cap 6 - encontro marcado

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- Eu sei tia, eu tô me cuidando. - digo pela milésima vez, ontem a tia Oliver me ligou e falou que queria vir me visitar, então eu convidei ela para almoçar aqui hoje. Desde que chegou ela tá fazendo um interrogatório com direito a juíz, me perguntando se estou indo ao médico, se fiquei doente, se eu tenho remédio para dor de cabeça aqui em casa... E várias outras coisas.

Não me levem a mal, eu amo a minha tia, mas ela é muito superprotetora, e para uma mulher de 25 anos isso é extremamente sufocante.

- Qualquer coisa é só me ligar que eu venho correndo - ela diz e eu não consegui conter meu sarcasmo.

- Não acha que vai demorar se vier correndo? Fora que a senhora vai se cansar muito. - digo com um sorriso de lado, ela me lança um olhar furioso e eu suspiro já cansada daquela conversa toda.

- Ok tia, pode deixar que se alguma coisa acontecer a senhora vai ser a primeira pessoa pra quem eu vou ligar. - digo e ela finalmente relaxa e sorri.

- Mas agora me diz uma coisa, você já conheceu alguém? Já faz quase um mês que está aqui, não é possível que não tenha conhecido ninguém que te interesse. -  eu sabia muito bem o que ela queria dizer com aquilo, mas preferi fingir que não entendi e continuar a conversa.

- Na verdade conheci algumas pessoas, a Alexia me chamou para sair com ela e os amigos ontem,  então eu aceitei.

- Que bom! - ela diz empolgada - E.. teve alguém que te interessou? - ela diz novamente tocando nesse assunto e eu não pude ignorar dessa vez.

- Tia.. - digo lhe lançando um olhar repreensivo.

- Ah qual é, você tem 25 anos, já terminou a faculdade e nunca te vi com ninguém, desconfio até que você seja... - antes dela terminar a frase eu a interrompo.

- Eu não sou virgem, tia. Já tivemos essa conversa antes. - digo já estressada, eu odeio falar da minha vida pessoal, óbvio que não sou nenhuma santa, eu já fiquei com outras pessoas antes, mas nunca fui de ficar com vários, e sempre fui muito discreta com relação a isso. Por conta disso tenho que ouvir comentários desse tipo vindo de pessoas próximas, e quando digo pessoas próximas eu quero dizer Alexia e tia Oliver.

- Pode até ser, mas nunca te vi namorando ninguém.

- Nunca senti algo assim por outra pessoa, mas quando chegar a hora certa eu não vou me privar. - e eu não menti, eu realmente nunca me apaixonei, o mais próximo de um relacionamento que eu já cheguei a ter foi com Thony Lopêz, quando eu tinha 17 anos perdi minha virgindade com ele, nós saímos algumas vezes e ele era um cara legal, então confiei nele. Não foi ruim, mas uma semana depois quando me pediu em namoro eu percebi que não sentia o mesmo e recusei o pedido. Depois disso nós nos víamos nos corredores da escola e até nos falávamos, mas nada muito íntimo.

Eu e minha tia ficamos conversando a tarde toda e as 17hs ela foi embora. Quando foi 19hs eu resolvi comprar leite e ovos para fazer cookies.

Estava pegando o leite quando alguém esbarrou em mim com o carrinho e o me fez derrubar a garrafa no chão fazendo com que a mesma abrisse, formando assim uma pequena poça de leite.

- Me desculpe - ele diz desesperado enquanto se abaixa para pegar a garrafa.

- Não tem problema - digo e quando ele se levanta eu o reconheço -  Hey, você não é o carteiro? Aquele que me entregou o pacote. - digo e finalmente me toco do quão ridícula essa frase soou. Ele deve fazer entregas em no mínimo umas 30 casas por dia, mas para a minha surpresa ele se lembrou de mim.

- Sim sou eu mesmo, mas eu não sou carteiro, aquilo era só um bico. - ele diz com um sorriso simpático no rosto, olhando assim para ele eu percebo que na verdade ele é bem bonito. Sua pele pálida e seus olhos escuros não são tão assustadores quanto pareciam naquele dia.

- Entendi - digo e vou em direção ao caixa. Vejo quando ele deixa o carrinho em um canto qualquer e vem atrás de mim.

- O que acha de sairmos qualquer dia desses? - ele diz completamente do nada.

- A gente nem se conhece. - digo de forma óbvia.

- Mas podemos nos conhecer. - ele diz com um sorriso galanteador no rosto.

- Você ainda não me disse seu nome. - digo

- Que tal isso, você me passa seu número e eu digo o meu nome? - esse cara é realmente inacreditável, mas eu gosto disso.

- Não sei se é uma boa ideia passar meu número pra um completo estranho que eu conheci no mercado. - digo com um sorriso debochado no rosto.

- Justo, mas isso também pode ser uma boa oportunidade de conhecer uma pessoa nova.

- E quem disse que eu quero conhecer gente nova?

- Bom, você é nova na cidade, então... - me pergunto como ele sabe disso - Quando fui fazer a entrega, perguntei onde ficava a casa Nortwest e me disseram que você era nova na cidade. - ele diz como se pudesse ler meus pensamentos.

- Ok, me convenceu. - passo meu número pra ele, termino de passar minhas compras no caixa e ele vai embora. Estranho.. não levou nada, e para alguém que estava com um carrinho de compras, imaginei que levaria alguma coisa. Ignoro esses pensamentos e volto para casa.

Quando chego em casa recebo uma mensagem de um número desconhecido.

"Olá, garota do mercado." - logo após ler a mensagem, reconheço de quem é e salvo o número.

"Olá, cara estranho."

Continuamos conversando durante um tempo e decidimos ir ao cinema no sábado a noite. Ele parece ser legal, até agora não me disse seu nome, confesso que achei isso bem estranho, mas todo esse mistério me deixa instigada e eu não consigo evitar. Desde que vi ele pela primeira vez eu senti que havia algo de diferente nele, eu não sei exatamente o que é, mas de uma coisa eu tenho certeza. Eu não vou cansar até descobrir o que é.







O Mistério da casa NortwestOnde histórias criam vida. Descubra agora