eu já te encontro lá. -eu sentei do outro lado da sala de espera onde estavam meu irmão e minha mãe. -Eu to muito cansada, vou pra casa com o Matt, vocês vem?
-Pode ir mãe, eu fico -Disse meu irmão.
-Não, Joe, eu fico, você tem aula amanhã.
-Tem certeza? Porque se você quiser eu posso ficar.
-Pode ir, filho. Boa noite pra vocês, tomem cuidado.
Nós descemos pro estacionamento e nos encontramos com Matt no carro, ele estavam com seus irmãos no banco de trás, Joe sentou no banco do motorista e eu no passageiro. Ficamos o caminho inteiro sem abrir a boca. Quando chegamos, meu irmão deixou o carro na garagem enquanto eu abria a porta da frente com Vicky no meu colo ainda dormindo. Entramos deixamos Nate e Vicky dormindo no quarto da minha mãe e e descemos pra comer alguma coisa. Sentamos na sala, eram 6:43 da manhã.
-A gente não vai pra escola né?
-Não. -Os dois responderam em coro. -Eu vou subir, você acha um lugar pro Matt dormir? -disse meu irmão.
-Eu posso ficar aqui...
-Não, seu dia foi horrível, dorme no meu quarto. -Eu disse mesmo estando quase morta de tão cansada.
-Não vou te deixar sem sua cama.
-Então eu durmo com você.
-Madison...
-O que foi, Joe? Cara, nós somos melhores amigos, por favor né.
-Não vou nem falar nada, mas tudo bem. Vou subir, boa noite pra vocês.
-Boa noite.
-Boa noite. -Eu lhe dei um beijo na bochecha e ele subiu.
-Eu to com sono.
-Eu também. Acho que vou subir.
-Pode ir. Vou tomar um remédio porque to com dor de cabeça e já subo. -Ele subiu, eu fui até a cozinha e abri o armário onde ficavam os remédios, peguei um pra dor de cabeça e engoli com um gole de água e subi pro meu quarto onde Matt estava deitado na minha cama, de lado, com os olhos abertos. Andei até lá e deitei em seus braços, logo ele me envolveu com os mesmos.
-Matt, eu só quero que você saiba que tudo vai ficar bem. Eu fiz aquilo porque eu te amo e amo sua família, ela é a minha família também.
-Nós sabemos disso e amamos você. Obrigado por tudo, minha linda.
Depois disso eu dormi e acho que ele também. Quando eu acordei eram umas quatro da tarde, Matt já não estava na minha cama então eu desci. Ele estava lá com seus irmãos vendo alguma coisa na televisão da sala.
-Bom dia, flor do dia.
-Vai se ferrar, por que você já ta acordado? -Eu ri
-Tenho família pra criar -Ele apontou pros seus irmãos com a cabeça.
-Ah, sim. Vocês já comeram?
-Não.
-Vamos pedir pizza então.
-Fechou. -Eu peguei o telefone, dei pra Matt pedir a pizza, ele pediu e ficamos sentados no sofá.
-O Joe ta lá em cima?
-Ele saiu hoje mais cedo. Disse que ia na casa de uma tal Marina. Você conhece ela?
-Acho que é alguma vadiazinha qualquer da escola. -Um pouco depois a campainha tocou, peguei o dinheiro que a minha deixa pra emergências e abri a porta.
-J-Jake?
-M-Madison? -Ele brincou comigo e deu um sorrisinho em seguida.
-O que faz aqui?
-Você faltou na aula e eu vim ver se tá tudo bem. -Fiquei parada, sem dizer nada, olhando pra ele sem reação. -Então...
-Ah, é, uhm, eu to bem, você tá bem?
-Eu to bem sim...-Ele deu uma risadinha meiga e o entegador de pizza apareceu atrás dele.
-Ah, é. A gente pediu pizza, entra!
-A gente? -Ele disse enquanto entrava, olhou pro lado da sala e viu Matt sentado no sofá e seus irmãos no chão vendo TV. -Ah, oi. Meu nome é Jake. -Ele andou até onde Matt estava e o cumprimentou e deu um oi pros irmãos dele de longe.
-Sou o Matthew.
Paguei a pizza e levei até a cozinha. Eu realmente estava morrendo de vergonha porque eu estava de pijama, tinha acabado de acordar, meu cabelo estava uma bagunça e meu rímel meio escorrido. "Por que diabos ele tinha que vir na minha casa nessa hora?", pensei. Jake, Matt e seus dois irmãos foram pra cozinha logo atrás de mim.
-Jake, vai querer um pedaço?
-Não, tudo bem, eu comi alguma coisa em casa.
