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- mais uma vez! – ordenou um moreno de pele morena e rosto um tanto quadrado vendo dois rapazes idênticos frente a frente saltarem na direção um do outro e começarem a medir força.

As mãos unidas empurravam uma a outra. Os pés descalços deslizavam pela areia da praia. Os rapazes usavam toda a sua força naquela disputa. Um deles começou, finalmente, a subjugar o outro, que, notando a desvantagem que surgia, permitiu que o adversário lhe movesse um passo para trás. No entanto, com esse movimento, o rapaz que perdia na disputa puxou o outro, o fazendo perder a firmeza dos pés sobre o solo. Girando o corpo, ele aproveitou o desequilíbrio do adversário, o ergueu do chão e o lançou longe. Enquanto o outro ainda voava, o rapaz desapareceu da visão do moreno de pele morena, deixando uma enorme nuvem de areia demarcando o local por onde passava, antes de parar atrás do adversário e o golpear nas costas com o cotovelo, o lançando no chão com força o suficiente para levantar uma nuvem de areia com o impacto.

Em questão de segundos, o rapaz que estava jogado no chão da praia se ergueu, socando o queixo do outro, o erguendo do chão, antes de segurar nas pernas dele e o erguer mais ainda, girando na direção do moreno que os assistia e lançando o adversário no chão. O rapaz sentado na varanda da casa de praia analisava os movimentos dos gêmeos, vendo o desempenho de ambos na luta corpo a corpo. Ele fazia comparações com o que havia presenciado na luta contra a única dupla do tipo Darkus que haviam encontrado. Stiles foi um demônio duro de enfrentar, e a capacidade de seu parceiro Derek em conseguir calcular a trajetória dos disparos de suas magias quando refletidas era uma habilidade perfeita para contra atacar as magias oculares de Aiden e Ethan. Para completar o combo, os dois liberaram uma magia nova durante a batalha.

Mesmo que o intuito do confronto não fosse queimar o livro do castanho de magia das trevas, o resultado fora revoltante para Danny. Ele jamais pensou que iria encontrar uma dupla como aquela. Stiles conseguiu impedir que eles ganhassem a disputa quando eles estavam quase com o livro em mãos. Mas o que mais lhe irritou foi as informações de Aiden e Ethan quando ele acordou. Elas lhe deixaram furioso. Ele não aceitava aquilo de forma alguma. Ele não iria deixar aquilo daquela forma. Danny não aceitaria ser derrotado por uma dupla como aquela e deixar por isso mesmo.

- Aiden, mais rápido. A sua reação foi muito lenta. Você é o mais forte fisicamente, tem que ser mais rápido. Ele desviaria facilmente – ordenou o humano que se encontrava com o livro azul ciano em suas costas.

- certo – respondeu o demônio citado, meneando positivamente, antes de avançar contra o irmão, tentando ser mais rápido em seus golpes.

“O único problema em aumentar a velocidade de Aiden como os demônios normalmente fazem, é que é muito arriscado para ele. Principalmente contra Stiles”

Danny ficava analisando tudo enquanto observava o treino de seus parceiros. Não era exatamente fácil notar que Aiden tinha mais força física do que o irmão, e que Ethan possuía mais força mágica do que o gêmeo. Mas Danny era diferente da maioria das pessoas. Na primeira batalha que tiveram, o humano notou os pontos fortes e fracos dos gêmeos, além de conseguir os diferenciar muito bem assim que os mesmos apareceram em seu campo de visão, lhe estendendo o livro as cor azul. O moreno sempre fora muito inteligente e possuía habilidades cognitivas impressionantes. Não era atoa que já estava formado em administração tendo apenas dezenove anos.

Aiden surgiu atrás de seu irmão, acertando um golpe nas costas do mesmo, mas, como esperado por Danny, o golpe não fora muito forte. Esse era o problema da estranha velocidade repentina dos demônios: todos eles tinham a capacidade de aumentar, por um curto espaço de tempo, a sua velocidade de forma que nenhum humano consiga vê-los corretamente enquanto se movem. No entanto, o preço por essa velocidade momentânea era a redução drástica de outras habilidades físicas, como força e resistência. Se um demônio em sua velocidade normal acerta um golpe em um demônio com a velocidade aumentada, pode gerar um nocaute instantâneo. O demônio adversário nem tentaria se levantar, ou amortecer a queda. Ele simplesmente apagaria de vez. Dependendo da localização do golpe, o demônio acertado poderia até mesmo ter um membro decepado. Por isso que são raras as vezes em que os demônios usam esse recurso .

- Ethan, treine a sua velocidade normal. Aiden, faça o mesmo. Precisam aumentar ela permanentemente – ordenou Danny, cruzando os braços.

- certo – responderam em uníssono.

- e em pensar que, mesmo com o humano, ele nos daria tanto trabalho – disse Aiden enquanto ele e o irmão seguiam para a varanda da casa, onde haviam vários pesos de academia jogados na areia, assim como as correntes que estavam presas aos mesmos.

- pois é. Eu esperava que o nível dele caísse mais do que isso – argumentou Ethan encarando o irmão concordar consigo em um meneio de cabeça.

- uhum. Eu também não esperava que ele se mantivesse em um nível desses depois de encontrar um humano – disse Aiden enquanto terminava de prender as correntes ligadas a alguns dos pesos em sua perna esquerda.

- vai ser um pouco difícil superar ele – falou Ethan, sério, enquanto parava para refletir.

Stiles se mantinha em seu caminho para ser rei do Inferno. Ele e Aiden teriam que treinar muito para poderem ultrapassar o obstáculo que o castanho de olhos claros representava. Ele não queria mais ser como era no Inferno, onde ele apenas podia ver as costas do Stilinski em todas as batalhas em grupo em que se envolviam. No seu mundo, ele e o irmão sempre tinham que ver o castanho de trás, enquanto o mesmo usava uma de suas magias escuras e brilhantes.

- e as magias dele, mesmo sendo geradas pelo humano, permanecem fortes – comentou Aiden terminando de prender as correntes em sua outra perna e se levantando, esperando pelo irmão, que pareceu acordar de seus devaneios e lhe direcionou o olhar.

- mas você percebeu? – indagou Ethan terminando de prender as correntes em sua segunda perna e se erguendo, se colocando de frente para o gêmeo, que ficou sério.

- não ter percebido seria impossível – respondeu cerrando os punhos ao se lembrar da sua luta com o ex-colega de trabalho.

- também fiquei bastante irritado – comentou Ethan enquanto caminhava com o irmão para o mar.

- o que acha que pode ser? – questionou Aiden enquanto começavam a correr com os pés na água, o que deixava os pesos em suas pernas ainda mais pesados, já que a água do mar dificultava a movimentação tanto de suas pernas, quanto dos pesos.

- eu não sei. Talvez seja o humano – respondeu o gêmeo correndo o mais rápido que podia com aqueles pesos e a água.

- eu cheguei a pensar que foram os organizadores do torneio – comentou Aiden chamando a atenção do irmão.

- e eles teriam poder para isso? Pensei que eles só fizessem monitorar as batalhas, nos alertar das fases e transportar os sacrifícios – argumentou Ethan vendo o irmão ficar pensativo.

- não sei o que é. Tudo o que eu sei é que está ao nosso favor – Aiden encerrou o assunto vendo o irmão menear positivamente em concordância.











- o que é aquilo? – murmurou Stiles, curioso, no ouvido do parceiro, enquanto encarava Cora, sentada no sofá, usando algo completamente estranho para si.

- o quê? – perguntou Derek, confuso com a confusão do parceiro.

- aquela coisa estranha na mão dela. É algum tipo de arma humana? – indagou ainda em sussurros, já que ambas as irmãs de seu humano se encontravam no apartamento do mesmo.

Derek olhou, curioso, para a irmã policial, tentando descobrir o que estava causando toda aquela curiosidade em seu demônio. Laura estava sentada no sofá, com as pernas sobre a mesa de centro enquanto lia algum processo com o qual tinha que lidar. Ela era boa o suficiente para trabalhar com algo tão sério na presença de sua família baderneira. Cora estava ao lado da irmã mais velha, concentrada no que fazia. Olhos vidrados na tv para não perder nada, enquanto suas mãos seguravam algo na forma de um trapézio distorcido. Derek sentiu uma imensa vontade de rir ao entender o que estava acontecendo ali.

