UM

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Juro que já tentei morrer embriagado, apesar de que bebida com remédios com certeza não eram a melhor combinação, nunca conseguiram de fato me matar. Por muitas vezes, era tudo o que eu mais queria: morrer anestesiado, porém lúcido. Sou Alek Lewis, um louco. Cientificamente falando sou esquizofrênico. Ela ter me perdoado não muda os fatos, e, muito menos minhas lembranças que são a prova de que fiz, mesmo minha mente distorcendo a verdade de maneira tortuosa. Leio copiosamente meu diário aonde anotei todo o meu percurso até aqui para saber se eu realmente estava alucinando ou se eu era tão monstruoso a tal ponto, e, as vezes eu estou certo.

Me levanto do chão encarando o tapete bege ensanguentado devido ao pequeno corte em meu dedo. Encarava o mesmo gargalhando enquanto tentava balbucear algo para mim mesmo. Acho que eu buscava acusar aquele dedo indicador pelo seu erro de sangrar em um tapete tão caro, enquanto eu o ouvia responder

"- Você é rico agora, pode comprar qualquer coisa com seu dinheiro sujo."

Sussurrei - ou acho que o fiz - um "vá a merda" e sai cambaleando para a sacada para finalmente ter um pouco de lucidez com um vento gelado na cara. Não havia nada melhor nesses momentos - a não ser ela, logo pensei.

Não se engane! Não era sempre que eu tinha esses momentos loucos não. Eu era um doido controlado, na maioria das vezes.

Depois de respirar profundamente e ser surrado e descabelado por aquele vento frio da velha Londres, pude lembrar dela e logo da bagunça recém feita na sala.

- Ela vai me matar! - digo a mim mesmo correndo em direção ao centro da bagunça.

Agora eu me pergunto: como alguém que deseja a morte pode ter medo de morrer pelas mãos de uma mulher?

"Mas ela não é qualquer uma"

Rosymee Smith com certeza não era qualquer uma. Ela teve a força e a garra de me assumir e aceitar como eu sou, e por ela eu tento andar na linha. Tento.

Vejo que está perto das 19:00 horas, corro para um banho rápido e já saio em um estilo casual em uma skinny cinza com uma blusa preta, em conjunto a um vans da mesma cor. Enfio 3 balas mentoladas de uma vez em minha boca tentando exterminar o bafo horroroso e amargo de whisky enquanto procurava as chaves do carro, e em seguida meu celular notifica uma mensagem.

"Esperando você" - Rosy

Meu coração acelera. Ela tinha essa vantagem: me deixar ansioso.

Entro no elevador digitando uma mensagem, não me importando se tinha alguém do meu lado ou não.

"A caminho" - respondo.

Devolvo o celular ao bolso frontal da minha calça, e só então percebo o aroma conhecido de perfume. Olho para o chão me deparando com minha vans e um coturno feminino com o couro sintético desgastado. O cheiro martelava meu cérebro em nuances cítricas de tangerina em uma tentativa vã de lembrar-me quem aquele perfume era... Rosy.

Merda.

Levantei minha cabeça lentamente olhando para o lado dando de cara com uma Rosy sorridente e com olhinhos brilhando.

- Oi. - ela diz tímida.

- Oi. - digo sem graça já me lembrando do sangue em meu tapete. - Que surpresa! - tento parecer animado.

- Sim. Eu saí mais cedo do serviço e não aguentei esperar, estava com saudades! - ela diz mostrando a mim um sorriso lindo e iluminado.

Logo me perco com aquela visão: Rosy com sua pele morena, salpicada com brilhos da sua maquiagem, seus cabelos cacheados emoldurando seu rosto, em seu estilo casual, cansada do trabalho vindo me ver. Logo me falta o ar. Ela é realmente linda.

Casamento forçado: RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora