Você tem certeza de que eu estou bem assim? - Valerie perguntou, olhando-se no espelho com expressão preocupada.
Yuna havia lhe emprestado um vestido tomara-que-caia para a festa daquela noite na fazenda Jeon Triple N. e ela o estava achando um pouco ousado demais.
- Pare de se preocupar! O vestido não é assim tão decotado. Você está otima e só se sente estranha porque esteve, por algum tempo, fora de contato com a moda. Valerie suspirou e olhou para o espelho mais uma vez, tendo dificuldade para se reconhecer na imagem refletida. Seus cabelos longos e negros haviam sido deixados soltos e caíam sobre os ombros em ondas suaves, numa moldura perfeita para o rosto delicado. Resolvera também passar rímel, blush e um pouquinho a mais de batom do que o habitual, obtendo um efeito encantador. O vestido justo, em tons de verde e preto, acentuava as linhas perfeitas do seu corpo esguio e lhe dava um ar sofisticado. Sandálias pretas, de salto alto, davam o toque final de elegância. Yuna conhecia inúmeros truques de beleza, sendo capaz de tirar partido dos pontos positivos e disfarçar as pequenas imperfeições do rosto e do corpo. E fora com extrema satisfação que ela usara seus conhecimentos para vestir a sua amiga nesta noite.
- Eu sempre soube que você ficaria uma beleza se usasse a roupa e a maquiagem adequada! - Yuna
exclamou com alegria, observando a figura de Valerie. - Estou satisfeita que me tenha, finalmente, deixado arrumá-la. Você terá todos os solteiros da festa aos seus pés. Hoseok tem um amigo muito simpático. Espero que ele apareça.
- Eu também - Valerie respondeu rindo, embora seu pensamento estivesse num outro homem em especial.
Embora não soubesse que tipo de problemas Jungkook vinha enfrentando, só o fato de saber que estava magoado enchia o seu coração de ternura. Não é bom estar sozinho quando se enfrenta alguma dor.
- Você está linda, Valerie, acredite em mim - Yuna foi falando enquanto puxava a amiga para a sala de estar, querendo exibi-la. -Mamãe, olhe o que eu fiz com Val!
A sra. Lee, uma mulher alta e com os cabelos grisalhos, sorriu diante do entusiasmo da filha:
- Mas que mudança! Você está uma verdadeira beleza, Val. Gostaria que seus pais pudessem vê-la.
- Sim, eu também, sra. Lee.
- Desculpe-me, eu não quis entristecê-la. Sua mãe e eu fomos grandes amigas por mais de trinta anos e se estes últimos tempos têm sido difíceis para mim, imagino como têm sido para você.
- A vida continua - Valerie respondeu tentando parecer despreocupada. -Este vestido não é um sonho? Quero lhes agradecer, outra vez, por terem me recebido aqui. Não sei o que faria, ou para onde iria, se não fosse por vocês duas.
- Tenho certeza de que você tem muitos amigos além de nós, embora eles estejam espalhados pelo mundo afora - Yuna falou abraçando Valerie. - Mas eu continuo sendo a sua melhor amiga, não é? lembra-se de quando estávamos na escola, em Bisbee, e tínhamos que caminhar bastante todos os dias para voltarmos para casa depois da aula? - Às vezes sinto saudades do Arizona - Valerie murmurou. - Eu não - a sra. Lee interveio. - Costumava ter pesadelos naquele lugar. Foi bom quando meu marido decidiu aceitar a oferta de um novo trabalho e nos mudamos para cá. É claro que se eu soubesse que ele precisaria passar grande parte do tempo viajando pelo mundo, teria pensado melhor no assunto. Ultimamente ele quase não pára em casa.
- Mas papai irá se aposentar no ano que vem. - Sim, eu sei, Yuna. Bem, acho melhor que vocês duas irem já, ou chegarão atrasadas. A festa é na casa dos Jeon?
- Sim - Yuna sorriu. - Só espero que Hoseok não desista de mim e resolva fugir com Val.
- Sem perigo. Vocês já estão noivos - Valerie respondeu com um ar divertido. Yuna dirigiu até a fazenda. Val sabia dirigir também, porém não possuía uma carteira de motorista
atualizada, já que nos últimos dois anos não havia precisado de carro.
- Lembre-se do que eu lhe disse, Valerie, e não chegue muito perto de Jungkook. Embora não creia que ele
irá se aproximar de você, já que parece não se entusiasmar com mulheres inexperientes. Eu não estava brincando quando falei que ele é um homem perigoso, envolvente, vivido. E atualmente parece estar fora de si.
- Ele não pode ser assim tão difícil.
- Não creia nisso. Tenha cuidado.
- Está bem, terei cuidado - Val prometeu cruzando os dedos atrás das costas. - Afinal Jungkook é um homem amargo porque foi rejeitado por alguma mulher ou porque foi uma criança maltratada pela mãe?
- As mulheres não costumam rejeitar Jungkook, muito pelo contrário, e a mãe dele foi uma santa, segundo as palavras de Hoseok. De fato, a sra. Jeon era adorada por todos da cidade e morreu há dez anos. O pai... Era um fazendeiro com um coração que não cabia no peito e morreu há seis meses. Aquele foi um casamento feliz. Valerie percebeu a hesitação na voz de Yuna ao tocar no nome de Jeon Hank, só que não entendia o porquê.
- Então você sabe o que há de errado com Jungkook?
- Sim. Mas não posso dizer-lhe. Não é um assunto que me diga respeito e Hoseok já foi perguntado sobre isso um milhão de vezes, pela cidade inteira. Não quero parecer indelicada, pois eu confio em você. Entretanto, este assunto diz respeito apenas a Jungkook.
- Entendo.
- Não, você não compreende. Porém Hoseok poderá lhe contar algum dia, ou então, Hana. - Hana se parece com Hoseok ou com Jungkook?
- Ela tem o tipo físico de Hoseok: Jungkook é... diferente. Mais cabeça dura. Temperamental.
- Tive essa impressão. Ele nunca sorri?
- Às vezes. Especialmente quando está a ponto de agredir alguém. Ele não é um homem fácil. É arrogante, orgulhoso, impetuoso demais. Você descobrirá por si mesma, só não quero que seja de uma maneira dolorosa
- Eu sei cuidar de mim mesma, Yuna, você sabe. Estive fazendo exatamente isso em lugares perigosos e por um longo tempo.
- Eu sei, mas há uma grande diferença entre o que você esteve fazendo e a relação entre um homem e uma mulher. Falando com sinceridade, você é uma mulher ingênua apesar dos seus vinte e três anos e embora tenha levado uma vida cheia de aventuras em alguns aspectos, permaneceu ignorante em outros. Não creio que seus pais tenham levado as suas necessidades muito em conta quando fizeram os planos de vida.
- Sim, Yuna, eles me levaram em conta - Valerie falou com um sorriso. - Sou muito parecida com os dois e adorei cada minuto do que fizemos juntos. E mesmo agora, ainda sinto falta daquele tipo de trabalho. As coisas acontecem conforme a vontade de Deus. Vou superar tudo isso. - De qualquer maneira, acho que foi um desperdício...
- Oh, não, não foi um desperdício. Eles ainda estão vivos, no trabalho que fizeram, nas vidas que mudaram.
- Não quero discutir com você, Val. Através de todos estes anos sempre nos mantivemos em contado e permanecemos amigas. Você ainda é a irmã que eu nunca tive e enquanto eu estiver viva, você sempre terá um lar.
Valerie tentava conter as lágrimas que teimavam em escorrer daqueles belos olhos castanhos.
- Se as circunstâncias fossem invertidas, espero que saiba que eu faria a mesma coisa por você.
- Eu tenho certeza que sim - Yuna murmurou emocionada. O caminho que conduzia à casa da fazenda era margeado por pinheiros e ao longe via-se a sombra das montanhas.
- Isto aqui não é o paraíso? - Valerie falou com um suspiro.
