CAPÍTULO SEIS

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7 de novembro de 2019
Orange County, Califórnia, Estados Unidos
Hina's POV

Atenção: o capítulo apresenta cenas de tortura e violência física e psicológica, se isso te incomoda de alguma maneira, pule para o próximo e se sinta livre de me perguntar o que aconteceu que te resumirei de maneira que não lhe apresente gatilhos.

- Você já sabe o que acontecerá se alguém ficar sabendo do que aconteceu aqui! - diz abotoando a calça.

- Sim, senhor! - concordo olhando para baixo.

- Sabe que não faço por mal, afinal você pede por isso, não é querida? - meu patrão pergunta apertando meu braço esquerdo.

- Sim, senhor!

- Agora vá cuidar do meu filho, que assim que eu voltar precisarei de você de novo. - concordo com a cabeça e caminho em direção à porta - Espere, você esqueceu isso aqui. - ele vem em minha direção e me beija, mas não abro minha boca - Você está aqui para me satisfazer, - diz segurando com força o meu pescoço - então abra a merda da boca. - contra minha vontade acabo cedendo quando a dor fica insuportável - Pode ir e nunca mais volte a me desobedecer, está entendendo? - balanço a cabeça e saio do quarto.

Vou para o banheiro a procura de alguma marca muito visível, percebo que meu pescoço está vermelho, mas posso usar a desculpa de ter pegado sol a mais na área. Já faz um ano e meio que trabalho nessa casa e, desde o princípio, situações de violência psicológica acontecem, porém elas só ocorrem por culpa minha, não é? Eu não me comporto e ele está no direito de me punir, afinal estou morando em sua casa e cuidando de seu filho. De qualquer forma não existe um problema nisso, tenho que parar de pensar demais e ir realizar minhas responsabilidades, prometi a Alex que brincaria com ele na piscina e já deve estar estranhando meu sumiço. Fui para meu quarto, coloquei o biquíni e depois brinquei com ele a manhã inteira. Duas horas da tarde Alan, meu patrão, voltou. Tinha terminado de colocar o garoto para dormir e conversava com Maria, a cozinheira, na cozinha.

- Você sabe que o que ele faz é errado, não se deixe levar pelo poder de autoridade que ele possui. Se não quiser denunciar, vá embora dessa casa, é mais fácil conseguir um emprego novo do que acabar com sua saúde mental.

- É só eu me comportar e não é tão fácil assim conseguir emprego, minha melhor amiga está, até hoje, tentando arrumar um.

- Se comportar? Nunca fez nada de errado aqui, apenas não tem voz e por isso ele te manipula. Acorda pra vida, meu anjo. - ela faz carinho em meu braço - A situação da sua melhor amiga pega no preconceito da sociedade, ela tem tudo para ser a melhor pessoa do trabalho. - fiquei pensativa com sua fala e ela percebeu isso - Converse com suas melhores amigas, elas te ajudarão e estarão ao seu lado.

- Não tem como você saber disso.

- Confia em mim, elas te amam e fariam qualquer coisa por você.

No resto do dia eu fiquei pensando se deveria contar ou não, meu patrão não veio me procurar, então acho que consegui me comportar bem hoje. Eu sempre me importei com isso, muito por causa de minha história. Any foi abandonada porque seus pais não queriam que ela atrapalhasse a nova vida deles, já Sina foi pelo fato da família não ter dinheiro para cuidar dela, elas não os viram e o meu caso é o mais profundo deles. Eu cheguei a conhecer meus pais, tenho fotos com eles, mas não me lembro de como era tê-los. Eles vieram para cá quando minha mãe estava grávida de mim e em um certo dia, a polícia apareceu no trabalho do meu pai e ele foi preso por estar ilegalmente no país, depois de um tempo ele foi morto. Quando procuraram algum familiar dele para noticiar sua morte, minha mãe foi descoberta e deportaram ela, como nasci aqui e meus pais tinham infringido as leis, fui mandada para o orfanato. Eu tinha dois anos, mas a justificativa dos policiais quando me deixaram lá foi que meus pais se comportaram mal e se fizesse isso acabaria que nem eles, daí vem o meu medo disso.

Minha nova família! | NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora