Integrante de uma família humilde esquecida pela sociedade, Catharina nunca foi convidada para os grandes bailes mesmo já tendo idade para ser cortejada.
Entretanto, em um dia de outono, o inesperado acontece e Cath finalmente recebe um convite par...
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Enquanto sobe na carruagem e momentaneamente se despede da sua casa, Catharina se lembra com certo humor dos seus dois últimos dias entre os preparativos para viagem.
Não lhe fora permitido seu passeio diário no jardim, que mais tem galhos do que flores, para que seu tom de pele não ficasse avermelhado demais ao se expor ao sol morno do outono, seus cabelos foram escovados intermináveis vezes por suas duas irmãs na intenção de ficarem sedosos, os vestidos emprestados por sua tia, provados um a um para que alguns ajustes fossem feitos e pelo menos seis horas intermináveis de ensaio no piano foram rigorosamente cumpridas, tudo isso para uma missão que Cath não sabia se queria desempenhar. Encantar um homem cujas características nunca vira, nem ao menos tinha pistas dos seus costumes e que já está farta de saber que não tem chances.
— Melhore o humor, filha. Vamos passar uma semana com os Blenheim. – Como poderia ficar empolgada? — E eu tenho fé que você sairá desses dias comprometida. – Abaixa a cabeça e pensativa decide expor seus medos para a mãe.
— Ele nunca me olhará, por mais que use roupas emprestadas e mantenha a aparência de uma moça a sua altura, nem dote eu tenho para lhe oferecer. – Suas palavras deixam Franceline entristecida. — Mãe, ainda existem circunstâncias piores. E se ele olhar para mim e for um ogro que não gosta de tomar banho? Se tiver costumes repugnantes? Ele pode ser um libertino que nunca priorizará a família e ser viciado em jogos, como o papai.
Com os olhos marejados expõe seus temores que lhe roubam horas de paz e ninguém parece entender.
— Eu fui muito feliz com seu pai e nosso amor foi construído dia após dia. – Suspira como se estivesse voltando no tempo. — Quando seu irmão adoeceu e nos deixou, eu encontrei força em vocês minhas filhas para continuar, já meu amado Antony não conseguia mais ser o mesmo marido e pai. – A doce jovem bem se lembra do dia que os homens da casa saíram para irem até o celeiro da fazenda em uma tarde de inverno e do susto que toda família foi acometida ao ver George chegando com a pele arroxeada e suas roupas molhadas em um dos dias mais frios que viveu. Semanas depois o amado irmão, que anteriormente havia sido diagnosticado com uma pneumonia, em pouco tempo morrera. Já o seu pai, que foi salvo por seu filho e por isso também não havia caído em águas praticamente congeladas, ainda que vivo, encontrava-se desfalecido, sem ânimo.
— Eu sei, mãe. – E não estava mentindo, apesar de muito nova, Cath lembrava detalhadamente quando seu pai parou de administrar as plantações, das dívidas contraídas, dos jogos que passaram a ser seu vício em busca de algum ganho e em uma briga, após perder e não ter como pagar, acabara perdendo sua vida.
— Se sabe, anime-se. – Finge melhorar de humor para não preocupar a quem tanto lhe quer bem e aproveitando o leve balançar da carruagem, resolve descansar esperando assim que as horas passem.
