Prisioneiro

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Assim que Louis contou esta parte da história, JJ reagiu com pesar. Seu olhar ficou perdido em direção ao brilho que vinha do lago como se buscasse um alento para o que ouviu. Enquanto seu peito subia e descia pela respiração acelerada, apertou as mãos demonstrando ansiedade.

─ Nossa, que triste. Taehyung deve ter ficado arrasado com tudo isso e também muito preocupado. Seu pai fingiu que nada ouviu por não acreditar ou só quis negar a realidade dos fatos?

─ Acredito que sua maior preocupação era saber como estava o Jungkook. – o senhor grisalho concorda. Pelo que já ouviu do Kim, nas poucas páginas que lhe foram lidas daquele livro, percebeu que ele não deveria estar em paz sem noticias de Jungkook.

─ É verdade, mas a reação de seu pai não o deixou com medo de ser rejeitado? Um homem conservador como ele tendo uma revelação destas vinda de seu único filho, eu temeria.

─ Acho que Taehyung acreditou que ele não fosse capaz de uma atitude tão drástica. Sabia que seu pai era seu melhor amigo assim como ele era o seu. Provavelmente só teria que fazer o velho Kim entender que seus sentimentos eram verdadeiros e puros.

─Ah, sim. Eles realmente eram bons amigos, mas o que aconteceu depois que ele embarcou, conseguiu achar o Jungkook?

─ Para responder a sua pergunta, precisamos continuar a leitura.

{...}

O navio deslizava por aquele imenso mar tranquilamente. Sim, o mar.

Água, somente água era o que se podia ver para todos os lados, nem mesmo um pedaço de terra era vista ao horizonte. E era isso que Jungkook vislumbrava cada vez que abria seus olhos e corria para a janela de sua cabine na esperança de que tudo que estava vivendo não passasse de um sonho ruim.

Mas bastava olhar para a imensidão e só conseguir ver água sem ter um ponto de referencia de onde estaria que voltava a realidade tendo certeza de estar acordado. Sentia-se como num pesadelo onde mesmo esfregando os olhos não acordava sentindo que não tinha previsão para acabar.

Era exatamente isso que Jungkook fazia todas as manhãs ali naquele lugar: levantava, via a cama da mãe vazia, abria a grossa cortina que cobria a pequena janela, olhava para a água que mostrava borbulhas causadas pelas hélices abaixo do navio e fechava o tecido buscando se acalmar. Voltando a cama fechava os olhos pedindo que ao acordar tudo estivesse diferente adormecendo novamente em segundos.

Situação anormal para o Jeon. Logo ele que nunca foi de ter sono desde que entrou forçado naquele navio só o que fazia era dormir.

Quem o visse naquele estado provavelmente não o reconheceria. Em sua casa tinha um apelido dado pelos empregados, era conhecido como o garoto da noite. Aquele que passava inúmeras noites acordado quase sempre sentado no telhado de onde via o sol nascer sem conseguir ter algumas horas descentes de descanso. Estava tão acostumado com aquela rotina que já não estranhava mais ouvir os ponteiros do relógio avançando. Era como se eles já fizessem parte de si.

Só que assim como em casa, Yang Mi nunca estava presente quando Jungkook abria os olhos e passou a dificilmente estar ali quando este deitava ao anoitecer.

Ele estava abandonado naquela cabine como se fosse um prisioneiro no cativeiro. Seu corpo estava dolorido, as dores de cabeça que tanto lhe incomodavam em casa estavam mais fortes, cada dia mais intensas o deixando enjoado. E como se já não bastassem os sintomas físicos a sensação de solidão que dominava sua mente só o fazia sucumbir a vontade de deitar e fechar os olhos sentindo o peito apertar pela tristeza dos fatos: não veria mais Taehyung nem ele saberia o que lhe aconteceu.

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⏰ Última atualização: Mar 29, 2020 ⏰

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