A campainha da porta tocou. Cedrico largou seu livro de ficção cientifica no sofá e se dirigiu até a porta rápido como uma coruja caçando um rato na escuridão.
Quando Harry finalmente chegou na casa dos Diggory, já estava chovendo torrencialmente. Ele havia esquecido de colocar sua capa de chuva e um guarda -chuva no compartimento da sua moto. As suas roupas ficaram completamente encharcadas.
Ao abrir a porta para o Harry entrar, Cedrico ficou surpreso e contente. O menino não deu um bolo.
-Bom dia, Harry. Parece que a chuva atrasou você.
-Lamento muito, Cedrico. Parece que a previsão de ontem estava errada. Disse que seria um dia ensolarado.
Harry olhou para o chão e se assustou ao ver a enorme poça que estava se formando embaixo dos seus pés. Cedrico resolveu não perder tempo e pegou uma toalha seca e verde, e envolveu o corpo do Harry com ela.
Harry ficou calado e olhou para o carpete da entrada. Era vermelho assim como sua vergonha deixando rubro as suas bochechas. Um ligeiro espasmo passou em todo em seu corpo e engoliu em seco.
Harry correu os olhos pelo corredor procurando pelos pais de Cedrico, mas parecia que eles estavam sozinhos. O que era estranho e assustador.
-Ei ... Harry!
Era Cedrico chamando sua atenção de seus pensamentos. Harry acabou imaginando que ele havia escutado sua conversa interior.
-Pois não? – respondeu com frieza, quando o rapaz se aproximou –ficando perto demais. A cinco centímetros. Perto demais para beijar os lábios dele.
Harry sentiu seu coração palpitar como se quase fosse sair pela boca.
Cedrico resolveu não gastar sua saliva e pegou na mão de Harry. A mão dele era tão quente, pensou Harry. E se encaixava perfeitamente com a dele.
Os olhos do Cedrico estavam brilhando, e passou a sensação do sonho de que tudo iria ficar bem. Harry ficou olhando para ele, como se fosse seu campeão.
Cedrico tornou a abrir um sorriso singelo para Harry e apertou mais forte a sua mão como se não quisesse soltar nunca.
A porta do banheiro foi aberta revelando um aposento modesto e com muito conforto. Tinha um box com chuveiro que caberia quatro pessoas dentro e uma cortina de tom escuro. Harry pode ver pela janela que a chuva açoitava o mundo lá fora. Como ele queria que aquela força da natureza cessasse um pouco quando fosse embora para casa.
-Então... – disse Cedrico, indo até o banheiro e se virando para encarar o Harry, como se estivesse prestes a lhe dizer que ia fugir da faculdade e viver viajando num circo.
-O quê?
-Eu ia dizer para que você tomasse banho nesse banheiro. Tem toalhas secas para você no armário que fica debaixo da pia. E vou trazer algumas roupas secas. Sugiro que não tranque a porta, tá bom?
-Eu não posso aceitar, Cedrico...
-Você precisa, Harry. Você não lembra do que fez por mim?
Numa fração de segundos Harry acabou se lembrando de mais detalhes do seu sonho. Cedrico não mentiu. E no fundo sabia porque tinha o salvado. Salvou –o tantas vezes porque o Cedrico era querido por todos e mais atraente do que ele.
Mas no fundo, ele não queria aturar isso. Teria sido melhor ter ficado em casa do que passar por uma humilhação como essa.
Esse era um dos grandes defeitos do Harry – o orgulho.
Cedrico soltou um profundo suspiro e foi pegar as roupas secas.
Sem perder tempo, Harry tirou apressadamente todas as suas roupas e se sentou nos ladrilhos do box. Pareciam como um tabuleiro de xadrez. Um preto e um branco.
-Harry, trouxe as roupas. Vou deixa-las na tampa da privada, está bem?
-Ah, tá bom.
