Capítulo II: O Inferno da Montanha Tumbleweed

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Acordei cedo, às 6 da manhã, o sol acabara de nascer. Levantei da cama, arrumei-a e bati na parede conforme as instruções dadas por Theresa caso eu precisasse de algo.
Uns 5 minutos depois ela abre a porta do meu quarto e aparentemente tinha acabado de acordar, pois seus cabelos estavam um tanto bagunçados.

—Precisa de alguma coisa Jack?— Perguntou ela.

Dava para perceber que ela ainda estava abalada com a morte de Butch, seus olhos castanhos ainda estavam marejados, ele parecia significar muito para ela.

—Vocês oferecem café da manhã aqui?— perguntei educadamente para não soar rude.

—Sim, pode ir descendo as escadas. Vou me arrumar e já preparo a comida.—

Após dizer isso, ela saiu do meu quarto e eu peguei meu equipamento e desci as escadas com a cabeça cheia de pensamentos.
"Quem era o Butch para a Theresa?"
"Onde esse miserável do Coyote se esconde?"
"Como eu poderei fazer uma emboscada para matá-lo?"
Porém, eram perguntas muito complexas para tentar responder sozinho, portanto, esperei a Theresa sentado numa das cadeiras do balcão para falar com ela sobre.
Pouco tempo depois, Theresa aparece melhor vestida com uma calça de couro e uma camisa branca. Ela passa para a parte de trás do balcão e começa a esquentar a água para fazer o café.

—Caramba, onde estão meus modos? Bom dia aliás.— falou Theresa.

—Bom dia, podemos conversar um pouco antes de eu ir fazer "aquele trabalho"?— perguntei.

—Sim, claro...— disse ela num tom baixo enquanto preparava algo para eu comer.

—Então, você sabe onde é o alojamento do Coyote?—

—Antes do xerife Peters ser assassinado, eu ouvi ele falar com o Butch que o Carlos se esconde no topo das montanhas Tumbleweed. --

—Certo, qual o caminho mais próximo até lá?—

—Bem, você entra na estrada para Nuevo Paraíso e vai ter uma encruzilhada, nessa encruzilhada, tem um caminho que tem uma plantação seca de abóboras, você segue por esse caminho e em cerca de meia-hora você chega lá.—

—Perfeito, muito obrigado, você foi de enorme ajuda para mim.—

—De nada, eu que agradeço, aliás, aqui está seu café com ovos, bacon e milho, os melhores da região.—

—Obrigado de novo, mas tem mais uma coisa que eu gostaria de te perguntar, se não for muito incômodo.—

—Pode perguntar uai.—

—O que o Butch era para você?— perguntei rispidamente sem ao menos pensar.

—É b-bem, o Butch foi uma pessoa importantíssima para mim, pois quando meus pais foram mortos por dívidas no pôker quando eu tinha 10 anos em uma cidade vizinha, ele me acolheu como se fosse filha dele. Eu passei 18 anos muito felizes com ele, diria que ele é meu verdadeiro p-pai.— após me contar isso, ela começou a chorar com o braço apoiado no balcão.

—Sinto muito, não queria te deixar triste. Essa não era minha intenção, é que você parecia ser muito próxima dele.— falei consolando-a

—Isso não são lágrimas de tristeza, pois ele pelo menos não está nesse inferno que vivemos aqui.— disse ela enxugando as lágrimas.

—Admiro seu ponto de vista, mas tenho mais algumas coisas para discutir sobre minha ida às montanhas.— falei.

—Certo, o que você tem em mente?— perguntou ela.

—Eu vou com meu cavalo até lá e se eu não voltar em 1 dia é por que eu fui capturado, ou seja, a partir do segundo dia você vai na plantação seca ver se estou lá, e se passar uma semana, é porque estarei morto.— falei seriamente.

—Certo, vou olhar todo dia às 10 da manhã certo?—

—Perfeito, vou partir agora, nos veremos depois.—

Eu me levantei da cadeira e fui em direção a porta do salão, o que ia acontecer dali em diante, mudaria o rumo da minha vida.

