Emília - Introdução -

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Em uma manhã como qualquer outra na vida de alguém, acordei sem acordar, se é que é possível...

Eu tinha menos de cinco anos quanto tudo começou a acontecer e eu não sabia mais parar.

Era o conto de terror mais real que eu iria presenciar na vida e o conto de amor que eu nunca viveria realmente, ou pelo menos, achei que não...

Tudo começou com o rompimento de uma família, sua eterna ruína que a anos seguia acontecendo e eu não sabia...

Gostaria de me apresentar antes de tudo, então, prazer! Meu nome é Emília.

E essa é minha história!

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Era uma rua antiga, com vários postes de luz europeus no estilo antigo, naquela rua silenciosa e escura, onde a noite não possuía estrelas ou lua e os prédios ao redor formavam uma espécie de floresta de pedra, me via saindo desesperada de um beco.

"Ele não pode me alcançar!"

O desespero batia fortemente enquanto as lágrimas quentes rolavam por meu rosto vermelho e inchado de tanto chorar, assustada e sozinha, correndo naquela rua fria e molhada, que denunciava a chuva feroz que recém tinha caído, fazendo que os postes, agora, mandassem sua luz ao chão e refletisse com brilho e assombro naquela noite escura.

E eu, me via correndo e vez ou outra olhava para trás.

"Ele não pode me alcançar!"

Olho para meus pés e me pergunto o porquê de estar descalço e não com sapatos quentes para manter meus pés secos e proteger da aspereza do asfalto. Olho para frente e me pergunto o que faço em uma rua deserta tão tarde e correndo pela madrugada de um ser que não posso identificar.

Surge uma ponta de esperança ao ver no fim da rua, uma cabine telefônica vazia. Um semi sorriso escapa enquanto me perco entre as lágrimas que escorrem livres por minhas bochechas, olho para trás, apenas para confirmar meu medo eminente, lá está a criatura tão adorável para uns e assombrosa para mim.

Caminha em suas duas patas traseiras, enquanto sorri com perversão e frieza ao me ver assustada e frágil, tão frágil que o prazer dele é se deliciar em meu medo e inabilidade para escapar.

Aos olhos de muitos, é apenas o Garfield magro com o sorriso do gato de Alice no país das Maravilhas, para mim, é um gato magro que caminha como humano, um gato alaranjado com rajadas negras distribuídas por seu corpo e um sorriso psicopata que se estende aberto revelando os afiados dentes que pingam sem parar sua saliva sedenta por me ver aterrorizada cada vez mais.

Olho para trás e meu choro se propaga no silêncio da noite escura, mais e mais alto enquanto percebo a inutilidade da minha corrida desesperada, já que caminhando, ele permanece a mesma distância de sempre e sempre... Revelando em seus olhos o prazer inigualável de me ver aterrorizada ao tentar fugir, mesmo sabendo que é inútil tentar escapar dele.

Olho para frente e desejo com todo o meu coração alcançar a cabine telefônica e como mágica, ela fica cada vez mais perto e consigo entrar.

Retiro o telefone do gancho e disco o número de alguém.

"Alguém tem que vir... Alguém tem que me ajudar!"

Sinto um frio na espinha e meu coração parece tocar os ossos da caixa torácica enquanto sinto cada batida palpitante, olho para fora da cabine e meu medo maior se concretiza.

"ELE ME ALCANÇOU..."

Ofego. Encaro ele a centímetros do lado de fora da cabine e seu olhar entregam o prazer ao me ver congelada pelo medo de ter ele tão perto. Seu sorriso psicótico e assombroso se alarga e ele levanta o fio cortado do telefone.

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