Ausência

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“Minha alma... pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou” (Clarice Lispector) Final de tarde, mesma hora de sempre, o portão range, chega gente. O som dos passos lá fora no corredor anuncia alguém cada vez mais perto, coração aqui dentro dispara, sente dor. A porta encostada se abre para um abraço desesperado, um beijo agora amargo dá seu último estalo, lágrimas revelam no chão os restos de um coração aflito e despedaçado. Do buquê de flores que tantas vezes chegou primeiro resta na mão trêmula apenas um pedacinho de lembrança, símbolo da saudade de um amor certeiro. Silêncio, vazio, solidão... Atrás da janela, a cortina fina e amarelada pelo tempo esconde o retorcido e triste semblante de quem fica, perdida, desamparada, angustiada... resta a vontade imensa de correr distante ao encontro daquele que olhos ainda marejados veem ...ao longe. (São Paulo, 30/10/2009)

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