O dia estava frio como costumeiramente, Pierre estava diante de seu guarda roupa enquanto escolhia algo para vestir.
Decidiu por fim usar uma cacharrel, um blazer e uma calça de alfaiataria, um look completamente preto. Colocou os sapatos e por fim seus óculos redondos, olhou-se no espelho e surpreendentemente gostou do que viu; geralmente Pierre não tinha o que chamamos de autoestima elevada, mas em certas ocasiões isso era revertido. Penteou o cabelo ondulado para o lado e levantou uma sobrancelha quando terminou, em puro deleite. Pegou sua pasta e caminhou em direção a porta de entrada da casa, assim que passou pela cozinha pegou suas chaves, passou pela porta e a fechou. Abriu a porta do Civic preto e adentrou o mesmo, apertou o botão do controle da garagem e saiu lentamente. Pierre sentia total tensão tomar conta de seu corpo, pois sabia as consequências da escolha que estava prestes a fazer.
Pierre é um rapaz simples, que degusta o seu café na varanda de sua casa todos os dias e ama ler seus romances prediletos ao pé da lareira. Leva uma boa vida trabalhando como assistente de um escritor famoso, Niko Fouldier. Um sujeito de bom caráter até então, mas que no último ano tem se preocupado mais em ganhar dinheiro do que escrever um bom livro que cative os leitores. E com o tempo, após começar a perceber isso, Pierre já não era o maior admirador de seu chefe, e visto isso planejava o encerramento de seu vínculo com Niko. Pierre sempre foi um rapaz de ideais fortes, nunca ligou muito para dinheiro e os livros eram a sua paixão. Prezava mais que tudo a Literatura que tinha a intenção de cativar e emocionar, e não aquela apenas por ambição, fama e dinheiro.
Ao chegar ao escritório de Niko, Pierre sentiu sua postura enrijecer, estacionou o carro e desceu apressado. Ele dava passos rápidos e largos, queria acabar com aquilo da forma mais impassível e rápida possível. Passou por alguns colegas de trabalho e os comprimentou apenas com um aceno de cabeça.
Ao chegar em frente a porta de Niko, respirou fundo, ajeitou o blazer e bateu duas vezes. Foi respondido com apenas um "pode entrar". Niko sabia que era ele, pois Pierre havia ligado duas horas antes avisando que precisaria urgentemente falar com ele, e Niko certamente já sabia do que se tratava.
Pierre abriu cuidadosamente a porta e adentrou a sala do escritório.
-Bom dia Sr. Fouldier. - Pierre disse cordialmente.
-Bom dia Sr. Portiê. - Niko o cumprimentou levantando o olhar e deixando cair sobre ele. - Eu imagino do que se trata o assunto pelo qual o senhor veio até aqui.
"Tsc, o miserável não deixa passar uma". Pensou Pierre.
- Sei que imagina Sr. Fouldier. Espero que entenda a minha decisão. - disse Pierre juntando as mãos para frente como sempre fazia quando queria parecer decidido.
-Entendo… e na verdade Pierre eu não esperava outra coisa de você. Sempre foi um jovem muito sonhador não é rapaz? Nunca ligou muito para o capital, sempre preferiu mais o seu amor pela Literatura. - Niko deu uma risada soprada como quem debocha e desacredita de algo. Pierre estava com o maxilar trincado, mas não disse nada, estava confiante da sua decisão, e isso lhe bastava. Niko o olhou por alguns instantes e depois prosseguiu. - Bom, se está realmente confiante da sua decisão, então por mim tudo bem. Vou pedir para Andréa trazer seu pedido de demissão.Assim que chegou em casa Pierre tomou um banho e colocou um Jazz para tocar enquanto procurava vagas de empregos na internet, que se encaixavam nas suas especialidades. Quando já estava quase desistindo, Pierre encontrou um anúncio que dizia: "Precisa-se de auxiliar de escritor", e abaixo estava a lista de habilidades que eram necessárias, das quais Pierre preenchia lacuna por lacuna.
Ao olhar a descrição de quem estava contratando, Pierre se surpreendeu. Caroline Bijor, uma jovem escritora de romances de apenas 25 anos. Pierre ficou espantado, pois era raro jovens escritoras na cidade.
Logo se interessou pela vaga e se perguntou "Por que não?", enviou um email a jovem escritora, que prontamente lhe respondeu. A entrevista foi marcada, 18:30 do outro dia. Obviamente ele sabia que o salário não seria tão bom comparado ao que ele ganhava antes, já que se tratava de uma pessoa nova no ramo, mas Pierre sabia que desafios custavam alguns sacrifícios, mas ele estava disposto a arriscar.
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Glamour
RomansaDepois de um ano, Pierre ainda conseguia escutar a sutileza do barulho daquele sino na porta de entrada da cafeteria; ainda conseguia sentir o olhar inebriante daquela mulher misteriosa. Pierre Portiê era um jovem de 25 anos, um assistente que trab...