Matt já tinha pego os pratos e os copos. Nós comemos enquanto Matt e Jake conversavam sobre qualquer coisa e ás vezes um deles me colocava no meio da conversa com alguma coisa do tipo "Não é verdade, Maddie?" e eu só concordava com a cabeça, sem dizer nada e finalmente Matt terminou de comer e percebeu que aquilo era desagradável pra mim.
-Sinto muito, Jake, mas agora eu preciso levar o Nate e a Vicky pra visitar minha mãe no hospital.
-Não esquenta, foi legal te conhecer, cara.
-Nos vemos por aí! -Eles pegaram seus casacos, se despediram de mim com um beijo e saíram de casa. Voltamos pra cozinha e eu recolhi todos os pratos da mesa e os coloquei na pia.
-Então...Matt é um cara bem legal.
-Sim, ele é.
-Ele é tipo seu namorado?
-Namorado? Tá louco? Ele é meu melhor amigo desde a infância.
-Entendi.
-Vamos subir pro meu quarto.
-O que vamos fazer lá, hum?
-Ah, você sabe, sexo daquele bem selvagem.
-Parece divertido.
-Cala a boca! -Nós rimos equanto subíamos as escadas, entrei no meu quarto deixando Jake pro lado de fora e fechei a porta bloqueando a visão dele pro quarto fazendo com que só meu corpo aparecesse.
-Desculpe mas eu vou trocar de roupa e você vai ter que esperar aí.
-Sério? Queria ajudar você a tirar sua roupa, mas tudo bem. -Ri, um pouco sem graça e dei uns tapas nele.
-Melhor cantada não existe. Fique aqui, e não olhe, sério!
-Sem problemas. -Encostei a porta do meu quarto deixando uma brecha minúscula, eu acho que não dava pra enchergar nada. Peguei o primeiro jeans e a primeira camiseta que achei e vesti no lugar do pijama super pequeno que eu usava.
-Pode entrar! -Ele entrou, sem dizer nada, deixou a porta encostada do mesmo jeito que eu tinha feito antes e se sentou na minha cama. -Então...o que você gosta de ouvir? -Apontei pros meus milhares de CDs que ficavam na estante e pros discos de vinil que ficavam embaixo dos cds, no chão.
-Puta que pariu, quanta coisa!
-Comecei a comprar meus CDs decentes com 13 anos. -Ele se levantou e começou a mexer nos CDs, pegou e me entregou. -Boa escolha! Tire seus tênis e sua jaqueta, pode jogar em qualquer canto! -Coloquei o CD "Is This It" dos Strokes no aparelho de som e aumentei um pouco o volume, não tava nem auto demais e nem baixo. Me joguei na cama, Jake fez o mesmo. Comecei a cantarolar a música "Someday" que estava tocando e depois de um tempo ele também."In many ways, they'll miss the good old days
Someday, someday
Yeah, it hurts to say, but I want you to stay
Sometimes, sometimes
When we was young, oh man, did we have fun
Always, always
Promises, they break before they're made
Sometimes, sometimes..."-Sabe, você tem um ótimo gosto musical, garota. Pensei que você gostava de coisas tipo bandinhas teen igual um monte de menina aí.
-Obrigada, eu acho. -Fiquei meio confusa com aquilo, porém sem graça. -Ei, quer beber alguma coisa?
-Pode ser.
-Espere aqui, eu já volto. -Desci pra cozinha, peguei uma garrafa de Jack Daniel's e voltei pro meu quarto. Jake estava de pé olhando as coisas do meu quarto, sentei na minha cama, abri a garrafa e tomei um gole, fiquei olhando pra ele até ele se virar pra mim, então eu passei a garrafa pra ele e tomou um gole. Jake me puxou, me fazendo levantar e começou a fazer uma dancinha engraçada comigo. Nós dançamos, rimos, bebemos um pouco mas não exageramos. Quando estava com Jake eu sempre estava feliz mesmo quando era pra eu realmente estar preocupada ou triste, me sentia livre e leve, eu sentia que podia fazer qualquer coisa, sentia um infinito dentro de mim, ele me fazia bem de uma forma inexplicável, Jake fazia meus problemas desaparecerem num piscar de olhos e eu amava tudo naquele garoto. E foi dançando no meu quarto ao som de The Strokes que eu tive certeza de que estava apaixonada por Jake McLight com todo o meu coração e isso era realmente incrível.
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The Best Damn Thing
Novela JuvenilMadison Sparks e Jake McLight se conheceram por acaso. Ambos eram do primeiro grau em uma escola particular em Manhattan e sim, eles se apaixonaram. Mas não era um apenas um romance qualquer de colegial, não mesmo, era um amor intenso, forte e glori...