- Sim, com certeza. Eu posso passar o resto da minha vida aqui. Agora, Val, me diga: você não está pretendendo passar a noite inteira se esquivando das pessoas, está? O objetivo de uma festa é permitir que todos se encontrem.
- É você que precisa se encontrar com as pessoas, já que está para se casar com o dono da casa.
- Você pode desfrutar da situação também. Os convidados são interessantes. A maioria é composta por fazendeiros, criadores de cavalos, empresários.
- Você está me deixando nervosa - Val respondeu sentindo-se desconfortável, enquanto Yuna estacionava o carro. - Eu não sei nada sobre esse "mundo".
- Não há nada como o momento presente para aprender. Vamos, está na hora. - Será que eu não posso ficar esperando por você dentro do carro? - Não há a mínima chance, minha amiga. Especialmente depois de todo o trabalho que eu tive para
arrumá-la. Quero ter a oportunidade de exibi-la. - Querendo mostrar os seus dotes de artista, hein? - Valerie brincou. - Desisto, vamos então.
Jeon Hoseok estava na varanda e foi ao encontro das recém-chegadas no mesmo instante, beijando a noiva com alegria.
- Oi, Val, que bom que você veio - ele falou e ficou em silêncio por alguns segundos, fitando a morena
com atenção. - Val? É mesmo você?
- Obra minha - Yuna falou sorrindo. - Ela não está uma beleza?
- Está maravilhosa. Se eu não tivesse visto você primeiro... - Hoseok começou. Yuna pisou no pé do noivo e comentou com um ar divertido:
- Pare aí, se não quiser acabar com uma perna quebrada. Você é todo meu e é melhor não se esquecer disso.
Como se eu pudesse - Hoseok respondeu piscando um olho. - Você está linda, Val, mas eu estava
apenas brincando.
- Você está desculpado desta vez - Yuna murmurou abraçando o noivo. - Onde está Hana?
- Lá atrás. Jungkook está por aí.
- Hana e Jungkook não combinam muito bem - Yuna explicou à amiga.
- Felizmente nossos convidados se encarregarão de mantê-los afastados um do outro. Minha mãe passou
a vida inteira tentando apaziguar as brigas entre os dois. Quando Jungkook esteve no exterior durante um ano,
encarregado de um trabalho de vendas, nós até que conseguimos desfrutar várias refeições na mais completa paz. Agora temos indigestão e uma nova cozinheira a cada mês. Falando em comida, vamos ver se ainda resta alguma? Creio que vocês duas são os últimos convidados que estávamos esperando.
- Os melhores são sempre esperados, querido - Yuna falou com um sorriso radiante. No enorme pátio, todo enfeitado com lanternas coloridas, mesas e cadeiras, um cozinheiro oriental se encarregava de assar a carne. Junto a ele, duas mulheres conversavam e Valerie logo soube que uma delas era Jeon Hana.
- O cheiro está delicioso - Val comentou com o anfitrião.
- E o sabor também - Hoseok respondeu. - Vamos nos servir apreciar a comida. Mas no caminho, o casal de noivos parou para conversar com alguns conhecidos e Valerie continuou sozinha até a mesa principal, onde o bufê estava instalado. Ela serviu-se com parcimônia e pegando um
copo de chá gelado, procurou um lugar onde sentar-se.
Jeon Jungkook estava de pé não muito longe dali, conversando com um dos convidados, quando viu Valerie sentar-se sozinha a uma das pequenas mesas. Ele não a havia perdido de vista um só instante, desde que a vira chegar, e não conseguia entender por que se sentia tão atraído por aquela mulher, embora esta noite ela estivesse realmente bonita, metida num vestido sexy que lhe dava um ar sofisticado. Yuna tinha ótimos conhecimentos com maquiagem e cosméticos, Jungkook sabia que muitas das amigas da sua futura cunhada eram mulheres liberadas. Tempos atrás ele mesmo havia saído com Yuna uma única vez e talvez fosse por isso que ela tivesse uma opinião desfavorável a seu respeito. Não que houvesse acontecido algo entre os dois, pois Hoseok resolvera namorar Yuna e cortara qualquer possibilidade deles se verem outra vez. Jungkook não dera a mínima importância à intromissão do meio-irmão, já que as mulheres costumavam cair aos seus pés e ele não tinha interesse real em Yuna. Talvez ela houvesse se sentido ofendida por ter sido deixada de lado, porém ele nunca chegara a querer uma mulher o suficiente para se sentir disposto a lutar por ela. Todas eram iguais.
"Bem, a maioria era igual", Jungkook pensou fitando Valerie, reparando o porte elegante, a delicadeza dos gestos.
Já fazia algum tempo desde que ele estivera com uma mulher e seu corpo ansiava por um alívio sensual
que o fizesse esquecer o desgaste emocional que o consumia. Não que ele se lembrasse da noite que havia
passado em companhia de Eun, muito pelo contrário. Talvez fosse por isso que o seu corpo ficava
rígido a cada vez que olhava para Valerie.
Ela sentiu que Jungkook a olhava e o fitou, pensando no quanto aquele homem a atraía. Ele vestia calça jeans, camisa branca de mangas compridas, e sapatos de couro. Seus cabelos negros estavam úmidos, como se ele houvesse acabado de sair do banho. Jungkook era o homem mais envolvente que Valerie jamais encontrara e seu corpo respondia ao aspecto viril dele com uma intensidade difícil de controlar.
Ela não devia encorajá-lo, sabia que não devia, mas não conseguia deixar de fitá-lo. Val tentava se enganar dizendo a si mesma que em sua vida tivera poucas oportunidades de encontrar homens interessantes
e que era natural se sentir atraída pelo primeiro solteiro bonito que encontrasse. "Se aquele olhar não for um convite, então estou cego", Jungkook pensava, desistindo de resistir por mais tempo.
Ele atirou o cigarro no chão, pediu licença ao convidado com quem estivera conversando e se a que aproximou do bufê. Depois de servir-se e pegar um copo de cerveja, sentou-se junto a Valerie, notando o quão pouco ela havia se servido.
- Você não está gostando da comida? - ele perguntou sem sorrir.
Valerie fitou o homem à sua frente, reparando nos olhos, o cabelo negro e curto, o rosto de traços marcantes, a boca sensual. Jungkook ainda não havia sorrido e continuava a examiná-la com interesse. Esta não
era a primeira vez em que um homem a despia com os olhos, porém era a primeira vez que se sentia tão afetada. Tinha vontade de puxar a toalha da mesa e cobrir-se.
Entretanto, não faria isso, pois já não havia aprendido que a maneira de enfrentar um predador era demonstrando uma coragem inabalável? Valerie lançou mão de todo o seu senso de humor e pôs-se a
representar o papel de mulher sofisticada.
- Eu lhe perguntei se você não está gostando da comida - ele insistiu numa voz suave e profunda, mais
apropriada para uma situação de intimidade. Valerie se assustou com o rumo dos próprios pensamentos. Não podia se deixar envolver desta maneira por um estranho, ainda que ele fosse alto, forte e viril.
- Oh, eu gosto da comida, sim. Só não estou habituada a comer muito - ela respondeu com um sorriso provocante.
- Diga-me então - Jungkook falou com arrogância. - Dizer-lhe o quê?
Ele estava um pouco desapontado com as maneiras desinibidas dela, pois julgara que se tratava de uma
mulher um pouco tímida. Mas esta não era a primeira vez que se enganava a respeito de uma mulher.
- Dê-me tempo, vou pensar em alguma coisa - respondeu Jungkook.
- Espero que não seja casado, sr. Jeon, ou que tenha uns seis filhos. Eu odiaria ter que estragar a festa me atirando de cima do telhado.
- Eu não sou casado - Jungkook retrucou como mesmo senso de humor, sentando-se ainda mais perto de Valerie. Perto demais. Ele cheirava a água de colônia e sabonete, um aroma potente para uma mulher que não estava acostumada a estar perto de homens tão envolventes.
- Presumo que você não tenha vindo sozinha - ele falou, fitando-a com intensidade. - Deixe-me comer
um pouco mais e estarei pronto para acabar com o seu acompanhante.
