cinza cinza cinza

rosa.

Há muito tempo, ouvi uma menina sussurrar, por debaixo das músicas altas, que ia pintar o cabelo de rosa. Não sabia se era verdade, ou se aquilo era legal. também não me lembrava como rosa era. 

"Às vezes você precisa fazer algumas coisas ilegais" ela me disse. Não sei como ela tinha arrumado uma tinta. Era mais fácil arrumar um coração humano ainda pulsante.

Eu gostaria de fazer algo assim, eu acho. Tanto cinza está me enlouquecendo. Mas se estamos aqui, não tem como ir embora. Às vezes eu quero ir embora. Mas esse era o sonho, certo? Todos iguais. Idênticos. Cinzas como o chão e o céu. As cinzas de uma grande fogueira.

Ela disse isso, nunca mais a vi. Acho que ela foi pega. Me sinto mal por ela, pelo menos ela estava tentando. Queria ter tido mais tempo, ou tê-la ajudado. Talvez se eu soubesse do que eu sei hoje.

Não que eu saiba de muito, na verdade compreendo sobre muito pouco. Mas sei que ela estava tentando quando ninguém mais tentou e que ela sumiu por isso.

Gostaria de saber o que aconteceu com ela.
E se ela tinha conseguido, afinal, pintar os cabelos de rosa.

Seja lá o que rosa for.

Por mais que eu me esforce como o inferno, eu não consigo me lembrar.

Sinto falta das cores.