Fugacidade Vermelha

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"Perdê-lo foi azul como eu nunca imaginei.

Sentir a falta dele foi um cinzento carregado, tão solitário.

Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém que eu nunca havia visto.

Mas amá-lo foi vermelho."

- Taylor Swift - Red -

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Katy começara a pintar na sua tela e Mark era o seu guache, os seus momentos a sós o pincel, e as palpitações do seu coração a obra de arte. Haviam passado duas semanas desde o início oficial da sua relação com o rapaz canadiano e tudo se passou tão lentamente que ela ainda sente tudo aquilo que eles viveram em sua pele.

O toque suave das suas mãos estava tão presente em si que parecia que o namorado lhe estava a tocar de facto, e isso impulsionava o seu coração para fora do seu peito.

Tudo isso a aquecia por dentro e preenchia um espaço na sua vida que antes se encontrava vazio. Agora reinam o calor e a tentação fugaz onde antes havia frio e solidão.

Sim, tentação. Tentação de algo novo e completamente desconhecido para uma jovem banal como ela. Uma coisa que ela nunca se apercebeu que faltava na sua vida, até o ter deveras. Algo que mudava em si a maneira de ver o mundo. Algo que lhe permitia ver tudo com outra cor.

Esse algo era o amor. O amor permitia-lhe ver tudo mais bonito. Desde que conhecera a sensação que o amor é, as rosas cheiravam melhor e até o mel lhe parecia mais doce. E tudo à sua volta se havia tornado vermelho. Vermelho como o sangue fervilhante que transportava adrenalina nas suas veias de cada vez que que ela estava junto a Mark. Era como tinta incandescente que corria por um quadro e queimava cada borda, incendiava toda a tela.

Porém nunca chamuscava. Tudo permanecia ardente, no cerne do fogo, mas não queimava. Apenas aquecia onde antes estava gelo, gelo esse que desaparecera por completo. E Katy tinha a esperança de que ele nunca voltasse. Ela preferia as chamas.

E chamas era tudo o que preenchia o seu peito em cada dia que se encontrava com o namorado. Dias como este em que ambos foram ao parque de diversões recém-chegado a São Francisco. O Sol estava ao alto e refletia nos olhos da rapariga. Ela olhava para o namorado e sorria. Estava feliz de estar ali com ele.

- Olha, Mark, uma barraca de tiro ao alvo. – Diz a moça assim que os seus olhos se cruzam com a banca cheia de jogos de disparo e variados peluches que seriam os prémios. – Vamos lá! Por favor!

- Está bem, meu doce. – Após ela tanto pedinchar, ele cede. Faz-lhe um carinho no queixo, segurando em seguida na sua mão para se dirigirem juntos à banca.

Ela cora. Sentia-se tímida junto ao rapaz, mesmo que eles fossem namorados e não houvesse razões para tal. Ela apenas não podia evitar. Katy sempre foi uma rapariga tímida.

À medida que caminhavam de mãos dadas, um calor insano crescia nela. Era uma sensação tão boa que era completamente inesquecível e ela tinha a certeza de que não precisava de mais nada no mundo. Ela poderia morrer naquele momento e, mesmo assim, morria feliz porque Mark segurava a sua mão.

- Boa tarde! Quanto é que custa o tiro às latas? – pergunta Mark em frente a uma arma de fogo, cujo propósito era disparar uma fila de dez latas vazias para fora de uma prateleira. Ele tinha um brilhozinho no olhar de quem não estava disposto a perder. Ele queria ganhar e poder escolher o peluche mais bonito, aquele que fizesse a Katy dar-lhe o seu maior sorriso.

- Boa tarde! São cinco dólares por doze tiros. – A senhora do balcão responde com um sorriso gentil. Ela tinha cabelo ruivo e bastante liso, não muito curto, porém não muito comprido, e um chapéu de cowboy que completava com o visual da sua camisa branca e das calças de ganga. Ela parecia amistosa, sinal de que eles confiariam que não seriam burlados como é usual em alguns jogos de feira cujo resultado é sempre manipulado por variados esquemas e aldrabices.

- Então são doze tiros, por favor. – Sem hesitar, o canadiano pousa a nota verde em cima da bancada. A feirante pega na nota, carrega a arma para que esta possa disparar e cruza os braços ficando a olhar para o rapaz que pega na pressão de ar com pequenas balas de chumbo.

Então ele começa a disparar, não falhando. Cada tiro, cada lata que vai ao chão. Porém, ao chegar à sétima lata, ele acerta num canto que está dobrado e a lata apenas gira no lugar, não chegando a cair da bancada. Ainda assim, ele acerta-lhe com outro tiro certeiro e a lata vai ao chão. Restando-lhe três tiros e duas latas. Ele dispara uma vez na penúltima, fazendo com que ela vá ao chão na hora. E, na última lata, ele gasta dois tiros, derrubando-a assim também.

- Parabéns, rapazola. Agora é hora de escolher o prémio. – A feirante parabeniza o jovem de cabelos negros com o seu sotaque característico de Albuquerque, no Novo México, e um sorriso caloroso e bochechudo.

Ele contempla os peluches de tamanho XXL e acaba por escolher o urso vermelho com detalhes em branco na barriga, nas orelhas e nas patas e os olhos esverdeados para contrastar com tudo o resto. Ele pede esse à mulher ruiva e ela pega-o, estendendo-o ao rapaz logo em seguida, que depois o entrega à namorada.

- Ele conquistou-me tal como tu o fizeste: pelos olhos que são diferentes de tudo o que o rodeia. É, de facto, muito atrativo e magistral. – Ao ser elogiada dessa forma, Katy derrete completamente. O seu rosto ruboriza para um vermelho intenso de tão envergonhada que ela se sente naquele momento.

- Que tal irmos comprar algodão doce, e depois andar na roda gigante? – Sugere ela, tentando fugir ao bom constrangimento que sentiu.

- Acho fantástico! – Ele concorda com a ideia, não desviando o seu olhar do dela um segundo, e eles dirigem-se ao vendedor de algodão doce, comprando um grande espeto rodeado por uma nuvem cor-de-rosa. Em seguida, eles vão para a roda e entram numa cabine.

Eles vão ficando mais alto e mais alto até que param no topo e ficam com uma vista magnifica do Sol a pôr-se sobre a ponte Golden Gate. A jovem de cabelos castanho caju olhava pela janela completamente estasiada pela vista enquanto comia o seu algodão doce. As luzes da cidade já se iam iluminando à medida que o sol descia no horizonte e isso tornava toda a visão da cidade mais majestosa.

- Katy, - Mark interpela à namorada, fazendo-a desviar o olhar para si. – Tens algodão doce no canto da boca.

- Onde? – Embaraçada, ela tateia os lábios com os dedos, tentando limpar os restos açucarados e coloridos.

- Deixa estar que eu limpo. – Ele aproxima-se e pousa o seu polegar no canto do lábio dela.

A princípio ela encolhe-se, nervosa de estar assim tão próxima dele. Mas, ao olhar para ele, para o efeito da luz do pôr-do-Sol na sua pele e como a vai escurecendo, deixando-a quase que bronzeada e muito mais atraente do que já é, ela deixa-se levar e vai-se aproximando dele. Ele faz o mesmo com ela e, numa perfeita sincronia, ambos fecham os olhos e tocam os lábios um do outro com os seus.

Nesse momento acende-se uma faísca e o mundo para por completo. À volta deles existe apenas fogo-de-artifício e cada estouro pode ser ouvido no peito e Katy com o palpitar do seu coração. A língua dele roça os lábios da namorada e ela abre a boca, permitindo que o beijo se torne mais doce com o açúcar do algodão doce que ambos partilhavam momentos antes.

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