Cap 11 - Job

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— Acho que ficou grande - disse saindo do banheiro. Barnaby dono da loja de bugiganga me deu um macacão na intensão de fazer quadros para serem vendidos na sua loja - Cabe duas de mim aqui. - ri. As mangas balançavam sozinhas, nem minhas mãos eram vistas.

— Que isso pequena - pegou o cavalete e ajeitou o quadro branco no mesmo - Não quero sujar sua roupa, veja isso como preocupação. - bateu palminhas animado - Quero que se expresse, traga cores, dores... tudo o que conseguir trazer em forma de desenho. - pegou a caixa das diferentes tintas e muitas cores. A loja era bem visitada, pois como havia dito, vende de tudo e as pessoas amam a facilidade dessa loja - As pessoas vão amar o up que iremos dar nesse local.

— Iremos?

— Sim, claro - segurou cada mão em um lado do meu rosto - Você me ajudara com os desenhos, pinturas... quem sabe o banner dessa loja - beijou minha testa e caminhou até a porta - Tenha todo tempo do mundo, se sentir fome, pegue o que quiser. - ia fechando mas logo parou virando para mim, como se tivesse esquecido de algo - Estarei aqui, se precisar de algo é só me chamar.

— Obrigada! - sorriu fraco para o rapaz.

— Não me agradeça, eu que deveria estar grato... quero dizer eu estou.

Assim que Barnaby saiu me deixando sozinha com o quadro em branco, pude pensar mais abertamente, utilizando do silêncio ao meu favor.

Bar, ele era um cara legal, apesar do seu estilo de roupa excêntrico, ele é extremamente engraçado e contente, adora fofocar sobre a vida e a arte. Barnaby me contou nesses dois dias de convivência muitas histórias sobre sua vida em NY e como ele veio parar em Monts. Ele carregava uma bagagem enorme nas costas, berrava seus quarenta anos e tinha muita história doida para contar.

— Não tem família? - perguntei inocente.

— Não, perdi minha mãe quando tinha dez, desde então pulei de orfanato para orfanato - sorriu fraco, como uma lembrança triste - E você?

Estávamos sentados em um dos banquinhos na parte de trás da loja. Foi meu primeiro dia, eu estava contente e preocupada, por estar mentido a todos em minha volta.

— Meus pais estão vivos, mas sinto que não... - dei de ombros mordendo a maça que ele havia me dado - Eles me tratam com estranheza, na verdade todos me tratam assim, eu deveria estar acostumada, certo?

— Não. - falou rápido demais, mas logo se recompôs - Mas espero que isso melhore, ninguém deveria viver brigado com os pais.

Uma das coisas que descobri sobre Barnaby era que ele se importava com a família não importa as dificuldades ele sempre iria defender a sua, se tivesse.

Mas nesses dois dias eu senti que éramos uma família. Porque ele literalmente me tratava como uma filha, como se ele me conhecesse desde quando eu nasci e não a três dias atrás quando eu vim aqui comprar uma tinta pro trabalho de arte. Ele era doido, mas eu o amava.

Não tive coragem de contar para as garotas sobre isso, mas eu também não as via a dias. Então, tudo bem mentir para o fantasma, certo?

— O que tanto pensa? - perguntou batendo na minha cabeça de leve - O que te levou para o mundo da lua?

— Nada demais, eu só estava vendo os prós e contras de contar sobre isso...

— Não contou?

— Não tive tempo, não vejo ninguém a dias... - suspirei colocando o pincel no descanso - As vezes acho que sou um peso naquela casa, sei lá e estranho viver lá.

— Sabe que sempre terá meu teto... - pensou sobre o que acabou de falar. Sorri fraco para o mesmo - Eu sei e estranho um cara de quarenta anos que não sai de casa e vive dentro dessa loja te oferecer abrigo. Eu também suspeitaria, nunca deixaria minha filha fazer uma doideira dessa... - continuei encarando. Era engraçado as suas caretas quando resolvia pensar - Mas eu te conheço a dois dias e te considero pacas. - riu de forma engraçada - Vou voltar lá para frente minha jovem...