- aquilo?! Se chama videogame – respondeu o moreno vendo o castanho atrás de si soltar um “hm” comprido, como se com aquelas palavras tudo estivesse claro para si.

- e o que é isso? – questionou o demônio direcionado o olhar para os olhos do humano, que tratava de fazer hambúrgueres para todos. Derek riu, chamando a atenção de Laura, que olhou curiosa na direção dos dois homens. Ela sorriu derretida ao ver o sorriso largo do irmão enquanto o mesmo conversava com o castanho.

- aquilo é um passatempo humano. Ele cria um mundo alternativo que você só pode ver pela televisão, e só pode fazer alguma coisa com aquilo que está na mão da Cora, que se chama Joystick – explicou o moreno de olhos verdes vendo o castanho de olhos claros estreitar o olhar na direção da televisão, vendo uma luta ocorrendo ali.

- acho que entendi – murmurou o demônio ainda encarando a policial se entreter, de longe.

- olhe. A Cora é aquela mulher de azul. O videogame está controlando o homem de metal. A missão da Cora é ficar viva e matar os outros – disse o Hale, colocando o braço por sobre os ombros do parceiro para puxar o mesmo mais para si para que pudesse sussurrar a explicação para ele enquanto apontava com a mão suja de carne moída para a televisão.

- até o nosso irmão achou um homem legal e a gente não – murmurou Laura para a irmã, vendo a mesma, após ganhar a partida, olha por sobre o ombro para a cozinha, vendo o irmão abraçando o castanho por sobre os ombros, enquanto sorria.

- quem diria que o antissocial da família conseguiria ser o mais namorador dos três?! – murmurou Cora voltando a sua atenção para o jogo.

- Derek – chamou Stiles vendo o Hale lhe observar.

- o quê? – indagou o moreno vendo o castanho olhar sério para a televisão.

- pode me soltar? Sua mão cheirando a carne está me dando fome – pediu o Stilinski vendo o moreno lhe soltar ao mesmo tempo em que pedia desculpas.

Derek olhou para as irmãs, vendo as duas alheias a cozinha. O moreno pegou um pouco da carne que estava usando para fazer o almoço e fez uma bola com a mesma, antes de a erguer na direção do demônio. Stiles o fitou confuso, tentando entender que tipo de tortura humana era aquela.

- abre a boca – sussurrou moreno vendo o castanho lhe fitar animado, antes de lhe obedecer. O Hale colocou a bola de carne na boca do castanho e puxou a mão de volta, com velocidade, devido ao susto ao ver os dentes do castanho crescerem, do nada, como espinhos que saem das paredes em filmes de aventura e terror.

- agora saia daqui que eu preciso terminar isso – ordenou  o humano voltando sua atenção para o almoço, enquanto o castanho, sorridente, retornava para a sala.

- você não tinha uma ocorrência hoje? – perguntou Laura olhando para a irmã mais nova. Cora suspirou, irritada.

- tinha. Mas já não tenho mais – respondeu e Laura percebeu, pelo jogo, que a irmã havia ficado mais violenta.

Antes, Cora dedilhava pelo controle com calma, executando combos medianos. Agora, a mulher apertava os botões com fúria e ódio fazendo a sua personagem executar combos que mal permitiam queno adversário tocasse o solo.

- e o que era? – perguntou Stiles, parado atrás de Laura. Ele havia tirado as palavras da boca da mais velha dos Hale.

- houve um acidente no zoológico. Algumas pessoas disseram ter visto uma mulher usando um lança chamas e um homem criando ventanias do nada – respondeu a policial, ignorando os dois curiosos ao seu lado.

- e por que não foi investigar? - inquiriu a irmã mais velha, perdendo o estado de choque de Stiles atrás de si.

- o FBI já tomou o caso para eles – respondeu séria.

- e acreditam nessas pessoas? – perguntou a advogada, não levando muita fé nas palavras das testemunhas.

- ontem, rolaram vídeos amadores na internet. E o zoológico está destruído. O governo tem feito de tudo para esses vídeos sumirem da internet – argumentou Cora pausando o jogo para fazer, com mais dedicação, o que estava fazendo desde que recebeu a notícia de que não precisava mais ir ao zoológico: pensar no que estava acontecendo com aquela cidade.

