Estava tudo escuro quando eu acordei, ou será que eu ainda estava me acostumando com o lugar que eu estava?
Eu não sabia, tudo estava muito incerto. Quando eu abri meus olhos, eu via tudo embaçado e poucas luzes no ambiente, era de noite, isso era bom, significava que eu não estava morto.
Passei a mão na minha cabeça e vi que minha orelha esquerda estava enfaixada, ela estava muito feia por causa do tiro que eu levara. Minha coxa ainda doía, mas não tanto.
Consegui ficar sentado e observar um pouco mais o ambiente: parecia uma caverna, daquelas que usam como prisão, pois eu estava numa espécie de cela, mas era iluminado demais para uma, mas então eu vi uns trilhos e percebi que eu estava numa mina abandonada.—Finalmente você acordou.— falou um desconhecido que estava sentado do meu lado.
—Quem é você?!— perguntei abruptamente.
O sujeito tinha um buraco onde devia estar seu olho esquerdo, dava para ver toda a cavidade. Ele também parecia ter origem indígena, apesar de estar bem abatido e com roupas "civilizadas".
—Pode ficar tranquilo, eu não faço parte desses animais mexicanos.— falou o homem.
—Como você veio parar aqui?— perguntei.
—Eu estou aqui há mais tempo que você, já faz um mês que esses canalhas foram na minha tribo, mataram minha família e depois fizeram essa merda com a minha cara, só por diversão.— falou ele com um tom de ódio e desprezo.
Realmente ele era indígena, mas ele não era tão selvagem quanto os outros. Ele não tinha o sotaque característico da região, parece que ele era mais acostumado com a civilização do que muitos outros.
—Eu sinto muito.—
—Tudo bem, aliás, eu cuidei das suas feridas durante o tempo que você ficou apagado.—
—Por quanto tempo eu fiquei inconsciente?— questionei.
—Eu não tenho muita noção de tempo, mas diria que cerca de um dia inteiro.—
—Temos que sair daqui o quanto antes, tem uma pessoa que pode nos resgatar, não tão longe daqui.— falei para ele lembrando de Theresa.
—Seria fácil, o esquema de segurança deles tem muitas brechas e os guardas são uns preguiçosos, mas não temos armas, então fica difícil.— ressaltou o índio.
—Só um momento.— falei para ele.
Chequei meus bolsos e nada, eu estava sem meu sobretudo, armas, faca de caça e o meu chapéu. Mas então lembrei de meu último recurso. Tirei minha bota e:
—Ainda bem! Ela está aqui.— falei contente.
—O que é que tem na sua bota?—
—Nossa chance de escapar.— falei para ele mostrando a faca que eu escondo na bota.
—Muito bem, agora mantenha a discrição, pois eles não podem perceber que estamos tramando algo, se não eles nos matam.—
—Certo, o que faremos então?— perguntei.
—Daqui a pouco o Coyote vai passar por aqui para ver se você acordou, após a visita dele, discutiremos o plano para executá-lo depois que você descansar um pouco mais.—
Após falar isso eu comecei a tentar me levantar, foi difícil, mas eu consegui mesmo me apoiando em uma perna só.
Pedi para o sujeito me ajudar a tirar a faixa na minha cabeça e então eu vi num espelho o quão ruim estava minha orelha: a metade superior dela não existia mais e o sangue já estava estancado.
Pouco depois de ter visto minha orelha eu escuto passos até que alguém fala:
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Na Estrada Para o Oeste
Historical FictionJack Togerty é um caçador de recompensas que faz isso por sua mãe doente que não tem condições para comprar remédios adequados para o tratamento, mas ao ir atrás do grande criminoso da região, Jack se encontra encurralado. A história decorre a parti...