      Assenti e o vi partir. Encarei a tela e logo tive uma ideia. Tentei organizar tudo certinho. Peguei todas as tintas coloridas, descartando as cores brancas, pretas e cinzas (utilizar só se for para misturar!). Faria algo colorido, algo que iluminaria o local.

      Fiz o tempo chuvoso, as nuvens cheias mas diferente. Elas brilhavam, uma maneira diferente do cinzento que costumava ter nesses dias. O sol não se escondia, ele brincava em cima das nuvens com a lua, ambos sorriam inocentes. Embaixo, o corpo de uma jovem garotinha, ela trajava roupas adequadas para os tempos de chuva, estava em uma poça de lama, quando chovia. As gotas eram coloridas, dando a alegria ao quadro.

    O tema: A chuva na visão de uma criança.

    Eu poderia me considerar uma criança? Acho que sim, adorava sair quando chovia.

     Mas um voz bem conhecida inundou toda a loja. A nojenta e enjoada voz de Jungkook.

— E ai maluco. - riu alto. O barulho de coisa caindo fez que meu corpo fervesse de raiva - Então, agora deu de vender quadros? Que bela bosta!

— Vamos embora, Jungkook, Barnaby não nos ajudara com isso - a doce e calma voz na Lisa me fez segurar a respiração - Ele só e um vampiro velho que vive trancado nessa loja por ter pedido o amor da vida dele - ok, Lalisa isso doeu em mim, quanta falta de empatia. - Jk, vamos agora, Morgana não precisa de nada daqui... tenha uma boa tarde, Barnaby. - escutei o sininho da porta e logo depois o baque da porta.

     O barulho de choro cortou meu coração. Corri até a frente encontrando Barnaby sentado no chão tampando os olhos.

— Você esta bem? - perguntei baixinho - Ei, por favor, eu sou péssima para consolar pessoas que choram - abracei-o. Acho que minha fala o vez sorriu fraco.

— Você não deveria ter ouvido... eles são maus. - apontou para a porta - O que escutou? - fungou - Agora você sabe meu segredo. - sorri enquanto tentava acalma-lo - Droga eu sou um velho que vive nessa loja a anos e tenho tantos anos que até perdi a conta - ri.

— Ei, não ligue para eles, e você continua sendo incrível - ergui sua cabeça para que me olhasse - Espere aqui rapidinho.

     Corri para minha bolsa e peguei o objeto que sempre mantinha guardado em uma caixinha.

— Eu sempre guardo isso - lhe entreguei a pulseirinha com minhas iniciais - E a única coisa que tenho da pessoa que mais amou nesse mundo e que nunca me discriminou eu a guardo para sempre me lembrar dela e de seus ensinamentos - sorri fraco - Não e só você que tem um segredo, como você não sai muito daqui, vou te dar resumo geral do lado de fora... eu sou odiada por todos - ele olhou em choque - Bom, deixe explicar. Eles acreditam que eu não faço parte de nenhum dos lados, você deve saber que a cidade e separada - ele assentiu - Então... para eles eu nunca me encaixarei.

— Oh - ele se aproximou mais de mim. Estávamos encostados na parede - Eles são uns babacas - chegou na conclusão, sorrindo - Ok, chega de tristeza.

    Me levantei, puxando-o para cima. Indiquei para a porta, dizendo silenciosamente que iria voltar ao trabalho.

— Isso pode ficar entre nós? - ele sorriu - Tipo aquela frase dos filmes "O que aconteceu em Las Vegas fica em Las Vegas?" Mas ai a gente muda para "O que foi dito na loja, fica na loja." O que acha?

— Por mim tudo bem.

STRANGE - Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora