...do espelho

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Taehyung lhe estendeu a mão direita, mas Yoongi não a apertou. Apenas ficou olhando sério para ele, sem dizer nada. O que ele pensa que estava fazendo ali?

— Essa foi a recepção mais calorosa que já recebi na vida — falou de modo cínico e se sentou novamente.

— O que está fazendo aqui? — finalmente Yoongi se pronunciou — Você não é bem-vindo aqui, essa casa não é sua, eu a comprei e agora é minha.

Taehyung continuou olhando para Yoongi e riu antes de desviar o olhar para os livros no chão, ignorando completamente o que o outro havia dito.

— Isso é invasão de propriedade e eu posso chamar a polícia agora mesmo — falou incisivo.

— Hum... — grunhiu e pegou um dos livros do chão, folheando-o e continuando a ignorar a falar do outro.

— Já chega, vá embora da minha casa agora — ordenou.

Taehyung desviou o olhar do livro para Yoongi. Manteve o sorriso sacana nos lábios por algum tempo antes de dizer alguma coisa.

— E vai chamar a polícia como? Gritando? — falou e mostrou o celular de Yoongi que estava jogado no chão sem bateria.

Estava tão compenetrado na tarefa de encontrar alguma informação no meio daquela bagunça que sequer lembrou de carregar o celular.

— Sim, eu posso gritar.

— Pois grite — Taehyung se levantou despreocupado — A polícia vai chegar, eu vou mostrar esse papel — retirou do bolso e estendeu em sua direção — Que diz que eu sou o familiar que veio buscar os pertences da família anterior e no final você ainda ficará em maus lençóis, pois mexeu em coisas que não estavam dentro do contrato que você assinou — sorriu — Aí, acredito que você é quem será o invasor — voltou a se sentar — Vamos, vá em frente, grite a plenos pulmões para que alguém chame a polícia.

Yoongi manteve-se sério. Taehyung era realmente da família e ele, malditamente, estava certo. Não era hora de se manter arredio, ainda mais sem a proteção de seu amuleto. Taehyung tinha uma carta na manga.

— Escute, quero conversar — pegou outro livro, folheando-o com a mesma postura despreocupada — Ou melhor, negociar com você — olhou para Yoongi — Posso te deixar com toda essa quinquilharia que você, ao que vejo, está bastante interessado — sorriu — em troca, eu quero algo que agora é seu, mas que me pertence.

Yoongi olhou de relance para o espelho atrás de si. Era óbvio que Taehyung o queria. Tinha certeza de que esse era seu interesse. Baixou a guarda e caminhou até a sala, sentando-se na poltrona que ficava do lado oposto onde o outro bruxo estava.

— Que bom, Min Yoongi, vejo que está disposto a negociar comigo.

— Diga, o que quer.

— O espelho.

— Não — respondeu rapidamente — Te devolvo a casa, mas o espelho é meu.

— Ora — riu alto — Que apego é esse a um objeto que nem lhe pertencia há algumas semanas?

Yoongi cruzou as pernas e encarou Taehyung profundamente, tentando lhe intimidar e não demonstrar qualquer emoção que pudesse ser sentida pelo outro.

— E por que o seu interesse? Se você o deixou para trás?

— Tem valor sentimental — falou sorrindo — Quando eu soube que a casa foi vendida, fiquei muito chateado de saber que meu querido espelho estava perdido para sempre... — tocou o próprio lábio — Sabe, é única memória que tenho da minha querida e adorada mamãe.

A maldição do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora