Capítulo 9

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  Querido Park Jimin,

  Enquanto lê isto, eu provavelmente estou me preparando para subir as escadas da nossa varanda, já que agora sou um homem que tem apenas uma perna, uma muleta e uma grande mochila. Engraçado, não? Por favor, eu sei que no momento está desesperado para abrir a porta, mas por favor, deixe-me fazer minha entrada triunfal.

  Já faz tanto tempo, meu amor. Seu cheiro, seu gosto doce, você. A cada dia que passava a saudade aumentava, e cada tiro dado naquele campo de guerra fazia meu coração apertar e eu pensava quando que iria acabar, quando poderia te ver de novo.

  Eu recebi suas cartas, grandes maços de cartas dotadas da sua bela caligrafia e palavras que formavam as mais belas frases, as vezes melancólicas, tanto que me faziam chorar e meu peito queimar, mas nada que eu não aguentasse.

  As bombas levaram uma das minhas pernas, a cada dia a esperança que eu tinha de te ver novamente diminuía, mas suas palavras me confortavam e diziam que eu era forte e iria conseguir passar por isso.

  Chorei durante várias noites, o medo me dominava por inteiro, eu passava dias sem suas mensagens marcadas por tinta preta, mas então, quando as coisas acalmavam, eu era abençoado com maços de papel amarelado e amassado, que guardavam suas orações, acendendo a pequena chama da persistência e esperança em mim. Me fazendo continuar.

  Em uma dessas noites, eles me pegaram, Jiminie. Me amarraram e me levaram. Fizeram coisas horríveis comigo, me despiram, deixando-me exposto ao frio e ao calor, me machucaram, tentaram extrair informações de mim, aos poucos eu sentia a vida dentro de mim se apagar, mas então lembrava que você estava me esperando e eu não podia desistir, se não por mim, por você. E eu não desisti. Eu aguentei. A dor terrível na minha epiderme, nos meus músculos, nos ossos, foi tão difícil, mas você me dava forças.

  Pelo que eu consegui contar, passaram-se 23 dias enquanto eu estava preso naquele lugar apavorante, sendo maltratado e torturado por aqueles homens. Ainda há cicatrizes em meus braços, pernas, tronco, por tudo. No vigésimo quarto dia, invadiram o campo de concentração. Me encontraram, descobriram que eu não estava morto, deram como um milagre. Então, me tiraram de lá, e a esperança voltou a queimar em mim. Após recuperado, recebi mais cartas suas. O meu remédio, capaz de curar todas as minhas feridas.

  O terror que eu passei é indescritível, meu amor, e eu agradeço todos os dias por você ter me dado forças para continuar, saiba que não deixei de te amar em nenhum momento, passei a amá-lo cada dia mais, mais e mais. Não sei se irá entender, mas saiba que sem você, eu não estaria vivo, até porque o amor que eu sinto por ti é mais forte que qualquer arma e bomba, ele é indestrutível e está sempre crescendo mais.

  Me perdoe por não escrever tanto, eu sou horrível com palavras, e nem sei se há como descrever tudo que passei e vivi, foi pior que terrível e apavorante, mas você sempre era a minha salvação diária. Obrigada, por me salvar, por não desistir de mim, por ainda me amar, obrigada por não acreditar neles.

  E agora, depois de tanto tempo, eu posso finalmente demonstrar esse amor ao vivo novamente, e não só por palavras. Eu te amo, mais que ontem e menos que amanhã. Para sempre seu, Jeon Jeongguk.

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Querido Jeongguk,Onde histórias criam vida. Descubra agora