O diário de uma garota atormentada

Novo caminho

O sol estava quente naquela manhã, iluminava o quarto de Meg e aquecia seu carpete cor de rosa, sua mãe penteava seus cabelos loiros e os prendiam estilo maria-chiquinha.

ㅡVá se despedir do seu pai, querida.- falou sua mãe colocando a bolsa nas suas costas.

Meg correu pela casa para dar um beijo no pai. Ele abraçou-a forte lhe dando um beijo na bochecha. Meg se sentia inabalável ao lado do pai, ninguém poderia toca-la, pois estava com seu paizão.

ㅡDeu um beijo no papai? Agora vamos que já estamos atrasadas.

ㅡNão vai me dar um beijo, Linda?-desse Maicon.

Eles deram um beijo enquanto Meg vendava os olhos envergonhada.

Meg foi cantando enquanto sua mãe dirigia para sua nova escola. Uma canção aparentemente composta por ela mesmo, um sequência de "La,la,la" que não parava mais.

A fachada do Novo Caminho era um grande Arco-Iris colorido, e nuvens que faziam uma linda representação do céu.
Meg correu para abraçar sua amiga Katia, conseguia reconhece-la de longe pelo seus cabelos black power que pulava pra todo lado enquanto corria.
Meg despediu-se da sua mãe e rumou para a salinha.

ㅡMeg, a Gizella finalmente veio de cabelo preso. Credo, parecia que tinha alérgia a prendedor.-cochichou Katia

ㅡAquilo era só pra se mostrar pro Bernardo...

ㅡAinda bem que ele prefere você-disse Kátia sorrindo.

ㅡPara Kátia! Ele não quer namorar comigo.

ㅡVocê nem perguntou!

ㅡE nem vou.- diz Meg com uma risadinha.

Professora entra na sala
ㅡBom dia turma, façam grupo de três coleguinhas, Hoje vamos fazer um cartãozinho pros nossos pais pra celebrar a data deles.-Disse a professora entregando lapis de cor e cartolinas coloridas.
ㅡO cartão mais elaborado ganhará um brinde.

ㅡShiu, posso fazer com vocês?-falou um garoto moreno de olhos claros.

ㅡConosco?-perguntou Meg nervosa.

ㅡÉ claro Bernardo, senta aqui-falou Kátia

ㅡBernardo, vem senta aqui! Não precisa sentar com elas-falou Gizella

ㅡEstou bem aqui, obrigado-falou ele sorrindo

Gizella encarou Meg irritada.

ㅡQual cor ficará melhor pra pintar a gravata?-perguntou Bernardo.

ㅡTenta um cor que seu pai gosta. A cor preferida do meu pai é verde, então vou pintar com esse verde escuro aqui.- disse Meg mostrando um lápis de cor.

ㅡA do meu pai é branco, então não vou colorir- fala Kátia risonha.

Uma bolinha de papel bate na cabeça de Meg.

ㅡQuem foi a porca que jogou isso aqui?!-falou Kátia irritada.

Meg abre a bolinha de papel. Parece ter um recado escrito em tinta rosa "Sua mãe é uma vadia". Meg olha pra Gizella, ela a olha de volta ameaçadoramente. Estava com uma caneta rosa na boca.
Aquilo era de mais, estava tomada pelo ódio, nunca tinha sentindo sentimento tão forte, queria avançar em cima de Gizella, e foi oque ela fez.
Ela levanta furiosa derrubando os lápis em cima da mesinha, puxando o rabo de cavalo perfeitinho de Gizella e a colocando no chão. Enquanto a classe gritava entusiasmada "Briga, briga". A professora separa as duas pelo braço, mas a mão de Meg continuava enganchada no cabelo de Gizella, enquanto ela gritava desesperada.

ㅡMeg pra diretoria, agora!

*Diretoria*

ㅡMeg, nunca imaginei que você faria isso! Você só tem 5 anos. Vou ligar pra sua mãe pra nós conversamos com você sobre isso.-disse a diretora

Ela discou o número da sua casa e sua mãe atendeu. Enquanto ouvia a diretora falar com sua mãe, seu coração batia forte. Oque tinha dado nela? Não era assim, não gostava de briga. Sua mãe lhe ensinou que nada se resolvia na violência, e agora bateu numa garota, oque sua mãe ia pensar?
Sua mãe chegou mais branca d'oque era, conseguia ver o desapontamento nos seus olhos.

ㅡResolvi que a Meg deve ficar três dias suspensa, pra pensar no ato que cometeu e quando voltar terá que se desculpar com a sua colega.- disse a diretora

ㅡNunca pensei que um dia ela faria isso isso diretora, achei que estava indo bem na criação dela .

ㅡLeve-a pra casa e converse com ela de mãe pra filha.

Linda entrou no carro depois de afivelar o cinto de Meg, nervosa com o acontecido, esqueceu de afivelar o próprio cinto.
Desde a saída da escola, Linda não olhou pra Meg em nunhum momento. Mas falou uma coisa antes do carro bater em um caminhão: "Seu pai vai ficar muito decepcionado com você".