—Espere!— chamou Theresa antes de eu ir.

—Sim?— falei

—Tome essa arma, ela foi do Butch, quero que você o mate com ela, por favor Jack, faça isso por ele e por mim.— Disse ela me dando uma espingarda de mão.

—Darei meu máximo para dar o que esse bastardo merece.— falei recebendo a espingarda e colocando no bolso do meu sobretudo.

—Então... boa sorte. — disse ela se aproximando e dando um beijo inesperado em minha bochecha. Fazendo eu ficar um pouco sem graça. Ela corou e saiu rapidamente com vergonha.

Eu agradeci o apoio e saí do salão. Coloquei minhas coisas e montei no Barney.
"Certo, rumo às montanhas Tumbleweed"
Eu mal sabia o que iria acontecer.

* * *

Eram cerca de 11 horas da manhã quando eu cheguei aos pés da montanha, o Sol como sempre estava quente para um inferno, mas meu chapéu amenizava um pouco a situação.
"Então... boa sorte."
Lembrava eu das doces palavras dela antes de eu vir pra este inferno mexicano, Theresa é uma boa mulher, ela vai superar isso e vai se tornar uma ótima dona de Salão. Eu espero que ela não precise ter envolvimento no meu trabalho conforme nosso plano. Vou terminar isso de uma vez, voltar pra lá, receber o dinheiro e comprar os remédios da minha mãe. É, eu estava bastante decidido quanto a isso.
Quando eu cheguei aos pés da montanha, desci do meu cavalo e amarrei panos nos cascos dele, algo que eu fazia constantemente, para ele não fazer muito barulho quando estivesse perto.
Subi em cima dele novamente e peguei meus binóculos na bolsa.
Havia fumaça no topo da montanha, provavelmente era lá onde Carlos e sua gangue se encontrava. Guardei meus binóculos e subi montanha acima.
Empunhei o revólver enquanto Barney subia lentamente a montanha.
Ao chegar no topo, havia apenas uma fogueira acesa e pelo menos meia dúzia de cadáveres mortos.
"Mas que merda, isso é uma armadilh..."
nem deu tempo de pensar direito e:
BANG!
Um tiro de rifle acertou em cheio o pescoço do cavalo, ele relinchou, me derrubou no chão e logo depois caiu morto afogado no próprio sangue.
Haviam atiradores em algum ponto da montanha, mas na hora eu não pensei nisso e agi impulsivamente.

—BARNEY, NÃO!— falei me levantando e me aproximando do cavalo morto.

Mas me lavantar foi uma péssima escolha.
BANG! BANG!
Levei dois tiros: um na coxa direita e um de raspão na cabeça. A merda da minha orelha esquerda teve a parte de cima despeçada, mas não doía tanto por causa da adrenalina na hora, mas a minha coxa doía e ardia como um inferno. Caí com a cara na terra batida, gemendo de dor pela minha coxa e pensei:
"Será esse o meu fim? Que ridículo, depois de tantos criminosos mortos e outros na cadeia, eu vou morrer justo assim? Me perdoe Theresa, não cumprirei sua promessa, sinto muito."
Uma lágrima escorreu no meu rosto enquanto eu caído escutava os homens do Coyote chegando e discutindo o que fariam comigo.

El hijo de puta sigue vivo!— Falou um dos homens em espanhol.

Este cabrón es duro, vamos a capturarlo, ya que puede ser útil.— falou outra pessoa mais atrás.

Após falar isso, essa pessoa foi chegando mais perto e se agachou para me ver no chão, era Carlos Hernández, o Coyote. Ele pegou meu chapéu e colocou em sua cabeça.

Bienvenido gringo! Aproveite nossa hospitalidade enquanto ainda vive.— disse ele me socando forte no rosto.

Tudo ficou escuro e essa é a última coisa que lembro antes de ficar inconsciente.

Na Estrada Para o OesteOnde histórias criam vida. Descubra agora