DIGA MEU NOME

Capítulo 61

Aaron

Depois de tanto tempo sendo ignorado, me dei conta de que a Jess realmente não me quer na sua vida, o que é estranho, já que foi ela quem disse que sentia algumas coisas por mim. Eu já estou cansado de tentar entendê-la, sei que ela não quer que eu entenda, então não sei porque continuar. Mas mesmo assim continuo tentando.

Seus sentimentos são mais confusos de entender do que a história da humanidade. Praticamente impossível de descobrir o que está por trás ou o que aconteceu e ainda acontece por lá. Se ela acha que eu sou um cara difícil de entender, ela deveria dar uma olhada no espelho.

Meu pai me pediu para faltar a aula hoje para eu ir com ele até a empresa. Quando ele veio até mim, aceitei logo de cara. Seria uma ótima oportunidade para eu tirar essa tensão dos meus ombros por pelo menos um pouco, e também para limpar a minha mente, que não fica um segundo sem pensar na Jess e no que ela está me fazendo passar ultimamente, mas não ir para a escola não adiantou tanto.

Já fazem algumas horas desde que fui embora da empresa e cheguei em casa. Fiquei praticamente a manhã toda andando com ele e o vendo trabalhar. Cada detalhe e cada palavra que ele dizia era observada cautelosamente por mim, para eu aprender seus movimentos e aprender a comandar algo tão grande como ele faz.

Sei que um dia eu provavelmente vou herdar tudo aquilo, e as vezes me sinto culpado por ter algo tão grande em minhas mãos sem ao menos merecer. Sou mais afastado dos negócios do meu pai do que deveria, e sei que meus conhecimentos sobre o que acontece lá dentro são muito ralos comparados ao o que eu deveria saber, mas espero trabalhar mais neste quesito ao ir para faculdade, que pretendo fazer aqui mesmo na cidade, perto do meu pai, da empresa, e do que mais importa.

Eu poderia ter ido para a escola e assistido pelo menos as ultimas aulas do dia, mas decidi tirar este dia para não ver ninguém, por mais que gostaria de ver um certo alguém. Mas esta pessoa não quer me ver de qualquer maneira, não iria adiantar eu ir para lá hoje ou qualquer outro dia por causa dela.

Me deito na minha cama e encaro o teto. Minha mente anda turbulenta demais nesses últimos dias, e por conta disso não espero conseguir dormir ou relaxar, então eu apenas fecho meus olhos e apoio minha cabeça em cima das minhas mãos.

Não encontro a paz total no meu corpo, mas sinto que estou descansando, o que não é nada muito interessante ou tão reconfortante o quanto eu esperava.

Entretanto, meus minutos de silêncio são brutalmente assassinados quando a porta do meu quarto se abre com uma pancada forte e rápida. Quase como um Band-Aid sendo arrancado rapidamente de uma ferida ainda sangrenta.

Abro meus olhos e levanto meu corpo como um reflexo rápido. Então eu a vejo, e por incrível que pareça ela não está me ignorando. Ao contrário, ela veio até mim. Jess está no meu quarto.

Coloco os pés no chão, mas continuo sentado na cama. Não sei se devo levantar e ir até ela. Não sei se ela está esperando um oi ou um tudo bem, mas não teria como eu dizer isso a ela como se as coisas estivessem normais entre nós, que claramente não estão.

Jess fica em silêncio até chegar na metade do quarto. Ela olha para os seus dedos, seus dedos que não param de se mexer um contra o outro. Ela está ansiosa.

Ela olha para mim e respira fundo, como se fosse encarar seu pior inimigo agora, como se aquele fosse seu último suspiro como uma pessoa normal. Como se depois de me dizer o que ela veio dizer, ela iria se tornar uma pessoa insana, louca, completamente fora de sua realidade, completamente diferente do que ela estava acostumada. Quase como se ela estivesse se desafiando, mas ainda pior.