Capítulo 88

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Aaron

Meu pai ligou para a minha mãe, e essa era a coisa mais corajosa que ele poderia ter feito. Não sei de tudo sobre o que os dois falaram, mas meu pai falou que precisa ver ela, precisa conversar com ela e precisava que ela diga tudo para ele sobre o que aconteceu. Ele comprou um voo para ver ela na semana que vem, e a fez prometer que ela ficaria bem até lá.

Não sei como ela encarou isso. Talvez tenha ficado completamente encantada, ou aquilo a apavorou. Só sei que ela vai melhorar, porque talvez tudo que os dois precisavam era conversar com calma, e talvez minha mãe entenderá meus motivos depois daquilo.

E agora tenho certeza que ele está escondido no seu escritório tentando lidar com tudo isso. Igual eu, que estou escondido no meu quarto criando coragem para consertar o maior erro, ou acerto da minha vida. E é isso que eu vou descobrir agora.

Olho para o outro lado da rua, a casa da Jess. Sinto meu coração acelerar. Talvez seja de adrenalina ou medo, ou apenas à vontade que eu estou de vê-la.

Eu desço as escadas e suspiro. Nunca vou me perdoar por ter feito aquilo se ela não me aceitar de volta.

Abro a porta da minha casa pronto para bater na porta da casa dela e talvez ser expulso pelos seus pais, novamente. Mas para a minha surpresa, no momento que eu abro a porta da minha casa, a Jess está parada na minha frente com a mão levantada, pronta para tocar a campainha da minha casa.

Quando a vejo, no meu rosto não tem outra coisa a não ser surpresa, mas quando eu percebo o jeito que ela me olha, sou tomado pelo arrependimento e a vontade de tomá-la em meus braços.

Seus olhos estão vermelhos e ela não usa nenhum pingo de maquiagem. Está perfeita como o de costume, exceto que desta vez ela está triste.

Fico paralisado. Não sei o que dizer ou fazer. Não sei se a convido para entrar ou apenas faço o que eu quero mais fazer neste mundo, que é beija-lá e dizer a ela que eu nunca mais a deixaria ir novamente, mesmo que seja apenas por algumas horas. Mas prefiro agir naturalmente, já que isso pode ser um pouco rude neste momento.

"Você estava saindo?" Ela pergunta. Sua voz é baixa e tímida, mas seus olhos me encaram com tanta profundidade que quase me fazem perder a fala.

"Não estava indo para lugar nenhum." Sinto minhas mãos suando, suando tanto que acho que qualquer coisa que eu pegasse agora iria cair. "Entre."

Jess dá três passos lentos para frente e fica de costas para mim. Ela observa a minha casa em detalhes. O acabamento do chão ou das paredes, o jeito que os móveis estão posicionados e a altura das paredes, tudo é medido pelos olhos dela. Ou talvez ela apenas não queira olhar para mim.

"Eu sei que vim por algum motivo," ela diz, e ouço sua voz rachar. "Mas eu não sei qual é, não me lembro."

Vou até ela e olho no seu rosto. Ela está chorando. Porra. Eu fiz a Jess chorar, de novo.

Eu quero tanto abraçá-la, quero tanto.

Mas ela se afasta se mim novamente e se senta na ponta da escada.

"Jess," eu chamo, indo até ela novamente. "Acho que eu sei um lugar melhor pra você se lembrar."

Estico minha mão e espero que ela segure a segure, que ela me toque e sinta minha pele. Eu preciso sentir a pele dela, preciso saber que ela está bem.

Então sinto sua mão encontrar a minha e sinto um arrepio percorrer o meu corpo inteiro. E essa é a sensação mais bela e assustadora que alguém poderia ter, apenas sentir na pele o que acontece dentro de mim, sentir meus sentimentos literalmente a flor da pele. Sentir de uma maneira física algo que dizem que é apenas psicológico.

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