CAPÍTULO I - HOLMES, HOLMES & ... HOLMES!?

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— Quem é ele? — É o que Lestrade perguntou pelo o que deveria ser a décima sétima vez

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— Quem é ele? — É o que Lestrade perguntou pelo o que deveria ser a décima sétima vez

O mais novo dos Holmes segura o impulso de gritar com o policial. Estava tão visível o fato de que, claramente, eram parentes; suas maçãs do rosto eram parecidas, seus olhos, seus traços... tudo no rapaz que acabara de descer as escadas do jato particular gritava "eu sou um Holmes". Contudo, subestimara a capacidade — ou deveria dizer, incapacidade? — de Lestrade.

— Irmão! — O rapaz de olhos verdes disse, um falso ânimo se fazendo presente em sua voz

O Holmes de cabelos cacheados sempre soube que o irmão do meio jamais gostou dele, para ser sincero, o irmão do meio jamais gostou de qualquer um dos Holmes, devido a isto, alistou-se no exército tão cedo quanto pode e desapareceu por completo da vida da família. Houve um tempo no qual chegaram a cogitar a hipótese de que o Holmes do meio havia sido morto em combate e dado como indigente, tal como houve o tempo no qual acreditaram que ele havia se tornado prisioneiro de guerra.

Pelo visto; ambas as hipóteses eram completamente errôneas. Sherrinford Holmes estava parado em sua frente em carne e osso, com o mesmo olhar frio e imponente do qual se lembrava, o mesmo sorriso ladino e os mesmos cabelos ridiculamente engomados.

Qual o problema de Mycroft e Sherrinford com gel; afinal? — É o que o mais novo sempre se indagou e é uma das poucas perguntas para a qual nunca obteve uma resposta satisfatória

— Irmão!? — É Lestrade quem se pronunciou, quebrando o silêncio completamente constrangedor que havia se formado no hangar — Como assim, irmão?

Por Deus! — Sherlock e Sherrinford pensaram no mesmo instante, olhando com profundidade para os olhos um do outro, tal como se fossem capazes de se comunicar através de pensamentos

Nesse momento Sherlock sentiu falta de John Watson e se amaldiçoou mentalmente por tê-lo dito que não necessitava mais de sua ajuda, arrependeu-se amargamente de tê-lo feito escolher entre ele e a noiva. Era mais do que óbvio que ele escolheria Mary, afinal.

John era um ser simplório, no melhor sentido que a palavra é capaz de carregar; ele sempre escolheria o amor caso posto em frente à um dilema que o envolvesse e fosse de tamanha magnitude.

O mais novo dos irmãos Holmes não se orgulhou em admitir para si mesmo, dias depois do ocorrido, que permitiu que seus sentimentos sobressaíssem à razão; tal como Watson costumava fazer.

Naquele momento, face a face com seu irmão desaparecido, necessitava da companhia de John Watson mais do que nunca, o ex militar certamente saberia o que fazer neste momento.

O que John Watson faria? — Holmes se pegou pensando

Contudo, ele bem sabia, jamais seria capaz de prever, com exatidão, as ações que seu amigo faria, uma vez que o ex militar era frequentemente guiado pela emoção e Sherlock era um ser guiado pela razão. Jamais seria capaz de agir da mesma forma que seu ex companheiro.

— Vocês podem me responder? — Lestrade insistiu, deixando seu tom mais alto

— Sherrinford Holmes; o irmão do meio, a seu dispor. — O rapaz de olhos verdes se pronunciou, voltando seu olhar para o policial

Lestrade pareceu tentar digerir a informação, talvez fosse coisa em demasia para uma mente tão pequena dar conta... Sherlock nunca deveria tê-lo levado ao hangar, afinal. O policial jamais fora seu amigo, se bem me lembro, tudo o que Greg Lestrade mais almejava era derrubar Sherlock Holmes.

— Que tipo de nome é Sherrinford!? Por Deus! Consegue ser ainda pior do que Sherlock! — Lestrade caminhava em círculos, suas mãos faziam movimentos exagerados

Sherrinford sorriu, um sorriso pequeno, porém, ainda assim, detentor de todo o desdém presente no universo. Em seu interior, estava a se perguntar as razões pelas quais Sherlock Holmes andaria com alguém tão simplório quanto o inspetor.

Em seu âmago, o irmão do meio julgava os atos do irmão mais novo, julgava, também, os atos do irmão mais velho, que permitiram que o caçula se misturasse com a ralé, com os seres humanos medíocres, desprovidos de conhecimento prático. O Sherlock que costumava conhecer jamais andaria com alguém que fosse incapaz de reconhecer seu parentesco apenas por reparar nos traços de seus rostos.

As coisas aparentavam estar diferentes de quando deixou a cidade, de quando preferiu largar tudo e todos que amava apenas pra que estes pudessem ser protegidos de seus próprios demônios internos; demônios com os quais — depois de muito pesar — aprendeu a lidar.

— O que te traz de volta? — Sherlock finalmente se pronunciou

Talvez o mais alto dentre eles tenha deixado transparecer emoção em demasia em sua simples fala. E, sejamos sinceros, isso seria algo praticamente impossível para o Sherlock que Sherrinford deixou para trás. Aquele Sherlock jamais deixaria que seus sentimentos ficassem expostos.

— O que me traz de volta? — O de olhos verdes praticamente replicou a pergunta — Ora, as saudades de casa me trazem de volta.

Sherlock havia aprendido, há muito, que se tinha algo que Sherrinford fazia eximiamente bem esse algo era mentir. Suas mentiras eram tão bem elaboradas que passariam desapercebidas até mesmo pelos melhores dos investigadores. Até mesmo pelo Holmes mais novo.

De fato, Sherlock Holmes jamais fora capaz de dizer quando seu irmão estava a mentir para si e, devido a isto, chegou a derradeira conclusão de que este mentia tão bem que, muito provavelmente, acabava por acreditar em suas próprias mentiras, tornando-as — desta maneira — reais.

Apesar de odiar admitir para si mesmo, naquele momento ele não foi capaz de afirmar que Sherrinford falava a verdade, tampouco que ele estava a mentir. Sendo sincero comigo mesmo e, consequentemente, com vocês, isso o deixava com uma sensação crescente de impotência e Sherlock odiava se sentir de tal maneira.

— Entendo. — O mais novo se limitou a dizer

Tudo o que ele mais temia estava acontecendo: Sherrinford voltou dos mortos, Mycroft estava a ignora-lo por completo — ele precisava de seu arqui-inimigo mais do que nunca — e John Watson nem ao menos queria ouvir o seu nome.

Foram poucas as vezes nas quais o mais alto dentre os irmãos Holmes sentiu vontade de desaparecer e, entristeço-me em dizer, aquele dia foi uma delas.

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⏰ Última atualização: Apr 02, 2020 ⏰

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