Troca de Bilhetes

Aquele já era o terceiro encontro, segundo os cálculos de Sugawara. Desta vez, resolveram escolher um espaço neutro, a praia, já que os encontros anteriores tinham ocorrido na casa de ambos os pais. Suga ainda se recorda de como Daichi devorou o seu curry, pedindo por mais chegando ao ponto de raspar a panela. E ele não estava sozinho, Tobio competiu com o pai pelos os últimos vestígios do alimento. Também não podia esquecer das partidas de vôlei, a primeira ocorreu na casa de Daichi e a segunda na de Suga, até o momento estavam empatados. Por enquanto, pois Suga ainda pretendia acabar com Daichi na próxima partida...

Mas o que realmente incomodava Suga era o fato de não estarem avançando muito no quesito romance. Flertes ocorriam ali e acolá. Toque de mãos, provocações e troca de olhares. Contudo, se limitava a isso.

Talvez os anos de celibato o tenham deixado ansioso. Não precisa acelerar as coisas...Devia degustar o momento e...

"Droga...Quem estou querendo enganar? O que desejo degustar é os lábios dele! Isso sim!" pensou estarrecido.

"O que me tornei? Um adolescente com os hormônios e desejos a flor da pele? Tenho que me controlar".

– Papa, você está fazendo caras estranhas! Tipo, são caretas! – Falou Shoyo apontando para a face do pai.

– Estou é? – Riu Suga – Talvez eu esteja me transformando em um monstro.

– Monstro? – Os olhinhos de Shoyo se iluminaram.

– Sim. Já consigo sentir a transformação! Acho que estou começando a ter vontade de comer criancinhas....Ahhh! – Fingiu rugir e Shoyo deu um gritinho mais de alegria do que de susto. E a perseguição começou. Suga correu atrás do seu filhote pelas dunas de areia, não demorando em capturá-lo.

– Agora é o momento de comer, itadakimasu! – Começou a beijar o seu filho enquanto fazia cócegas, arrancando risadas eufóricas do menor.

– Oh! Que pena... Se você devorar o Shoyo, isso significa que teremos que jogar fora o sorvete que compramos para ele. – Informou Daichi se aproximando com as mãos ocupadas com os sorvestes. Tobio também detinha as mãos ocupadas e observava um dos sorvetes com obvia gula.

– Eu posso comer o sorvete do Shoyo. – Declarou Tobio.

– Não! Papa! Me coloque no chão! Eu tenho que comer o meu sorvete! – Disse o menino, com desespero.

Suga riu liberando o seu filhote que rapidamente correu para "salvar" a sua guloseima gelada das garras do faminto alfa-mirim.

– Imagino que esteja satisfeito depois de devorar criancinhas, senhor monstro. Nesse caso acho que também devo dar o devido fim a esse sorv...

– Nem pense isso!. – Suga tomou a casquinha das mãos do outro pai.

Daichi gargalhou e Suga sentiu suas bochechas corarem, mas ignorou o embaraço em prol de deliciar com a sobremesa que lhe foi oferecida.

Os dois se sentaram em um banco próximo, observando as suas crianças que mesmo comendo teimavam em brincar. Todo aquele ambiente era relaxante. O som do mar no fundo mesclado com a risada dos meninos, quando foi a última vez que se sentiu tão sereno? Talvez a sua rotina diária o tenha deixado por demais tenso. Yaku muitas vezes enfatizava isso, que precisa de férias ou mesmo de um novo amor. Férias era algo meio difícil de conseguir no momento, mas quanto ao novo amor...

– Daichi... – Começou a falar, tomando coragem. Teria que analisar com cuidado as palavras que diria a seguir.

– Acho que vou comprar uns churrascos de lula! – Subitamente falou o alfa, assustando Suga.