Um bilhete especial

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Um acordo foi feito, mesmo não sendo algo formal, com assinaturas e testemunhas, mas foi sim feito. Um acordo que envolvia alternância de quem seria responsável por fazer o lanche das crianças. Um dia Suga o outro dia o misterioso Daichi. Um dia de comida tradicional japonesa e outro dia de comida italiana (pois o pai de Tobio parecia ser capaz de fazer somente isso!). Estavam vivendo um certo equilíbrio apesar de até o momento nunca ter encontrado pessoalmente o referido Daichi.

Seu trabalho o fazia chegar sempre atrasado para pegar o seu filho. Shoyo nunca reclamou de ser a última criança a ser pega, seu filho era maravilhoso desse jeito...As consequências era que Suga raramente interagia com os outros pais e sempre recebia um olhar crítico dos funcionários da escola. Na verdade, o ômega acreditava que isso poderia ser uma vantagem, já que imaginava que os outros parentes não gostariam de conhecê-lo.

"Será que Daichi se enquadraria nessa categoria de parentes preconceituosos?" questionou meio temoroso com a resposta que poderia receber. Ora, com o passar dos dias, era bem possível que os professores tenham fofocado sobre Sugawara para o pai de Tobio, mas nada mudou...Nenhum novo bilhete! Isso era um bom sinal.

Suga tentava não se preocupar tanto com isso, o mais importante era seu filho. Shoyo estava extasiado com o seu novo amigo e isso era o suficiente para deixar Sugawara igualmente feliz. E com esse pensamento positivo Suga seguia o caminho da escola a passos rápidos.

– Papa! Papa! – Os gritos de Shoyo eram ouvidos a distância. Suga podia ver o seu filhote tentando expiar pelo muro da escola, dando saltos e acenando loucamente.

O ômega sorriu, todo o cansaço do trabalho parecia se dissipar com a energia sempre vibrante de seu filho.

– E aí? Como foi a escola? – Perguntou assim que chegou na porta de entrada da escola primária.

Antes de responder, Shoyo correu para o seu papa e lançou sobre suas pernas. Suga quase caiu. Quase, já que seu corpo já estava se adaptando as ações de sua criança.

– Foi super legal! Eu joguei com o Tobio! E ele gosta dos meus saltos!

– Oh! Que legal! Você realmente é um ótimo saltador, como um sapinho.

– Sapinho? – Os olhos de Shoyo brilhavam com a comparação. O menino começou a saltar imitando o anfíbio, até coaxando de forma fofa. Suga gargalhou, agora teria que levar um filho sapo para casa...

– Devia controlá-lo. – Comentou uma professora que acompanhava a cena com um olhar nada amigável – Deixa-lo agir desse jeito só irá causar mais problemas para ele. Um ômega deve ser quieto e não tão escandaloso.

– Não vejo nada de errado no modo como o meu filho está agindo. – Respondeu Suga, tentando não se sentir incomodado com a alfineta dada pela a docente.

– Vamos, Shoyo... – Segurou a mão do seu filhote e o guiou o mais rápido possível dali. Odiava ser julgado pelos outros. O que tinha de errado no seu filho? Não existia um comportamento inato ômega! E sim um padrão que era imposto as crianças desde a tenra idade... O padrão ditava como deviam se vestir, que brinquedos deviam ter, a cor que deviam usar e até mesmo como deviam agir. Suga já tinha sofrido com essa ditadura ABO, não iria permitir que seu filho sofresse a mesma limitação. Seu filhote não teria suas asas cortadas.

– Papa! Você viu a minha bola nova?

– Hã? – Sugawara se voltou para o seu filho, tinha saído tão apressado da escola e do olhar azedo da professora que nem notara a bola de vôlei que Shoyo tinha debaixo do braço.

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