Tela Branca

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"Eu não sou uma princesa.
Isto não é um conto de fadas.
Eu vou encontrar alguém, eventualmente, que de facto me trate como deve ser.
O mundo é grande, aquilo era só uma pequena cidade que eu vejo pelo meu retrovisor agora."

Taylor Swift - White Horse

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Era um dia comum como qualquer outro. Katy, uma jovem de dezassete, saíra para uma corrida matinal pelas ruas da cidade de São Francisco e, como era hábito, parara no café do seu quarteirão por breves momentos antes de terminar o percurso rotineiro do final da semana.

Neste momento, ela bebericava o seu café enquanto folheava uma revista de moda. Sempre teve uma paixão e era algo que lhe preenchia a vida. Ela gostava disso.

De repente, toda a sua atenção estava voltada num ensaio de vestidos de noite, protagonizado por uma das modelos mais lindas do mundo, a qual tinha traços asiáticos como a própria Katy.

No ensaio, destacava-se a modelo num vestido branco, sentada ao piano que era da cor do vestido. Na página seguinte, a mesma modelo envergava um vestido de noite preto em que o fundo era uma queda de água e lia-se no seu topo o slogan principal de todo ensaio: "Nunca deixes a tela branca ser ocupada por tinta negra".

A jovem de longos cabelos claros ficou a pensar naquela frase e, por mais que ela se esforçasse, não conseguia entender o seu verdadeiro significado. Fora algo que ela nunca experienciara antes na sua vida limitada à escola e aos seus amigos. Não saberia como evitar toda essa negridão que vida lhe podia trazer, mas ela esforçava-se para manter a luz no caminho, mesmo que não soubesse como o fazer.

Após o seu pequeno-almoço, ela decidiu finalizar a corrida pelo parque em frente à sua rua, como sempre fazia. Então, colocando os fones nos ouvidos, ela saiu pelo seu percurso. Ao confirmar as horas no relógio de pulso, não prestou atenção no caminho, acabando por ir contra um obstáculo que a derrubou.

- Au! – exclama ela após perder o equilíbrio e embater com o rabo no chão, esfregando a testa, que lhe provocava dores, devido à cabeçada que acabara de dar em algo.

Ou alguém ...

- Estás bem? – ela ouve uma voz acima dela e para de massajar a cabeça. Ela sobe lentamente o olhar com nervosismo e depara-se com um lindo rapaz, com uma etnia igual à sua, que lhe estendia a mão para a ajudar a levantar.

Ele tinha cabelos negros e curtos, olhos amendoados e, ao lado dela, ele era enorme. Porém ela podia jurar que ele não media mais que um metro e oitenta. A sua pele era clara, mas não tanto quanto a da própria Katy. Qualquer um podia achá-lo banal, talvez até demais, mas ela achava-o lindo de morrer.

- Oh ... sim. Sim, obrigado! – timidamente, ela estende-lhe a mão para que ele a ajude a levantar e, uma vez de pé, a jovem asiática repara que o rapaz é cerca de quinze centímetros mais alto que ela, fazendo-a corar de vergonha. – Desculpa ter chocado contra ti! Estava distraída ...

- Não há problema nenhum. – diz o rapaz misterioso enquanto ela sacode a poeira do fato de treino, e, dando-lhe um sorriso, ele estende-lhe a mão e diz: – O meu nome é Mark. Prazer!

- Oh! O prazer é meu. – Ela assume, apertando a mão dele e abrindo um sorriso reluzente, talvez até cintilante. Porém sempre tímido. Ela não sabia como agir ao lado de rapazes que fossem considerados bonitos aos seus olhos. – O meu nome é Katy!

- Então, Katy, costumas correr muito por estes lados? – atrevido, ele começa a seduzir a rapariga que também era bastante jeitosa na perspetiva de Mark. Era a clássica moça de cabelos longos, de um castanho caju que ganhava vida própria ao brilhar nos raios de sol, e uns olhos no mesmo tom cheios de vida e de alegria. Mark ficara rendido, de facto.

- Sim! Como é perto de minha casa, eu venho aqui no final da corrida matinal depois de tomar o pequeno almoço. Normalmente estou aqui por esta hora todos os dias. – Katy falava e mexia no cabelo, depois ria e mexia no cabelo outra vez. Estava a ficar encantada por um estranho, mas quem sabe se não seria ele a pintar a sua tela branca chamada vida?

- Hm, bom saber ... talvez assim eu possa vir aqui e chocar contigo mais vezes. – Mark pisca-lhe o olho após tal provocação, e ambos riem. Ele pela sua piada seca e ela de nervosismo. Algo de especial estava a nascer e ambos queria ver naquilo que este feliz acaso iria dar. 

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