III

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Como saber se você foi um pau no c* com sua funcionária, google pesquisar.

Suspirei profundamente com um copo de uísque na mão, de frente para a minha parede envidraçada do chão ao teto. Era sábado à noite e ao invés de usar meu fim de semana para adiantar trabalho como eu sempre fazia, passei todas as horas do dia enfurnado em casa, com o notebook aberto só para me lembrar das horas desperdiçadas, mas a culpa sendo ainda maior em não me deixar escrever uma linha sequer. O que eu havia feito? P0rra, eu estava muito put0 comigo mesmo.

Mas eu havia feito.

Em todos os anos que me preparei para assumir o cargo de presidente da companhia, uma lição do meu pai foi a que ficou mais gravada: eu sempre seria um líder justo com meus funcionários, não importasse o preço. Lembro que na juventude, toda vez que meu pai repetia aquilo eu assentia a cabeça.

– Não Ethan, você não entendeu – ele me encarava, sério – você só vai saber o real peso das minhas palavras quando errar nisso. Sua consciência será sua pior inimiga, até que conserte a situação.

E lá estava eu... sofrendo exatamente o que meu pai havia alertado.

Eu não precisava pesquisar para saber que estava errado. Há anos Alexandra aguentava todas as minhas crises, acessos de ira, altos e baixos emocionais e nunca havia deixado de me apoiar quando o que eu mais merecia era um chute bem dado no saco.

E agora, tinha passado mesmo dos limites. Invadi seu espaço pessoal. Toquei nela sem a permissão. Gritei com ela, apontei o dedo na cara dela. A deixei na rua, sozinha, longe de casa, na p0rra da Nova York que sempre ficava mais perigosa à noite.

Ela estaria bem?

Liguei a tela do celular mais uma vez e abri nossas conversas. Era um imenso histórico, todos com pedidos meus. Mordi a boca ao perceber que em alguns... muitos dias, eu mandava mensagens fora do horário comercial ou em finais de semana.

Ela respondia. Sempre respondia. Porque era um profissional e eu... um pau no c*.

Quando comecei a digitar, uma ligação se iniciou na tela. Era meu irmão.

– Oi.

Oi irmãozinho, como está?

– Eu sou o mais velho, sabia?

É, mas quem limpa as merd4s que você faz sou eu.

– Ooooh cara... não brinca que o Isaac correu pra fofocar para você.

Me encontra no bar de sempre.

– Espera, você está em Nova York?

Sim, eu peguei um voo e vim porque estava com saudade do David.

– Sempre esqueço o quão gay você consegue ser.

Cala essa boca seu demissexual de merd4 e venha!

– Mas eu... – ele desligou.

Preferi não ver o relógio para não me impedir, peguei um taxi. Minha cabeça doía por pura tensão e eu tinha que aguentar a dor já que o álcool no sangue não poderia ser misturado com qualquer analgésico. Ainda bem que o bar era tranquilo, de luzes baixas e música calma.

Localizei William sentado na nossa mesa de sempre, com seu namorado descansando a cabeça em seu ombro.

Quando eles assumiram, foi um verdadeiro escândalo de proporções internacionais. Will sempre foi bissexual, mas quando saía com caras evitava ao máximo se expor, enquanto sustentava uma pose ridícula de comedor ao sair com várias garotas. Ele sempre teve uma insegurança enorme para se assumir, mesmo que nossos pais tivessem feito um ótimo trabalho de apoio. O problema começava nele, em questões que ele não conseguia trabalhar na época.

O CEO É O LIMITE - Versão AlternativaOnde histórias criam vida. Descubra agora