Quando Cedrico fechou a porta, Harry se levantou, abriu a torneira do chuveiro e água quente começou a escorrer e esquentar o seu corpo frio. Um suspiro de felicidade escapou quando seu corpo começou a esquentar. Harry fechou os olhos com força e reabriu –os para ter certeza de que não estava imaginando coisas.
Havia imaginado que Cedrico estava sentado na tampa da privada olhando – o tomar banho como se fosse seu melhor amigo ou algo mais. Com os olhos afetuosos e gentis, ele entraria no box ainda vestido e tocaria com as duas mãos no rosto molhado de Harry e beijaria –o como se estivesse com sede dos seus lábios.
-Devo estar ficando louco! – disse para si mesmo em voz alta e sacudiu a cabeça para espantar aquela imagem.
O seu coração começou a palpitar pesado em seu peito. Estava ficando difícil de respirar. Começou a achar que havia ficando doente. Harry estava sentindo que não conhecia mais a sua mente.
Tateou à procura dos óculos na saboneteira, colocou-os e se sentou na tampa depois de vestir as roupas. Sem perder um minuto, ele se olhou no espelho. As roupas não estavam ruins. Uma calça azul escuro de algodão e um suéter verde.
Com uma certa apreensão, Harry saiu do banheiro trajando as roupas secas como se estivesse nas nuvens. Sem o peso das roupas molhadas e pesadas.
Cedrico estava concentrado lendo seu livro quando ouviu a porta do banheiro se abrir. Ergueu os olhos quando Harry chegou na sala de estar , vestindo suas roupas antigas. Um sorriso brotou no rosto de Cedrico.
-Esse suéter te caiu muito bem, Harry. Realçou a cor dos seus olhos. – Cedrico elogiou ligeiramente encabulado.
Harry sorriu em resposta, envergonhado.
-Obrigado.
Harry teve a sensação de que uma flecha de ouro do cupido fora cravada irresistivelmente para mais fundo do centro do seu coração. "Isso não é possível. É coisa da minha cabeça!", pensou.
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Harry estava lendo e resolvendo os problemas de cálculo avançado com sua calculadora. Segurava firme seu lápis enquanto rabiscava a forma até que conseguiu chegar ao resultado do último exercício do livro .
Estralou as suas costas e braços como se fosse um velho, mas feliz de ter conseguido resolver os vinte exercícios passados pelo Cedrico.
Ainda estava chovendo muito. Cedrico pegou o celular e pediu dois combos de fast - food pelo aplicativo. E Harry ligou para sua mãe que esperaria a chuva passar para voltar para casa.
-Me fale uma coisa boa e uma ruim.
-Para quê , Cedrico?
-Para fazer o tempo e a chuva passarem depressa.
-Hmmmm – Harry tomou um gole de água, pensando. –Coisa boa. Ah! Eu adoro cantar raps como Alphabet Aerobics. E a coisa ruim é que detesto quando grupos de rock se separam, cara.
-Então você não detestou que o grupo One Direction se separou?
Harry fez uma careta.
-Coisa ruim. – Cedrico disse. – Odeio todos os filmes do Woody Allen, tirando meia –noite em Paris. Porém, queria que ele tivesse trocado o Owen Wilson pelo Tom Hiddleston no papel de protagonista. E a coisa boa é que adoro tocar piano e violão.
-Concordo sobre o Owen. Odeio aquele tom de voz nasalado principalmente quando ele fala wow.
Os dois riram.
Harry anota em seu bloco de notas mental que Cedrico consegue ser engraçado.
A comida havia chegado e conversa entre os dois acabou se aprofundando. Eles ficaram falando sobre suas comidas favoritas, livros , séries e músicas. A conversa estava tão boa que os dois não viram o dia passar.
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O dono do meu coração
RomansaA semana de Harry Potter estava péssima . Tirando notas ruins em Calculo Avançado e pesadelos horríveis com o seu colega de classe Cedrico Diggory , o aluno brilhante com notas altas. Harry queria fazer de tudo para esquecer o que estava sentindo p...