Stiles apenas cerrou os punhos. Ele sabia o que havia acontecido no zoológico. Derek não sabia, mas, a noite, Stiles havia saído pela varanda e ido verificar o que havia acontecido naquele lugar. Era óbvio. Um demônio do tipo Pyrus e um do tipo Harus lutaram ali. Ele reconhecia a magia que viu do apartamento. Aquele enorme ciclone de vento. Só havia um demônio que ele conhecia que podia criar aquilo. E ele havia reconhecido a sua presença no momento em que ele soltou aquela magia. Aquela magia era de um nível acima das suas. Falconyir já havia conseguido uma magia daquelas. E o atributo de vento não era fácil de se lidar. Principalmente quando se era de um atributo fogo, como a adversária dele no zoológico. Aquela mulher com certeza foi massacrada facilmente.

O Stilinski olhou na direção do quarto de Derek, onde o livro se encontrava escondido. Stiles se encontrava preocupado. Ele sabia o que podia fazer. Sabia que não poderia com a magia de Falconyir se ele a usasse contra si. Aquele tornado seria o suficiente para fazer Derek perder a coragem e se render. Rayhwallu provavelmente não funcionaria com aquela magia. O ciclone era grande demais para o seu escudo. Ele precisava ficar mais forte. Precisava ficar mais ágil. Ele tinha que proteger Derek. Então ele devia pensar, e rápido, em um jeito de vencer aquilo.

- não posso usar aquilo. Ainda não – murmurou para si mesmo, cruzando os braços diante do peito.

- disse alguma coisa? – perguntou Laura, despertando o demônio de seus devaneios.

- não, nada – respondeu castanho dando as costas à mulher e seguindo para a varanda.

Ele não podia perder para Falconyir. Stiles não podia voltar para o Inferno. Pelo menos não sem antes fazer o que ele deveria fazer no mundo humano. Tudo iria mudar se ele conseguisse cumprir com o seu objetivo. Mesmo que ele tenha que enfrentar os três de uma vez, ou até mesmo os quatro. Ele não iria desapontar Helena.











- você está bem? – perguntou Allison vendo a ruiva a sua frente fazer um esforço desgastante até mesmo para um demônio.

Lydia estava sentada sobre a cama do hotel, com um cristal colorido brilhante diante do seu peito, enquanto flutuava entre as mãos da ruiva. Allison já via a parceira fazer aquilo há dias, mas não obtinha resultado algum. A demônio estava ficando mais cansada a cada tentativa. Aquilo exigia muito dela. Segundo a ruiva, até mesmo a sua mãe, de quem herdara tal habilidade, tinha certa dificuldade em achar um demônio específico. A garota demônio suava, mesmo com o ar-condicionado na potência máxima.

Na mente da ruiva, a imagem de um ambiente escuro era projetada. Ela via tudo em negro, como se fossem sombras, enquanto o fundo era um vermelho brilhante, cheio de pontos que se moviam constantemente, como formigas desordenadas. Ela podia ver a imagem de duas pessoas, com certeza um demônio e seu parceiro, encarando outra dupla. Ela podia ver os olhos deles diferentes. Eles brilhavam em branco. O membro mais alto da ultima dupla estava com um olhar determinado, assim como a outra dupla, e o mais baixo com um sorriso sádico que exibia todos os dentes. Lydia pôde ouvir a sua risada sádica que dizia o quanto ele estava se divertindo com aquilo. Aquela rizada... se parecia e muito com a dele. Lydia precisava ver o seu rosto para confirmar as suas suspeitas.

- eu... estou... quase... – a adolescente falou com certa dificuldade, antes de o cristal brilhar com intensidade e ela ser lançada na parede do quarto, causando certo estrondo. Allison, que havia fechado os olhos e os coberto com o braço, se viu surpresa ao encontrar a parceira no chão do quarto.

- LYDIA! – a morena correu até a ruiva, ajudando a mesma a se erguer.

- merda – praguejou a ruiva, baixinho, enquanto arfava.

- você está bem? – indagou a Argent vendo a parceira menear com a cabeça em afirmação.

- conseguiu? – perguntou a cantora vendo a parceira negar com a cabeça.

- ele deve estar se escondendo – murmurou a ruiva enquanto se afastava da parceira.

