Existem momentos em que você para, pensa. Para de novo, pensa de novo. E então, só então, chega a conclusão de que aquele em que você convive todos os dias, aquele em que magoa e destrói tudo o que toca e todos ao seu redor, é o seu verdadeiro eu. Um sorriso não demonstra felicidade, assim como lágrimas não demonstram total tristeza. Podem ser verdadeiras, ou não. De alegria, ou não. Você nunca saberá, uma vez em que o seu eu interior pode entrar completamente em contradição com o seu eu exterior.
E Jungkook pensava aonde, em que mundo estava quando se permitiu tratar com total crueldade o seu pequeno ômega. Em sua mente martelava os seus primeiros momentos, o primeiro e doce beijo, o primeiro toque íntimo até o primeiro "eu te amo" que nunca fez tanto sentido quanto agora. Sentia saudade do ômega em seus braços, dos fios rosados e macios fazendo cócegas quando entravam em contato com a sua pele. Do sorriso largo, do abraço quente, do corpo pequeno que envolvia o seu quando chegava tarde. Perguntava-se o que lhe motivou a fazer tudo aquilo, questionava-se sobre o homem que se tornou. Aquele não era o alfa que jurou amar o pequeno ômega, que jurou honrá-lo e disse-lhe palavras bonitas em seu casamento. Sentia-se sujo, sua índole torturava-o por dentro e deixava-o a beira da insanidade. Naquele momento, percebia o quanto doía ter um ômega arrastado dos seus braços, ou ainda pior, um ômega que partiu sem volta por vontade própria.
Era o que ele acreditava.
Questionava-se se o certo seria não desistir, se deveria continuar e lutar pelo ômega que um dia chamou de seu. Se mandava a merda toda a história, aceitava o grandíssimo filho da puta que era ou se humilhava pela volta do seu garoto. A falta do ômega lhe consumia, sua vida não era a mesma e o alfa se quer saia de casa. Todas as suas noites, bebidas, mulheres e até mesmo outros homens, nada havia valido a pena. Jungkook sofria, chorava, seu coração era esmagado dentro do peito e cada parte do seu corpo clamava pelo corpo do seu menino. Mas aquilo não era de todo ruim, o alfa aprendia a cada dia mais a se tornar alguém verdadeiro e aquilo lhe motivava a ir atrás do seu amado. Entenderia se não fosse perdoado. Ou não. Mas que grande piada é este pensamento, Jungkook nunca aceitaria estar longe do pequeno ômega tão amado por si. Mas não o traria de volta a dor, ao sofrimento, a traição. Viveria inconformado, mas jamais forçaria a Jimin a continuar consigo.
E o pequeno Park não estava diferente.
Os fios rosados balançavam-se e caiam suavemente em sua testa, resultante do vento gélido que entrava pela janela e fazia com que eles espalhassem-se por seu rosto. As mãos pequenas dobravam o lençol da cama, os olhos estreitos e castanhos piscavam sonolentos e o ômega sentia saudade. O corpo pequeno não demorou a ser embalado pelas cobertas grossas, o travesseiro não demorou a ser abraçado e os pensamentos não demoraram a invadir a sua mente. Jimin tinha medo, não se sentia pronto o suficiente para se entregar a um novo amor. O seu coração, alma e corpo ainda clamavam pelo alfa moreno. Os olhos encheram-se de lágrimas e o travesseiro foi ainda mais pressionado ao peitoral estreito, as lágrimas caiam pelas bochechas fartas e molhavam o tecido. Embora tenha total convicção de que o que fez foi certo, que deixá-lo havia sido a sua melhor opção, o seu coração ainda apertava e chamava pelo corpo quente e grandioso que lhe enlaçava para dormir. Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu o ranger da porta, virando o seu corpo e capturando a imagem pequena de Hyosun, perfeitamente abraçada com um urso de pelúcia maior que si.
— Jiminnie oppa?
Perguntou, a voz soando manhosa e carinhosa enquanto adentrava o quarto do tio. Subiu em sua cama, enfiando-se entre os lençóis e aproximando-se do ômega.
— Diga, Hyo.
A voz do pequeno Park soou atenciosa, seus dedos pequenos adentraram os fios lisos e macios da alfazinha, e seus lábios alcançaram-lhe a testa em um beijo suave.
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I took you away from me. //jikook
FanfictionOnde Jeon Jungkook era um alfa festeiro, sem responsabilidades e que se achava pertencente ao mundo. Enquanto seu ômega marcado vivia sozinho, com saudades e implorando pelo carinho de seu alfa. mas e se tudo mudasse? e se o pequeno ômega encontrass...