- Oh, eu não tenho um acompanhante - Val respondeu tentando esconder o nervosismo sob o senso de humor. - Eu vim com Yuna.
- Então isso salva os meus punhos. Você conhece Yuna há muito tempo?
- Sim, somos amigas de infância.
- Ontem à noite, no bar, você disse que ficaria por aqui apenas umas duas semanas. Faz tempo que chegou?
- Poucos dias. Há muito tempo eu andava querendo rever Yuna. Não nos víamos há alguns anos. Era impossível dizer-lhe que a sua estada na cidade dependeria da possibilidade de manter-se incógnita.
Desde que voltara ao país havia conseguido se manter afastada da mídia e não queria que a imprensa a
descobrisse outra vez.
- Você já saiu para passear? - Jungkook perguntou, fitando seus ombros nus e o início
dos seios com ousadia.
- Ainda não, mas tenho me divertido. É bom tirar alguns dias de férias.
- O que você faz... quando não está visitando os amigos?
- Sou uma vamp - Val respondeu, divertindo-se em surpreender jungkook.
Era bom agir como uma atriz; representar um papel ajudava-a a esquecer um pouco do horror dos últimos meses.
- Não, não acredito nisso - ele falou depois de alguns segundos de silêncio. – O que você faz de verdade?
Val bebeu um pouco de chá, tentando ganhar tempo para pensar. Jungkook não era nenhum estúpido, entretanto não poderia escapar alguma informação que revelasse quem ela realmente era e o que fizera até poucos meses atrás. - Estou no ramo de salvamento. Val riu ao notar a expressão do rosto de Jeon.
- Oh, não, não trabalho na recuperação de objetos ou coisas afins.Trabalho com a recuperação de pessoas. Sou... - ela hesitou, tentando dizer algo que não fosse uma completa mentira.
- Você é o quê?
Jungkook era perigosamente curioso, tinha o raciocínio rápido. Era preciso despistá-lo antes que ele lhe
arrancasse a verdade.
- Você, por acaso, é uma reencarnação do exército japones?
- Eu nem mesmo falo japones - Jung respondeu sorrindo, apesar de estar cheio de suspeitas. - Quantos
anos você tem?
- Calma, você me deixa sem fôlego!
Ele fitou a boca bem feita por alguns segundos, antes de murmurar:
- Isto é uma sugestão?
A mão de Valerie tremia quando ela colocou o copo sobre a mesa. Jeon era um homem experiente e a
deixava nervosa. Não era preciso muito esforço para entender o sentido da sua última pergunta.
- Você vai rápido demais - ela falou um pouco apreensiva. Ele se recostou na cadeira, observando-a com atenção. Val lhe dava a impressão de ser uma mulher cheia de contradições, e isso o atraía ainda mais.
- OK, querida. Vou pisar no freio.
- Quantos anos você tem? - ela perguntou, embora já soubesse a resposta.
- Vinte e quatro. Velho demais para você, doçura?
- Eu tenho vinte e três.
Jungkook a julgara mais jovem. ela não poderia ser uma inocente. Jungkook sentiu o coração disparar ao observar o corpo bem feito, imaginando como seria vê-la sem as roupas, beijar a boca sensual. Se ao menos não fosse amiga de Yuna...
Val era um verdadeiro enigma. Jovem, Tinha a impressão de que aquela mulher não era o que parecia ser e que, assim como ele, sabia esconder as suas emoções.
- Vinte e três anos. Você não é mais nenhuma criança, não é mesmo? jungkook percebeu muito bem que a expressão dos olhos de Valerie se alterava, como uma atriz que se prepara para entrar em cena.
- Não, já não sou mais criança - ela murmurou, pensando na recente provação que tivera de enfrentar.
Nem por um segundo lhe passou pela cabeça que Jungkook poderia interpretar a sua resposta de uma outra maneira, julgando-a experiente como mulher, quando na verdade não o era. Ele sentiu o corpo reagir à proximidade de Valerie e ficou surpreso. Em geral levava muito mais tempo até que uma mulher pudesse afetá-lo fisicamente com tanta urgência. Eles se fitaram com intensidade por vários minutos e era possível sentir a eletricidade no ar.
O olhar dele desceu até o colo exposto de Val e Jeon ficou tenso tentando imaginar como seria sentir aqueles seios firmes sob a sua boca... O som repentino de vozes os arrancou da tensão que parecia consumi-los.
- Você pensou que nós a havíamos abandonado? - Hoseok perguntou. - Vejo que se encontrou com Jungkook. Cuidado, ou ele poderá arrastá-la para debaixo da mesa.
- Tenha cuidado você - Jungkook respondeu ao irmão mais jovem com aspereza.
- Vocês não se importam se nos sentarmos aqui, não é mesmo? - Hoseok insistiu.
- É claro que não - Valerie interveio, reparando no antagonismo entre os irmãos. - Vocês dois não
parecem estar se entendendo muito bem. Alguma coisa errada?
O silêncio que se seguiu foi embaraçoso.
- Não, não nos entendemos muito bem - Jungkook falou com frieza. - Temos a mesma mãe, mas não o pai. Não é isso mesmo irmãozinho?
Allison não sabia - Hoseok respondeu, enrubescendo. - Ultimamente você está sempre na defensiva,
Jungkook.
- Se eu não posso esquecer, por que você o faria?
- Você faz parte da família. Seria bom se parasse de agredir a todos e em especial, Hana.
- A agressão é recíproca. - Jungkook bebeu o resto da cerveja e virou-se para Valerie: - Você não entende,
não é mesmo, doçura? Eu não sou filho do pai de Hoseok e Hana, fui adotado. Um detalhe que minha mãe e meu padrasto acharam que eu não precisava saber, até que meu padrasto morreu seis meses atrás.
- Sinto muito - ela falou com suavidade. - Deve ter sido difícil para você descobrir tudo de uma maneira
tão abrupta.
- Eu não quero piedade - Jungkook respondeu odiando a ternura daqueles olhos castanhos.
Tudo o que poderia vir a querer de Valerie era o seu corpo bem feito e nada mais.
- Jungkook, pelo amor de Deus! - Hoseok falou, constrangido.
- Não se preocupe, não vou estragar a festa. Num gesto lento, ele tomou alguns fios de cabelo de Valerie entre os dedos, enquanto murmurava:
- Fique longe de mim. Eu não valho muita coisa. Pergunte a qualquer pessoa.
Jungkook se afastou sem dizer mais nada e Valerie não conseguiu disfarçar o quanto a angústia dele a
afetava.
- Não caia no erro de sentir compaixão - Hoseok a alertou. - Piedade é a última coisa que ele quer ou precisa. Ele precisa se encontrar de novo.
- Onde está o pai verdadeiro de Jungkook? - Valerie perguntou.
Mas antes que Hoseok pudesse responder, uma garota sentou-se junto a Yuna.
- Então ele foi embora - Jeon Hana murmurou. - Jungkook anda impossível. Não posso lhe dizer duas
palavras que... Desculpe-me, você deve ser Valerie. Pensei que Yuna nunca nos daria a chance de
conhecê-la! Desculpe-me o desabafo, eu não pretendia discutir assuntos de família em público. Mas é que
Jungkook sempre consegue me tirar do sério.
- O que foi que ele fez agora? - Hoseok perguntou com um ar cansado.
- Ele seduziu a minha melhor amiga.
- Eun não é a sua melhor amiga e além do mais é uma mulher divorciada, experiente e louca para agarrar um homem. Se alguém foi seduzido, tenho certeza de que foi Jungkook. Ela também deveria saber que um único encontro não significa nada.
- Não estou me referindo a Eun e sim a Jessie.
- Jungkook nunca se aproximou de Jessie.
- Ela me contou que ele...
- Hana, Jessie é uma pessoa incapaz de dizer a verdade, mesmo que a vida dela dependesse disso. Ela sempre foi louca por Jungkook e ele nunca lhe deu atenção. Aposto que está inventando histórias, tentando
forçar uma aproximação, um compromisso. Porém, nem uma chantagem seria capaz de arrastá-lo ao altar.