Ela havia se recuperado o suficiente para parecer estar bem. Mas Lydia estava só o pó. Ela não aguentaria nem um soco de um humano no estado em que se encontrava. Fazer uso do seu dom natural era desgastante demais. Quando a ruiva se sentou na posição de lotus novamente, Allison correu para afastar o pedaço de cristal da parceira. Lydia encarou, confusa, a humana lhe fitar com repreensão

- está doida?! – indagou a Argent.

- o que está fazendo, Alli? – perguntou a ruiva vendo a humana guardar o cristal na gaveta de cima da cômoda.

- você está caindo aos pedaços, Lydia. Tem que descansar. Não dormiu a noite toda procurando esse cara – alertou a humana vendo a ruiva suspirar.

- eu não vou descansar até achar ele! – argumentou a ruiva, tentando se erguer, no entanto, as suas pernas falharam, lhe fazendo cair de lado sobre a cama.

- viu?! Você não se aguenta em pé. Do que adianta achar ele se vai morrer no processo? – perguntou a humana se aproximando da cama para ajudar a parceira a se deitar na mesma.

- não me importo de morrer. Contanto que eu o mate, eu vou morrer feliz – respondeu a demônio vendo a humana lhe fitar com seriedade. O silêncio se instalou no quarto antes de Allison suspirar e se sentar na cama da parceira.

- você realmente o odeia, não é? – indagou a cantora vendo a outra apenas fitar o teto com determinação.

- ele mentiu para mim. Ele me deixou uma marca incurável, Alli – falou ainda encarando o teto, antes de desviar o olhar para a mulher ao seu lado.

- eu o odeio mais do que tudo – respondeu com um tom de voz tão calmo e sério, que causou um calafrio na espinha da humana.

- venha, deite-se um pouco. Você tem que estar forte quando o encontrar. Lembro que me disse que ele é a criança mais forte do Inferno – ditou a cantora cobrindo a ruiva, enquanto a mesma tratava de deitar a cabeça no travesseiro.

- é, ele é, sim. Mas a estrela dele não vai brilhar por muito mais tempo – disse a ruiva, com a voz calma, vendo a parceira menear em concordância.

- tente descansar, por favor – pediu a humana vendo Lydia suspirar e menear em concordância.

- canta para mim? – pediu a demônio vendo a Argent menear em concordância.

- qual você quer? – perguntou vendo a outra pensar.

- “você não me possui” – respondeu a ruiva já fechando os olhos.











- e então? Sobre o quê quer conversar comigo? – indagou o loiro enquanto encarava o mascarado a sua frente se curvar para si.

- majestade – o demônio de sobretudo branco o cumprimentou ainda curvado, com o punho direito sobre o lado esquerdo do peito, em uma reverência.

- ainda não sou sua majestade... Pelo menos não continuo sendo – disse o demônio louro enquanto a túnica branca que vestia balançava ao vento, devido a altitude em que flutuavam.

- como príncipe do Inferno, mesmo sendo o meu adversário nesse torneio, devo me curvar em reverência – falou mascarado sorrindo largo para o louro com asas a sua frente.

- agradeço o respeito, mas não creio que me chamou aqui para me bajular – ditou o louro de olhos azuis vendo os olhos também azuis do outro tomarem um leve brilho vermelho.

- quero lhe fazer uma proposta – o outro voou, fazendo um circulo ao redor do demônio com seis asas.

- estou ouvindo – falou cruzando os braços na frente do peito, cobrindo o mamilo que a túnica não cobria, assim como uma parte da tatuagem de lua sobre o mesmo.

- eu estou montando um exercito contra os membros de um determinado clã. E eu me sentiria honrado se Vossa Majestade me ajudasse com isso – revelou enquanto voltava a se posicionar na frente do demônio que mais se parecia com o ideal de um anjo para os humanos, enquanto o seu sobretudo balançava ao vento, do mesmo modo que a vestimenta do outro.

- e por quê eu abaixaria a cabeça para você? – indagou o príncipe do Inferno lançando um olhar de tédio para o outro.

- de forma alguma eu peço que abaixe a cabeça para mim, muito menos desejo que pense que quero me sobrepor a Vossa Majestade. Estou apenas pedindo que se alie a mim nessa batalha que decidirá que tipo de reinado o Inferno terá depois do reinado pacífico e próspero do seu pai, que Lúcifer o tenha – o demônio de sobretudo tratou de explicar exasperado, antes de cobrir o peito esquerdo com a palma da mão direita, erguendo um pouco a cabeça no ato.

