Capítulo 3 - O Regresso

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Capítulo 3 - O regresso

Lá fora as árvores aparecem e desaparecem a uma velocidade impressionante, o que pode provocar má disposição a algumas pessoas que estejam a olhar lá para fora, mas esse não é o meu caso, porque eu até gosto desta sensação.

Lá fora as árvores aparecem e desaparecem a uma velocidade impressionante, o que pode provocar má disposição a algumas pessoas que estejam a olhar lá para fora, mas esse não é o meu caso, porque eu até gosto desta sensação

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Outra razão pela qual eu gosto de andar de comboio, é o facto de os bancos estarem virados uns para os outros, fazendo com que as pessoas estejam frente a frente, o que eu acho bastante engraçado.

Devia aproveitar esta viagem para tentar descansar, pois desde a noite do Baile de Natal que não tenho conseguido dormir muito bem. E como a viagem até Goldenlake vai ser longa...

Espero que não me aconteça o mesmo que as noites anteriores, pois ou não conseguia pregar olho, ou então quando o fazia era arrebatada por pesadelos que me deixavam sem fôlego e assustada.

O pesadelo tem-se repetido noite após noite. De início até parecia ser bom, encontrava- me numa floresta, e depois um rapazinho fazia questão que eu o seguisse. Era impossível não atender ao seu pedido, pois ele era amoroso e doce, embora ao mesmo tempo o seu olhar verde irradiasse algum receio. Tinha os cabelos negros e revoltos como as ondas do mar e as suas mãos da cor da areia dourada eram percorridas por tremores sem razão aparente.

Para tentar acalmá-lo eu segui-o, e ele conduziu-me até uma gruta. Ele entrou, e eu fui atrás dele, até que este parou diante de uma porta. Ele conseguia entrar, mas eu não, pois não possuía a chave daquela porta, e o facto de não conseguir alcançar o tal rapazinho deixava-me frustrada!

Então de um momento para o outro, ficou tudo escuro, até que visualizei uns olhos vermelhos. Estes avançavam para mim ao mesmo tempo era possível ouvir um rugido assustador na minha direcção. Aí eu entrava em pânico e acordava com o meu coração a bater à velocidade de um cavalo a galope. Voltava a dormir e este sonho repetia-se uma e outra e outra vez, de todas as vezes que fugia daqueles olhos vermelhos, eles apanhavam-me sempre.

Outro assunto que tem contribuído para me tirar o sono foi o misterioso aparecimento daquela pena e do embrulho em cima da minha cama na noite do Baile. Na manhã seguinte, dirigi-me ao quarto da minha avó para tentar esclarecer este mistério. Disse-lhe que quando tinha chegado de véspera, tinha encontrado um presente em cima da minha cama. Perguntei-lhe se tinha sido ela a oferecer-mo, ao que ela me respondeu que não. Perguntei-lhe ainda se o tinha lá colocado a pedido de outra pessoa, mas a resposta foi novamente negativa.

Quando saí do quarto pensava para mim que estava tudo menos bem, pois afinal como é que aquilo tinha ido parar ao meu quarto?! Porque se não tinha sido a minha avó, isso significava que alguém lá estivera sem autorização, e isso tem-me deixado preocupada.

Com os acontecimentos deste últimos dias decidi que estava na hora de visitar a minha antiga cidade, Goldenlake, para ver se me trazia algum sossego e tranquilidade. Já não lá vou desde a morte dos meus pais, e assim aproveito para visitar a sua campa, e matar saudades da minha casa e dos meus amigos de lá, principalmente da minha amiga Jasmim.

 "O murmúrio dos Anjos  "Onde histórias criam vida. Descubra agora