- Talvez ela não esteja mentindo. Você sabe como Jungkook é em relação às mulheres.
- Eu sei, mas penso que você não conhece o gosto do nosso irmão. Ele aprecia mulheres sofisticadas,
vividas. Agora, Hana, esqueça este assunto e cumprimente Yuna.
- Olá, Yuna. É bom ver você outra vez. Também estou feliz por Valerie ter vindo.
Hana não mencionou que Hoseok havia lhe dito o efeito que Valerie causara no irmão naquela noite no
bar. Sim, havia algo diferente, interessante em Park Valerie e Jungkook fora capaz de percebê-lo.
- Obrigada por ter me convidado, Hana. Eu não queria impor a minha presença.
- O prazer é nosso. E então, você está gostando?
- Muito.
- Também pensamos assim. Sabe, Yuna é muito reservada no que diz respeito a você. Será que há
algum segredo?
- Não que eu saiba - Val respondeu sorrindo e mudou de assunto: - Você gosta de andar a cavalos? - Hana adora desde criança. Hoseok falou.
- Jungkook também adora mas nunca mais montou. Jungkook está amargo em relação a muitas coisas e eu gostaria que ele pudesse não
culpar a mim ou a Hoseok. Nós o amamos, mas ele parece não querer acreditar.
- Talvez ele supere tudo isso algum dia. Felizmente há muito trabalho a ser feito na fazenda e sobra
pouco tempo para se entregar às preocupações - Hoseok falou.
- E agora, Hana, que tal um pouco de música? Acho que já está na hora da começar a tocar.
A música e a dança foram extremamente divertidas, entretanto Valerie estava desapontada, pois Jungkook não voltara a aparecer. Ele a fascinava, apesar do que ouvira sobre a sua reputação. Durante os momentos em que conversaram ela tentara parecer sofisticada, segura, já que era esse o tipo de mulher que o atraía. Entretanto, ele a havia deixado e não voltara a procurá-la. Também como poderia esperar que um homem como Jeon Jungkook se interessasse por ela? Valerie dançou, sorriu, conversou, mas seu coração não estava no que fazia. Sem a presença envolvente de Jungkook, tudo perdia o sentido. Na verdade ele estava se sentindo da mesma maneira. Só havia deixado a festa porque sabia que não seria capaz de resistir à vontade de dançar com Valerie. E um envolvimento entre os dois significaria mais problemas, quando já possuía preocupações suficientes. Pensou então em dar um pulo até um bar qualquer, entretanto a perspectiva não o atraía. Parecia estar perdendo o gosto pela bebida e pelas mulheres fáceis. Talvez houvesse contraído algum tipo de vírus ou coisa assim.
Jungkook passou junto ao alojamento e ouviu a voz de Rance, seguida de risos. Era um sábado à noite e seria impossível impedir que os homens se entregassem à bebida. Mas qualquer dia desses teria que se confrontar com Rance, que não perdia ocasião de provocá-lo. O homem estava interessado em Eun e tinha ciúmes ferozes de Jungkook, quando não havia motivos para que os tivesse. Jungkook gostaria de dizer-lhe isso, porém sabia que não adiantaria nada. Ele continuou andando, a mente cheia de imagens de Valerie metida naquele vestido provocante.
Resolveu parar por alguns minutos no celeiro, a fim de dar uma olhada em duas reses doentes, pensando
como seria possível alguém mudar tanto em menos de quarenta e oito horas. Talvez fosse a sua idade...
Então a lembrança dos olhos castanhos e profundos de Park Valerie dominou-lhe os sentidos.
Praguejando baixinho, ele selou um cavalo e saiu a galope para checar uma das manadas; algo que não fazia há meses...
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Perigosa atração ;* jjk
Fanfiction"Na varanda da casa, Valerie geme de prazer. O que Jeon Jungkook está fazendo com ela é diabolicamente sensual! Pela primeira vez nos braços de um homem, a ingênua é presa fácil. De repente, ele se afasta, deixando Valerie ansiosa por mais carícias...