- um Phyrus pronunciando e reverenciando o Deus de Lumus?! Isso é algo raro de se ver – sorriu o louro batendo as asas no ato, fazendo com que uma pena branca e brilhante, que aparentava ser coberta por uma fina camada de diamantes, se desprender de uma de suas asas e cair lentamente, dançando ao vento.

- não sou exatamente um religioso, mas também não desdenho das religiões das outras tribos – disse o de sobretudo, sorrindo ladino na direção do príncipe.

- e aí? O que me diz? Aceita mudar o rumo desse torneio para um reinado semelhante ao do nosso amado Rei Lucio? – indagou o mascarado vendo o louro erguer a sobrancelha em sua direção.

O demônio com asas havia sido encontrado pelo outro demônio enquanto passeava com o seu humano pelas ruas de Amsterdã. No início, eles já se prepararam para a batalha, mas o mascarado insistiu que não queria lutar contra o príncipe e disse ter vindo apenas fazer uma proposta que iria interessar ao membro da realeza Infernal . No entanto, ambos os lados estavam receosos de um ataque surpresa durante o diálogo. Então, trataram de deixar os humanos em terra firme, enquanto negociavam no ar. Era do conhecimento de ambos que cada um tinha a capacidade de voar. O mascarado através de sua habilidade natural, e o príncipe com o uso de suas asas. O demônio de sobretudo já sorria contido. Ele tinha certeza de que o louro não iria recusar a sua proposta.

- é uma proposta tentadora, Lorde – disse o príncipe e o sorriso nos lábios do Lorde cresceu rapidamente.

- não vai...

- mas eu recuso – falou o príncipe cortando o outro, que ficou em choque.

- como? – questionou confuso e descrente.

- não me interesso em vencer parte do torneio me escondendo atrás de um exército – ditou o louro com uma tatuagem azul na bochecha esquerda, já dando as costas para o outro.

O Lorde sorriu traquino. Ele tratou de seguir o príncipe quando o mesmo começou a descer. Ambos tomaram velocidade na queda. O louro com os pés estirados para o chão e os braços para cima, e o mascarado com os braços cruzados atrás das costas. Assim que atingiram o chão, ambos os parceiros humanos direcionaram o olhar para os dois demônios. Os dois humanos usavam mascaras para esconder as suas identidades.

O humano de terno branco usava uma máscara de ferro parecida com a de seu parceiro, mas que lhe cobriam apenas os olhos. Já o humano de jaqueta de couro usava uma máscara daquelas de baile, mas que lhe cobria a metade esquerda dos lábios. O demônio com asas deu um passo para a frente quando o Lorde lambeu os lábios rapidamente.

- a vingança, realmente, não lhe interessa? – indagou o demônio mascarado vendo o príncipe parar imediatamente.

Ele já havia planejado tudo. Mesmo que tivesse certeza de que o outro fosse aceitar a sua proposta, ele já havia se preparado para a possibilidade de ter a proposta recusada. Ele era um Lorde, no final das contas, sabia negociar. E se havia algo que funcionava nos negócios, era o interesse. Se o negócio interessasse ao outro, o negociante vencia. E se tinha uma coisa que ele visava, era vencer. Por isso tratou de pensar em como roubar o interesse do príncipe em lhe ajudar.

- perdão? – questionou o louro, confuso, enquanto as asas se contraiam atrás de si.

- o clã que eu pretendo banir dessa edição do torneio, é o clã do demônio que matou o seu pai – ditou o mascarado vendo o príncipe lhe fitar surpreso.

- pretende localizar e derrotar todos os membros do clã dele? – questionou curioso vendo o outro desdenhar de suas palavras.

- eu já fiz isso. Sei onde cada um deles está, quem são os seus parceiros e se são fortes com eles ou não – ditou vendo o louro com marcas azuis lhe fitar surpreso.

- todos? – inquiriu vendo o outro sorrir vitorioso.

- cada um dos sete – respondeu o mascarado vendo o louro olhar para o parceiro brevemente.

- estamos dentro – respondeu o humano de jaqueta de couro vendo o humano de terno sorrir vitorioso.

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