Jealous

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-Harry, o que achou da Cho?

Harry colocou a mão em seu cabelo para ajeitá-lo , tentando disfarçar o ciúme que sentiu ao ver a garota oriental se sentando ao lado do Cedrico. Ele havia olhado a mesma de cima para baixo, desconfiado.

Haviam se passado dois meses estudando sozinho com Cedrico. Houve uma mudança em determinado momento – Harry estava ficando confortável com a presença de Cedrico. Ficaram mais íntimos um do outro. Devia ter se lembrado de um antigo ditado :- " Tudo que é bom dura pouco". Droga!

Tinha tantas expectativas de que iria estudar sozinho com Cedrico em plena quarta – feira. Mesmo que odiasse com todas as forças a quarta-feira. Só de ver o Cedrico numa quarta –feira fazia Harry não sentir nenhuma pitadinha de ódio.

Queria fazer perguntas de onde ele conhecia a Cho, porque havia chamado ela ali e se ela era namorada dele , mas Harry resolveu morder a sua língua e não fazer isso.

-Não sei, conheci ela hoje e foi tão rápido... Ela pareceu gentil e bonita.

Cedrico não conseguiu esconder a sua cara de decepcionado.

-Só isso? – estranhou.

O coração de Harry sentiu uma pontada de tristeza. E se os dois são mesmo namorados, por que Cedrico me olhava de um jeito diferente?

-Que deveria sair com ela.

-Acha mesmo que devo sair com ela?

- Sim, se você gosta mesmo dela. Deveria combinar com ela de ir num restaurante badalado e jogar conversa fora.

-Isso não te incomoda, não né? Deixa para lá. Nem sei porque eu fiquei chateado com sua resposta. Até amanhã, então.

O resto do tempo Harry ficou repassando a situação, imaginando o que poderia ter dito de diferente. Nem se lembrou da prova de Cálculo Avançado. Nem viu o dia sair de cena para dar lugar a noite. Quando deu por si, já se passava das sete horas da noite. Estava atrasadíssimo. Não podia mais perder mais nenhum minuto.

Já estava na porta se despedindo de seus pais, quando seu celular tocou.

-Alô? – já pensando que fosse o Cedrico.

-Harry , é a Hermione. Desculpa em demorar para atender você.

-Oi! Escuta, eu estou atrasado. Vou precisar pegar um tráfego na pista. Será que poderia me ligar as dez e meia?

-Caramba! Pode deixar, fofucho. Até mais.

- Até. – E desligou, feliz e ao mesmo tempo decepcionado.

Harry enfiou o celular no bolso da calça jeans.

***************************

Hermione mandou cinco mensagens para Harry na primeira aula. Duas na segunda. Harry precisou esperar e responde-las na hora do intervalo. Ela queria saber como era levar a sério os estudos na faculdade, como estavam seus pais, se Rony ainda andava conversando com ele e se podiam combinar de assistir um filme juntos na sexta –feira.

Ele topou na hora o convite de passar um tempo com a sua melhor amiga assistindo um filme. Hermione visualizou sua resposta e mandou um emoji sorridente.

Harry deu uma risada de leve com a foto de sua amiga, mas teve a sensação nítida de que algo dentro dele estava mudando antes mesmo que ele pudesse entender o que era. Se ele pudesse entender o que era. Sentia que algo estava errado, e ele sabia disso, mas tinha medo demais de perguntar para si mesmo do que se tratava. Não percebeu que havia permitido o amor entrar pela porta de seu coração e o perigo de ter se apaixonado pelo único que queria salvar dele mesmo. Ele fez aquilo que jurou a si mesmo que nunca faria, aquilo que ele odiava ver em um relacionamento - ser egoísta, ciumento e apegado.

Quando chegou em casa, sua mãe estava esperando com uma xicara de chá de hortelã fumegando. Ele perguntou como havia sido o dia dela . Ela contou sobre o como o dia foi corrido para pagar as contas , limpar a casa e comprar remédios enquanto Harry ingeriu em pequenos goles o chá. Quando terminou ele deu um beijo no alto da cabeça de sua mãe.

-Boa noite , mãe.

-Filho, espera. Quero conversar com você!

E Harry sentiu um frio de estarrecimento passar pelo seu corpo todo. Ele não fazia ideia do que esperava com aquela conversa. Conhecia sua mãe muito bem, mas as vezes ela conseguia ser uma caixinha de surpresas.

Voltou a se sentar na mesa de jantar e o silêncio caiu sobre ambos, as mãos de sua mãe se entrelaçaram com as suas. Seu rosto refletia o mais puro amor pelo seu único filho.

-Você está bem? – finalmente ela perguntou. Quando ele entendeu , lágrimas traiçoeiras escorregaram de seus olhos. Olhos idênticos de sua genitora.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo, mãe. Estou sentindo uma dor estranha em meu peito que não sei explicar.... parece que ele vai explodir aqui dentro.

-Mamãe sabe muito bem o que está acontecendo com o seu coração. Está apaixonado pelo seu amigo Cedrico, querido.

Harry sobressaltou os olhos.

-Como... – ele começou.

-Escuta , eu disso muito bem porque fiquei exatamente assim desse jeito quando me apaixonei pelo seu pai. Mamãe ficou muito preocupada com você. Você não foi tomar café e então entrei no seu quarto hoje pela manhã para ver o que estava acontecendo e não gostei do que vi. Seu rosto parecia uma estatua de gelo , não se mexia ou sequer respirava direito. Estava olhando fixamente para o espelho como a Elizabeth do filme Orgulho e Preconceito , meu filme favorito. Você nem ouviu que eu havia entrado no quarto.- disse Lilian em voz baixa . – Resolvi averiguar para ver o que estava acontecendo com o meu menino.

- Como descobriu que a razão do meu estado era o Cedrico?

-Liguei para a Hermione. Ela me mandou uma foto dele para mim. Filho, ele é tão lindo. Se eu não fosse sua mãe .... eu o roubaria para mim.

Harry corou de leve e ficou em silêncio.

-Me responda para mim. O que você sente por ele é muito forte?

-Eu sinto que sim, mãe. Me desculpe por não ser o filho que esperava que eu fosse um dia.

-Não diga essa bobagem. O que importa é a sua felicidade e que você é você. E eu vou amar você não importa o que aconteça.

-Tá bem , mãe. Eu também te amo e não me importo que você escolheu se casar com o nerd que se tornou meu pai.

Lilian Potter abriu um sorriso espontâneo e abraçou bem apertado seu filho. "O meu menininho cresceu e se tornou um homem lindo e maduro", pensou ela.

-Só me prometa que irá apresenta-lo logo, entendeu?

-Prometo, mãe.

Ela agarrou o rosto do filho e beijou as duas bochechas.

-Durma com os anjos , meu querido.

-E quanto ao papai?

- Vamos conversar com ele amanhã cedo, tá bom?

Harry acenou com a cabeça, desejou mais uma vez boa noite a sua mãe e subiu as escadas indo em direção ao seu quarto.

Tinha dado apenas alguns passos quando levou a sua mão em direção ao seu coração. Harry ouviu as batidas enquanto se deitava e fechava lentamente os olhos. "Então, essa é a gravidade do amor.", pensou consigo. E adormeceu com a mão presa em seu peito. 

O dono do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora