- Ai tia, se continuar assim eu vou acabar chorando junto. - digo durante o abraço que minha tia me dá, logo após nos separamos e eu enxugo uma lágrima solitária que escorre em meu rosto.
- Tem certeza que não quer ficar? Você sabe que eu não me importo de você ficar aqui, aqui você não vai precisar se preocupar com comida e boletos. E vai poder gastar seu dinheiro só com você. - ela insiste.
- Tia eu já te expliquei, depois que entrei pra faculdade e passei a morar sozinha eu me acostumei com minha liberdade, não consigo me ver morando com outra pessoa. - digo já cansada de repetir a mesma coisa.
- Ok, ok.. - ela diz se dando por vencida - Tem certeza que vai ficar bem? - ela me olha dessa vez preocupada.
- Relaxa, eu vou ficar bem tia, eu sei me cuidar, não precisa se preocupar comigo. - digo tentando acalma-la.
- Eu sei, mas é que já faz 10 anos que você não volta lá desde... - ela exita em terminar a frase, mas no fim decide se calar, pois sabe que eu sei exatamente do que ela está se referindo. Ainda é muito difícil para nós falar sobre o assunto.
Eu me aproximo dela eu dou um abraço apertado, por fim deposito um beijo no topo de sua cabeça.
- Eu vou ficar bem tia, eu prometo, confia em mim. - após ter dito isso nós nos despedimos e eu entrei no táxi.
Quando eu tinha 14 anos eu e meus pais estávamos indo ao cinema assistir "Um faz de conta que acontece", eu estava a meses perturbando meus pais para ver esse filme, estávamos na estrada quando um carro veio correndo e bateu no nosso. Por sorte (ou talvez azar) eu não morri naquele acidente, mas vi meus pais morrerem, até hoje eu odeio aquele filme, mesmo sem nunca ter visto. As vezes me culpo, afinal, se eu não tivesse insistido em ir no cinema eles ainda estariam aqui.
Faltava três anos para eu terminar o ensino médio, então eu fui morar com a minha tia Oliver, até que eu fui pra faculdade, eu pensei em ficar no alojamento da faculdade, por conta da falta dinheiro, mas a tia Oliver insistiu em me dar uma mesada para eu pagar o aluguel enquanto eu estivesse na faculdade. Acabou que eu adorei morar sozinha e assim que me formei eu decidi que queria continuar assim, como não vendemos a casa em que meus pais moravam, eu achei que seria mais vantajoso eu ir morar lá invés de pagar um absurdo de aluguel.
Assim que decidi do táxi eu olhei em volta e senti algo estranho, como se alguma coisa ruim fosse acontecer.
Vi algumas pessoas me olhando e fiquei pensando se eles me conhecia, eu não mudei muito nós últimos anos, nem mesmo minha altura mudou. Mas meu estilo com certeza não é o mesmo, percebo que uma mulher em específico estava olhando muito tempo para mim, ela devia regular idade comigo, entre 24 e 25 anos, após longos e torturantes minutos me olhando ela vem falar comigo, confesso que estava começando a cogitar ligar para a polícia.- Katherine Nortwest? - ela diz como se estivesse vendo uma miragem.
- Sim? - digo meio receosa
- Não lembra de mim? Sou eu! Lexy. - ela diz e na mesma hora eu lembro dela e dou um abraço apertado.
- Meu Deus!!! Faz anos que não nos vimos, você mudou completamente - digo me referindo ao estilo dela.
Lexy sempre foi muito certinha, costumávamos ser melhores amigas no fundamental, mas depois que me mudei acabamos perdendo contato. Agora ela está completamente diferença, jaqueta de couro preta, calça jeans rasgada nos joelhos e cabelo curto.
- Pois é, a faculdade me mudou um pouco. - ela diz com seu sorriso contagiante que é sua marca registrada.
- Um pouco? - eu digo e damos risadas.
- Mas diz aí? O que te trás aqui depois de todos esses anos?
- Vim morar aqui de novo. - digo e vejo seu sorriso desaparecer, dando lugar a uma expressão vazia e sombria.
- Você vai morar na casa Nortwest? - ela pergunta em choque.
- Sim, por que? Afinal essa é a minha casa, seria idiotice pagar aluguel tendo uma propriedade em meu nome. - digo como se fosse algo óbvio
- Eu preferiria mil vezes pagar 1 milhão em aluguel do que morar nessa casa. - ela diz e dessa vez eu fico realmente ofendida, é da casa da minha família que ela está falando, o lugar onde eu e meus pais crescemos, onde toda a família Nortwest criou seu legado.
- Hey, mais cuidado com o que fala, é da casa da minha família que está se referindo.
Ela fica envergonhada e então se desculpa.
- Me desculpe, é que essa casa não tem uma boa fama.
- Como assim?
- A alguns anos atrás, logo depois de você se mudar, algumas pessoas começaram a ouvir barulhos estranhos dentro da casa, como se estivesse mais alguém lá dentro. Não demorou muito até começarem a chamar a cada de "A casa mal assombrada Nortwest". - ela diz de forma dramática, como se estivesse narrando um filme.
- Isso é bobagem, a casa realmente é velha, mas não há nada que uma limpeza e uma boa reforma não resolvam. - digo com desdém.
- Talvez você tenha razão - ela diz sem acreditar muito, mas concordo mesmo assim - Hey, quando for fazer a faxina me chama que eu te ajudo, precisamos colocar o assunto em dia mesmo. Preciso te mostrar a cidade, muitas coisas mudaram desde que você foi embora.
Continuamos conversando, eu pedi ajuda para guardar as malas e, aproveitei e convidei ela para dormir lá em casa.
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O Mistério da casa Nortwest
Mystery / ThrillerApós terminar a faculdade, Katherine decide que quer ter sua independência e por conta disso vai morar sozinha na antiga casa de seus pais. Mas ao se mudar para sua antiga casa ela percebe que não está sozinha.