O mistério que me ronda

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O sinal do fim da aula tocou. Harry não esperou e saiu correndo da sala, onde estava prestando curso de engenharia. Ele não queria conversar com ninguém a respeito sobre a matéria e do que iria cair no exame final.

Havia acordado de um sonho vivido. A sua estranha marca de nascença em forma de raio ardeu como se alguém tivesse pegado uma agulha quente e tatuou sem anestesia. Harry tentou se lembrar do sonho depois de acordar enquanto fazia suas atividades do dia. Parecera tão real.. sua mão estava apertando a haste de uma taça e tinha alguém segurando o outro lado da taça que ele tinha a estranha sensação de que conhecia tão bem... ele se concentrou, tentando se lembrar...

Veio em sua mente a imagem pouco nítida de um cemitério ... havia gárgulas assustadoras e uma voz rouca e doce chamando seu nome... a voz de Cedrico Diggory. Só de pensar nele, Harry teve a sensação de que algo muito ruim iria acontecer...

Fechou os olhos com força e tentou se lembrar a aparência do Cedrico. Se estava bem , mas foi impossível ...tudo que Harry sabia era que , tinha que proteger Cedrico e jamais poderia pensar em se aproximar dele.

Harry desceu as escadas e finalmente chegou ao estacionamento, pronto para subir na sua moto Honda CB 250 quando sentiu um toque em seu ombro, que causou um formigamento em todo o seu corpo.

Levou um minuto para ele pensar que nada de ruim iria acontecer. Que aquele estranho sonho era nada mais do que uma bobagem da sua cabeça. Mas, quando ele se virou ... tudo foi por terra abaixo quando deu de cara com Cedrico, com um sorriso enorme estampado em seu rosto.

Harry se sentiu atordoado. Entorpecido. Sem dúvida estava sonhando outra vez. Engoliu em seco.

- Então – disse Cedrico ainda sorrindo. - Conseguiu prestar atenção na aula do maquiavélico Tom Riddle?

-Com certeza! – mentiu Harry, com o rosto corado. Na realidade ele não conseguiu prestar muita atenção na aula.

Seu amigo Rony tinha ligado querendo sua ajuda para escolher o que vestir numa balada, que ele iria com sua namorada, Fleur Delacour. Ele odiava quando Rony fazia isso. Ele nunca ligava preocupado, perguntando se estava tudo bem em sua vida pessoal. A sua cabeça estava em uma desordem total, como se o seu cérebro tivesse sido sequestrado.

-Então... Por que não vem comigo numa cafeteria e me explique sobre a aula de hoje? No duro, acredito que você está precisando muito de aulas de reforço para conseguir se dar bem com essa matéria.

Harry sentiu como se uma pedra de gelo estivesse descendo em seu estômago. Se lembre da promessa de se afastar dele !

-Não vai dar. – disse erguendo os olhos para o rapaz. - Tenho um compromisso urgente. Estou sendo sincero.

-Ah ... tá. – respondeu Cedrico. Harry percebeu que Cedrico não acreditou em sua desculpa esfarrapada. – Bom ... a gente se vê por aí, então!

Cedrico se virou e rumou em direção a cafeteria da faculdade. Estava passando na televisão o jogo da liga dos campeões.

Será que se ligasse para Hermione, ela iria acreditar nele ou iria dizer que aquele pesadelo não passava de uma bobagem criada de sua cabeça?

Depois que ligou o motor, Harry se sentou na garupa da sua moto e ficou encarando a passagem, visualizando as cenas horríveis que já havia sonhado acontecendo com Cedrico, sentindo o vento frio e libertador passar em seu corpo.

Ao chegar em casa, Harry guardou sua moto na garagem. Tentou passar despercebido pelo hall de entrada e a sala de estar onde seus pais estavam assistindo um filme. Por sorte, o filme era tão interessante que eles não perceberam a presença do filho. Satisfeito de não ter sido pego em flagrante pelos pais, Harry se jogou em sua cama. Estava tão exausto, que não se sentia disposto a se levantar e tomar banho.

Digitou o número da Hermione , mas caia direto na caixa postal. Harry pensou que seria melhor não preocupar Hermione com um algo bobo. E ele não queria conversar com o Rony sobre o assunto. Rony não era capaz de diferenciar uma agulha de um prego na parede.

Sua cabeça se aconchegou no macio travesseiro. A cama estava tão gostosa que seus pensamentos acabaram ficando quietos no fundo da sua mente. Seus olhos ficaram pesados de sono e Harry caiu entorpecido nos braços frios de Morfeu.

****************

Harry dormiu muito mal na noite anterior. Havia sonhado que Draco Malfoy estava enfiando a sua cabeça na privada do banheiro masculino no ensino médio e todos os colegas rindo. Quando acordou na manhã de sexta – feira, ele pensou seriamente, pela primeira vez em sua vida, em trancar a faculdade.

Mas quando viu o sorriso zombeteiro de Tom Riddle, seu professor de cálculo avançado atravessando o corredor e indo para a sala dos professores, e pensou no que significava abandonar o curso, compreendeu que não poderia fazer isso.

Era o seu sonho ser engenheiro e também fazia seus pais felizes.

Por amar tanto sua família, era muito melhor encarar a sua consciência gritando para se afastar de Cedrico do que o mal humor de seus pais.

Quando Harry chegou ao pé da escadaria, a sua mochila se rompeu. Cadernos, livros e canetas se espalharam pelo chão.

-Me deixe te ajudar, meu amigo. – disse Cedrico em um tom calmo, se abaixando para ajudá-lo .

Isso era exatamente o que Harry não esperava que fosse acontecer.

-Oi – disse ao Cedrico.

- Dia difícil? – perguntou Cedrico, olhando fundo em seus olhos.

-Ultimamente tenho sonhado com você assombrando –me e dizendo que tudo vai ficar bem. – declarou Harry depressa.

Cedrico arregalou os olhos com aquela declaração. Harry teve vontade de enfiar a sua cabeça em uma lata de lixo. Que história era aquela de cantar a música Dark Paradise de Lana Del Rey para o Cedrico?

- E verdade, Harry? E por isso que você está com essa olheiras embaixo dos olhos.

-É melhor eu ir andando. – disse Harry pegando todo o seu material com os dois braços, e a mochila rasgada no ombro – sua companheira desde a escola, e começou a andar envergonhado.

Cedrico acompanhou o Harry. E estava fitando ele atentamente, como se quisesse decifrar cada pensamento que se passava.

-É por causa desses sonhos que não me queria como amigo? E foi por isso que não queria ir comigo a cafeteria ontem? – perguntou.

Harry olhou – o sem acreditar.

-Me deixe em paz , Diggory! – exclamou e entrou na sala. Sendo seguido pelo Cedrico, que sentou na carteira ao seu lado.

Cedrico continuava a olhar preocupado com Harry.

-Venha na lanchonete pegar um café, Harry. – rosnou Cedrico. – Você parece cansado demais. Vai querer dormir na aula do Lorde das Trevas?

Harry engoliu em seco , não tinha onde fugir. Ele acabou acompanhando o colega, se perguntando o que iria acontecer.

O dono do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora